Ibovespa Fecha em Alta e Flerta com 129 Mil Pontos, Enquanto Dólar Encerra Semana em Queda

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O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira (14), recuperando os 129 mil pontos no melhor momento, com as blue chips Vale, Petrobras e Itaú registrando ganhos expressivos, enquanto Natura&Co foi destaque negativo após divulgação de resultado, com um tombo de 30%, perdendo R$5,6 bi em valor, após resultado trimestral. Diante da solidez do índice e o apetite dos investidores globais por ativos de maior risco, o dólar encerrou o pregão em queda de quase 1% e abaixo de R$5,75.

Por trás do movimento de busca por por ações e divisas de países emergentes estavam fatores como o avanço das negociações para o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, o acordo fechado para uma reforma fiscal na Alemanha e a percepção de que há espaço para recuperação das ações nos EUA, após o movimento recente de liquidação de papéis.

Ao longo do dia, o dólar oscilou em baixa ante o real, puxado por sua queda no exterior. No final do pregão, a moeda americana à vista fechou o dia em baixa de 0,90%, aos R$5,7451, menor cotação desde 26 de fevereiro, quando encerrou em R$5,7450. Enquanto o Ibovespa avançou 2,64%, a 128.957,09 pontos, máxima de fechamento desde 11 de dezembro do ano passado. Na semana, o índice acumulou uma valorização de 3,14%, somando ganho de 5,01% no mês. Já o dólar registrou baixa de 0,76%.

Contexto favorável

Na visão do gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, o desempenho positivo das ações brasileiras encontrou suporte em uma combinação de eventos, sendo um deles o alinhamento entre EUA e G7 para pedir à Rússia que aceite um cessar-fogo na Ucrânia.

Mas ele também apontou o acordo histórico na Alemanha para uma reforma fiscal a fim de reforçar a defesa e impulsionar o crescimento da maior economia da Europa, bem como um certo ceticismo com as ameaças tarifárias mais agressivas do presidente americano, Donald Trump, após tantas mudanças de opinião.

Cunha também chamou a atenção, no Brasil, para mais uma pesquisa mostrando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdendo popularidade, embora o governo tenha confirmado que apresentará na próxima semana proposta que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda.

De acordo com o gestor, há uma parcela de capital externo também favorecendo, conforme a recente fraqueza em Wall Street acabe beneficiando mercados emergentes, como é o caso do brasileiro, mesmo com incertezas fiscais ainda pressionando o sentimento de investidores, principalmente locais.

Dados da B3 sobre a movimentação de estrangeiros mostram entrada líquida de R$899,1 milhões em março até o dia 12. No ano, o saldo está positivo em quase R$9,6 bilhões.

Juros na próxima semana

Na próxima semana, as atenções dos investidores se voltam para as decisões sobre juros dos EUA e do Brasil, ambas na quarta-feira (19). No mercado a expectativa é de elevação de 100 pontos-base da Selic, hoje em 13,25% ao ano, o que em tese reforça o diferencial de juros do país e sua capacidade em atrair recursos. Mais do que a decisão em si, os agentes estarão atentos às pistas do Banco Central para a reunião seguinte de política monetária, em maio.

Destaques

– NATURA&CO ON desabou 29,94%, maior queda percentual em um dia da história da companhia, após resultado trimestral frustrar expectativas, com analistas destacando margens e mesmo um resultado operacional pior do que estimavam. A ação fechou a R$9,5, menor preço de fechamento desde outubro de 2015 e equivalente a uma perda de R$5,6 bilhões em valor de mercado. Em teleconferência sobre o balanço, executivos da fabricante de cosméticos reforçaram o compromisso com a expansão de rentabilidade da empresa, mas acrescentaram que ainda há muito o que fazer no processo de transformação da companhia.

– MAGAZINE LUIZA ON saltou 13,48%, após o balanço do último trimestre apontar lucro ajustado de R$139,2 milhões. Alguns operadores citaram movimentos de short squeeze nas ações. Analistas do Safra afirmaram que números operacionais ficaram abaixo das suas expectativas, mas destacaram positivamente a geração de caixa. Em teleconferência com analistas, o presidente-executivo, Frederico Trajano, afirmou que o Magalu pretende elevar a concessão de crédito em 2025 como forma de acelerar as vendas físicas e online das marcas do grupo.

– VALE ON avançou 3,28%, favorecida pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com ganho de 2,32%. Os preços tiveram como suporte sinais de demanda resiliente e expectativas crescentes de medidas adicionais de estímulo na China, o maior consumidor mundial de minério. No setor, CSN ON , que controla a CSN Mineração, subiu 11,82%, enquanto USIMINAS PNA avançou 4,07% e GERDAU PN ganhou 2,61%.

– PETROBRAS PN valorizou-se 3,08%, acompanhando o viés mais comprador da bolsa paulista, em dia positivo para o petróleo no exterior. O barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou com acréscimo de 1%.

– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou negociada em alta de 3,25%, com o setor como um todo mostrando desempenho robusto. BRADESCO PN avançou 4,12%, BANCO DO BRASIL ON terminou com elevação de 1,42% e SANTANDER BRASIL UNIT registrou acréscimo de 3,55%. O índice do setor financeiro subiu 3,98%, ajudado ainda pelo desempenho da B3 ON, que se valorizou 10,95%.

– AZZAS 2154 ON desabou 10,42%, em meio a uma reportagem publicada pelo Valor Econômico, citando fontes, de que os principais acionistas do grupo de varejo de moda, Alexandre Birman e Roberto Jatahy, estão tentando negociar um divórcio, menos de oito meses depois de concluírem a fusão entre suas empresas Arezzo&Co e Soma.

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