Endividada, CCR anuncia mudança de nome para Motiva e investe R$ 4 milhões em nova identidade

A CCR anunciou nesta sexta-feira (21) que vai mudar o nome da companhia para Motiva, em um processo que ocorre após a reestruturação do maior grupo de concessão de infraestrutura de transporte do Brasil.

Recentemente, a empresa confirmou a contratação de quatro bancos para ajudar na venda de 20 aeroportos na América Latina e cinco ativos de mobilidade urbana no Brasil, como metrôs, ferrovias e balsas.

Hoje, a dívida líquida da companhia está em R$ 24,9 bilhões, embora a alavancagem (proporção da dívida líquida em relação ao lucro operacional/Ebitda) esteja em torno de 3 vezes, número ainda considerado saudável pela empresa. O teto imposto pela companhia para esse indicador é de 3,5 vezes.

Ainda assim, a escalada da dívida deflagrou uma série de mudanças na CCR. Com a virada dos juros a partir de 2021 — a Selic subiu de 2% até 14,25% ao ano — as empresas de capital intensivo voltaram-se para dentro de casa para priorizar a gestão do passivo.

Mudança de identidade

A companhia afirmou que a partir de maio seu código de negociação na B3 será alterado, mas o novo ainda não foi definido. O início da mudança da marca, que inclui alteração das cores da empresa de vermelho para roxo, está previsto para ocorrer no dia seguinte à assembleia de acionistas de 23 de abril, que decidirá sobre a alteração da razão social da empresa.

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“Esta mudança se insere no contexto do amplo processo de transformação pelo qual passamos desde 2023 – nova estratégia, nova organização, nova cultura. Agora, nova marca”, disse em comunicado à imprensa o presidente-executivo, Miguel Setas.

A empresa não divulgou o tamanho do investimento necessário para todo o projeto de mudança da identidade da companhia ao longo dos dois anos, mas afirmou que investiu R$4 milhões na “etapa de definição da marca”.

Vende-se

A empresa, sediada em São Paulo, espera levantar até R$ 10 bilhões nos próximos anos como parte de uma ampla reorganização de seu portfólio, uma estratégia para pagar dívidas e aumentar investimentos em negócios estratégicos.

Na reorganização, a CCR trabalha com a consultora financeira Lazard, sediada em Nova York, e o Itaú Unibanco para o acordo de aeroportos. Em paralelo, Goldman Sachs e BTG Pactual têm o mandato para ativos de mobilidade.

A onda de venda de ativos da CCR deverá começar pelos aeroportos, com acordo previsto para o fim do ano. A empresa tem 17 operações no Brasil e outras três em Equador, Costa Rica e Curaçao, com um fluxo total de 43 milhões de passageiros por ano. As unidades de fora do Brasil representam mais de 60% dos lucros da unidade aeroportuária.

O BTG e o Goldman estão trabalhando para vender participações minoritárias em ativos de mobilidade, incluindo metrôs, redes ferroviárias e balsas, com um acordo previsto para ser fechado até 2026, acrescentaram as fontes.

O Goldman Sachs, Itaú, Lazard e o BTG Pactual não quiseram comentar.

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