Copom deve sinalizar abertura para novos aumentos de juros em maio e junho

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 17 e 23 de março, com projeções e comentário.

Segunda, 17 – IBC-Br de janeiro deve indicar um leve crescimento da atividade econômica

Embora as pesquisas mensais do primeiro mês do ano apontem para estabilidade na produção industrial e quedas no comércio varejista e no setor de serviços, a recuperação do mercado de trabalho e a base de comparação mais baixa devem contribuir para uma leve expansão da economia na primeira leitura de 2025.

Terça, 18 – IGP-10 deve trazer dois sinais relevantes sobre a inflação no Brasil

O primeiro é que parte do impacto da alta das commodities foi amenizado, embora ainda existam aumentos expressivos concentrados em um número reduzido de produtos. O segundo tem implicações diretas para a percepção da população sobre o governo e as expectativas inflacionárias: após um período de desaceleração, os preços dos alimentos voltaram a subir, conforme apontam os indicadores de alta frequência. O índice semanal da Fipe, por exemplo, registrou a maior aceleração semanal desde o final de 2019.

Terça, 18 – Com os efeitos positivos da antecipação de importações dissipados, a economia norte-americana deve apresentar novos sinais de desaceleração

Na semana seguinte à menção da palavra “recessão” em relação aos Estados Unidos, o mercado estará atento aos dados do varejo e da indústria. Diante dos principais indicadores antecedentes e dos sinais recentes de perda de fôlego da atividade econômica, é provável que os próximos dados reforcem um cenário de crescimento mais moderado. Uma parcela significativa da expansão dos últimos meses foi impulsionada pelo setor de serviços, mas dados de fevereiro sugerem uma forte desaceleração nesse segmento.

Quarta, 19 – Copom deve deixar a “porta aberta” para novos aumentos de juros em maio e junho

Apesar dos sinais claros de desaceleração da economia doméstica e da redução dos riscos inflacionários ligados ao câmbio — com o real apresentando o segundo melhor desempenho global no ano, atrás apenas do rublo russo —, o comitê deve elevar a Selic para 14,25% e sinalizar espaço para ajustes residuais nas reuniões remanescentes do primeiro semestre. Embora os riscos inflacionários tenham diminuído em relação a janeiro, os indicadores de alta frequência voltaram a apontar aceleração nos preços dos alimentos, o que pode justificar um tom mais rígido no comunicado e eventuais ajustes residuais após a decisão da próxima semana.

Quarta, 19 – Apesar de sinais de desaceleração da economia e da inflação em níveis relativamente moderados, Fed deve optar por manter a taxa básica de juros inalterada

A decisão, mais cautelosa, de manter os juros no intervalo de 4,25% a 4,50% será sustentada, principalmente, pelo alto grau de incerteza. O Banco Central dos EUA deve reforçar os riscos inflacionários ligados ao aumento das tensões comerciais e evitar qualquer sinalização sobre cortes futuros. No cenário atual, o Fed deve reduzir os juros na reunião de junho, com mais dois ajustes residuais ao longo do segundo semestre, levando a taxa para um intervalo entre 3,50% e 3,75%.

Quinta, 20 – Bank of England deve optar por um novo corte de juros

Embora diversos indicadores da Zona do Euro tenham “respondido” aos estímulos fiscais anunciados pela Alemanha, o aumento das tensões comerciais parece ter desacelerado ainda mais o ritmo de crescimento da economia britânica. Apesar de o nível de atividade justificar novas reduções na taxa básica de juros, a recente trajetória da inflação ainda gera incertezas sobre a extensão do ciclo de cortes. Em fevereiro, a taxa de inflação anualizada atingiu 3,0%, o maior patamar desde março de 2024.

Sexta, 21 – Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias referente a janeiro e fevereiro deve mostrar os determinantes do superávit fiscal do bimestre

Os resultados fiscais de janeiro foram positivos, com um superávit de R$84,9 bilhões no governo central e mais de R$100 bilhões no setor público consolidado. No entanto, esses números não devem refletir a tendência ao longo do ano. O relatório deve apontar que o desempenho expressivo de janeiro foi influenciado pela ausência de aprovação do orçamento pelo Congresso, o que impediu a execução de algumas despesas. Além disso, com a atividade econômica dando sinais de enfraquecimento, a arrecadação tende a desacelerar, reforçando a necessidade de maior controle sobre os gastos públicos.

Desafios da China podem ser maiores do que o previsto

Embora o governo chinês e o Banco Central tenham sinalizado disposição para enfrentar a demanda interna enfraquecida e as tensões comerciais, garantindo o cumprimento da meta de crescimento para 2025, os dados mais recentes acendem um alerta para os investidores. Primeiramente, o superávit comercial de fevereiro – o maior já registrado em termos nominais – não foi impulsionado apenas pelo aumento das exportações, mas também por uma queda expressiva no volume de importações, o que sugere um possível enfraquecimento da demanda doméstica.

Além disso, os índices de preços denunciam um ritmo de atividade econômica abaixo do esperado, abrindo espaço para cortes de juros pelo Banco Central da China nos próximos dias. Essa decisão, antecipada pelo próprio presidente da instituição, deve ser sustentada por outros sinais de enfraquecimento da demanda e por riscos externos que parecem já começar a impactar a economia chinesa.

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