Qual o impacto das tarifas de Trump na Embraer (EMBR3)? BTG Pactual responde

As tarifas recíprocas dos Estados Unidos entram em vigor na próxima semana, em 2 de abril, e na avaliação do BTG Pactual, o impacto das medidas sobre a Embraer (EMBR3) deve ser limitado. 

“De forma geral, acreditamos que o impacto líquido de um aumento tarifário sobre a Embraer seria limitado, com a principal exposição concentrada na aviação executiva — que representa cerca de 28% da receita líquida de 2024”, afirmam Lucas Marquiori e Fernanda Recchia em relatório. 

Os analistas destacam que o setor em que a Embraer atua também conta com uma carteira de pedidos com mais de três anos de duração, “o que significa que os volumes podem atravessar os riscos crescentes de recessão nos EUA”. 

Além disso, os principais concorrentes da Embraer — como a Bombardier (Canadá) e a Dassault (França) — parecem mais expostos a aumentos tarifários, o que também pode se refletir na aviação comercial, na visão dos analistas. 

O BTG Pactual tem recomendação de compra para Embraer com preço-alvo de R$ 94,00 — o que representa um potencial de valorização de 34,8% sobre o preço de fechamento da última terça-feira (26). 

“Apesar da recente correção nas ações, mantemos nossa recomendação de compra para Embraer, com base na nossa visão de um múltiplo estruturalmente mais alto por um período prolongado”, diz o relatório. 

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Tarifas de Trump: quais os impactos na Embraer? 

Embora limitados, os impactos das tarifas impostas por Trump na Embraer não podem ser descartados. 

O primeiro deles é a estrutura de produção das aeronaves. Todos os jatos comerciais são produzidos no Brasil, com os modelos E1 e E2 fabricados integralmente em São José dos Campos (SP), principal polo industrial da Embraer. 

Na aviação executiva, os jatos Phenom são totalmente montados nos EUA, enquanto a produção do Praetor depende da estratégia adotada — geralmente, a montagem é feita em Gavião Peixoto (SP), mas a montagem final e a pintura são feitas no território norte-americano para adquirir o selo “Made in the USA”. 

“Dependendo da demanda, a unidade brasileira pode produzir a aeronave por completo. Os aviões de defesa da Embraer são majoritariamente produzidos em Gavião Peixoto (SP), onde a empresa possui uma estrutura dedicada aos programas militares”, como, por exemplo, a montagem e testes de aeronaves como o C-390 Millennium e o A-29 Super Tucano, afirmam os analistas. 

“A imposição de tarifas impactaria principalmente a aviação executiva, especialmente o Praetor, que estimamos representar cerca de 12% da carteira de pedidos da Embraer para 2024”, acrescentam. 

Por outro lado, a Embraer possui uma base de clientes bastante sólida nos EUA, atuando nos segmentos de aviação comercial — como American Airlines, Delta e United Airlines que operam jatos da família E-Jet (E170, E175, E190, E195), —, executiva e de defesa. 

“Quaisquer tarifas sobre o preço final das aeronaves (como um imposto sobre vendas) são automaticamente repassadas aos clientes, conforme previsto contratualmente.”

Os analistas afirmam, porém, que se as taxas incidirem sobre a estrutura de custos, o repasse exige negociações caso a caso. 

Isso porque a maioria dos componentes não é fornecida diretamente por operações nos EUA. O alumínio, por exemplo, é importado da Europa, enquanto alguns motores são importados para os EUA a partir das instalações da Pratt & Whitney no Canadá.

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