Devemos esperar alarmes falsos de vida extraterrestre no K2-18b, diz cientista

“Encontrar vida fora do sistema solar não será uma detecção única e definitiva — ao longo do caminho, devemos esperar alguns alarmes falsos, e este pode ser um deles”, disse Eddie Schwieterman, professor de astrobiologia na Universidade da Califórnia. A ponderação foi feita em entrevista do especialista ao site Space e refere-se a sinais de possível vida extraterrestre detectados pelo Telescópio James Webb, divulgados no dia 16 de abril na revista científica Astrophysical Journal.

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A descoberta diz respeito ao planeta conhecido como K2-18b, e aponta para a abundância de moléculas de dimetil sulfeto (DMS) e dimetil dissulfeto (DMDS) na atmosfera do astro. Como esses gases são produzidos na Terra apenas por processos biológicos, sobretudo por algas marinhas, os astrônomos detectaram uma bioassinatura no exoplaneta.

Contudo, cientistas que não participaram da pesquisa pregam cautela em relação à descoberta, destacando que os resultados são preliminares e ainda precisam passar por diversas análises antes de serem dados como concretos.


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Ausência de etano e dúvida sobre DMS

Eddie Schwieterman afirma que ficou surpreso por não ter sido reportada a presença de etano junto com os sinais de DMS e DMDS. De acordo com o especialista, a radiação UV da estrela do K2-18b deveria quebrar as moléculas desses gases e formar o etano como um subproduto.

Pesquisadores também questionam o fato do DMS ser considerado uma bioassinatura confiável. Isso porque traços desse gás foram detectados recentemente em um cometa frio e desprovido de vida, o que sugere que a sua produção pode estar ligada a processos químicos com os quais ainda não temos conhecimento. 

“Até que as descobertas sejam confirmadas por várias equipes e por meio de vários métodos, tudo diretamente relacionado a bioassinaturas e detecção de vida alienígena permanece, para mim, na categoria de ‘descoberta potencial’”, afirma a astrobióloga Michaela Musilova, em entrevista ao Space.

Nível de exigência mais alto

Outro ponto levantado por cientistas é que, diante de uma descoberta tão grande como a de vida extraterrestre, o nível de exigência de evidências detalhadas em relação às observações é ainda maior. Isso porque ainda há muitas limitações relacionadas a observações de atmosferas de exoplanetas, o que torna as análises ainda mais desafiadoras.

Entretanto, os especialistas garantem que, mesmo que não for constatado que o K2-18b tenha as condições necessárias para abrigar vida, todos os dados obtidos nos estudos serão aproveitados para novas investigações sobre vida para além do nosso Sistema Solar

“Cada novo conjunto de dados no campo da astrobiologia é valioso, e pode nos ajudar a avançar em direção a uma melhor compreensão da existência de vida alienígena em outras partes do universo”, pontuou Musilova.

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