Copom deve elevar Selic a 14,25% esta semana e deixar claro necessidade de novo ajuste adiante, diz XP

A XP Investimentos acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a Selic em 1 ponto percentual (p.p.) na reunião desta semana, além de deixar claro a necessidade de ajuste adicional adiante. O Copom se reúne entre terça (18) e quarta-feira (19), quando anuncia sua decisão sobre o futuro da taxa básica de juros.

O economista-chefe Caio Megale e sua equipe afirmam que, apesar das evidências de desaceleração econômica, a projeção do Comitê para a inflação deve permanecer acima da meta mesmo com a Selic a 15% — pico projetado pelo boletim Focus.

Assim, seria inconsistente abrir espaço para o fim do ciclo de alta de juros com a taxa no patamar de 14,25%. “Não resolve o problema”, afirmam.

Segundo os economistas, a sinalização dos diretores do Banco Central (BC) deve reforçar que os próximos passos dependem da evolução do cenário.

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Do lado doméstico, o documento deve destacar que os indicadores de atividade divulgados recentemente ficaram abaixo das expectativas. “Esta será uma mudança importante (e dovish) em comparação ao comunicado de janeiro”, dizem.

Já em relação ao ambiente global, eles acreditam que o Copom continuará a descrevê-lo como “desafiador”.

A XP projeta que os juros atinjam o pico de 15,50% em junho, após altas de 1 p.p., 0,75 p.p. e 0,50 p.p. nas próximas três reuniões.

No entanto, Megale e equipe afirmam que, se o câmbio ficar relativamente estável nos próximos meses e a desaceleração econômica se intensificar, o Comitê poderá aumentar a taxa básica de juros pela última vez em maio, ao invés de junho.

Fluxo de informação mais positivo

Os economistas da XP afirmam que o fluxo de dados e informações desde a última reunião do Copom foi “um pouco mais positivo” para as perspectivas de inflação.

“Indicadores de atividade ficaram (em geral) abaixo do esperado, principalmente os resultados do PIB do quarto trimestre de 2024. Os dados de alta frequência de janeiro (ex: vendas no varejo, produção da indústria de transformação) mostraram certa recuperação, mas a economia realmente parece perder força. A intensidade da desaceleração adiante, no entanto, continua incerta”.

Além disso, a taxa de câmbio se estabilizou entre R$ 5,70 e R$ 5,80 por dólar, após depreciação aguda no final do ano passado. O real está cerca de 8% mais forte no acumulado do ano.

Por outro lado, as leituras recentes dos índices de preços ao consumidor e ao produtor continuam pressionadas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro sugere inflação entre 5,5% e 6% em termos anualizados, além das expectativas de inflação permanecem em alta.

O governo também debate novas medidas expansionistas, como a liberação de recursos do FGTS, a ampliação do crédito consignado ao setor privado e a isenção do imposto de renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês.

Já no cenário externo, os juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos recuaram, refletindo o risco menor de novas elevações na taxa de juros de referência do Federal Reserve no curto prazo. No entanto, as perspectivas globais seguem desafiadoras, com elevada incerteza em torno da condução de política econômica.

“Os dados recentes não devem alterar substancialmente a perspectiva de inflação do Copom, embora possam ter reduzido um pouco os riscos de alta”, afirmam.

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