GPA (PCAR3) ignora aversão ao risco e salta 18%, enquanto Brava Energia (BRAV3) zera os ganhos do ano; veja os destaques do Ibovespa na semana

O Ibovespa (IBOV) estendeu as perdas pela segunda semana consecutiva com a política tarifária dos Estados Unidos drenando o apetite ao risco dos investidores em todo o mundo.

O principal índice da bolsa brasileira acumulou queda de 3,52% nos últimos cinco pregões e encerrou a sessão da sexta-feira (04) no nível dos 127 mil pontos. No último pregão, o Ibovespa caiu quase 4 mil pontos, no pior desempenho diário do ano.

Já o dólar à vista (USBRL) terminou a R$ 5,8350. Na semana, a divisa acumulou alta de 1,27%.

No cenário doméstico, a agenda mais esvaziada cedeu espaço para as movimentações no exterior. Entre os dados locais, a produção industrial teve recuo de 0,1% em fevereiro na comparação com o mês anterior, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo das expectativas.

Os investidores também repercutiram os números da balança comercial, que registrou um superávit de US$8,155 bilhões em março. O resultado representa uma alta de 13,8% sobre o saldo apurado no mesmo mês do ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

No exterior, o plano tarifário dos Estados Unidos, anunciado pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira (2), dominou os mercados. Trump informou que o país adotará uma nova política comercial que combina uma tarifa universal de 10% sobre todas as importações com tarifas recíprocas adicionais.

A tarifa-base de 10% entra em vigor em 5 de abril, enquanto as tarifas recíprocas — que podem chegar a 49% — serão aplicadas a partir de 9 de abril. De acordo com a Casa Branca, China (com taxa de 34%), Vietnã (46%), União Europeia (20%) e Taiwan (32%) serão os mais impactados. A América Latina, com exceção do México, será sujeita à alíquota-base, de 10% — já que nesses países, os EUA têm superávits comerciais.

Na avaliação dos analistas, a alíquota de 10% sobre os produtos brasileiros ficou abaixo do esperado pelo mercado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo tomará “medidas cabíveis” para defender a economia doméstica em relação à tarifa de 10% sobre os produtos brasileiros imposta pelos Estados Unidos. Também, durante a semana, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei (PL) que estabelece critérios para a reação do Brasil a barreiras e imposições comerciais de nações ou blocos econômicos contra produtos nacionais.

Na última sexta-feira (4), a China anunciou uma tarifa de 34% sobre a importação dos produtos norte-americanos, que começa a valer na próxima quinta-feira (10). A medida derrubou os mercados internacionais. 

Sobe e desce do Ibovespa

A ponta positiva do Ibovespa foi liderada por GPA (PCAR3) com expectativas de mudanças no conselho da companhia.

No início da semana, o Saint German, fundo de investimento controlado por Nelson Tanure e acionista minoritário da varejista, solicitou a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para promover trocas no alto escalão. O Pão de Açúcar informou em fato relevante que irá convocar a AGE dentro do prazo legal.

Confira a seguir as maiores altas do Ibovespa entre 31 de março a 4 de abril:

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Já a ponta negativa foi liderada por Brava Energia (BRAV3), que devolveu as altas acumuladas em duas semanas consecutivas e zerou os ganhos do ano. Os papéis da junior oil foram pressionados pela derrocada do petróleo, em reação a guerra comercial — iniciada pelo plano tarifário dos Estados Unidos e intensificada pela retaliação da China.

Os contratos mais líquidos do petróleo Brent, referência para o mercado internacional, para junho, encerraram a sessão da última sexta-feira (4) a US$ 65,58 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres. Na semana, o Brent acumulou perda de mais de 9%, na maior queda semanal em termos percentuais em um ano e meio.

Veja as maiores quedas do Ibovespa na semana: