Dia da Matemática: mais da metade das crianças brasileiras não sabe resolver estas 10 questões; faça o quiz

Para especialistas, ‘buraco’ da educação é ainda mais fundo nesta disciplina do que em leitura ou em ciências. Nesta terça-feira (6), Dia da Matemática, o g1 lista quais são os maiores pontos fracos das crianças brasileiras quando aprendem a disciplina na escola. Segundo especialistas, o “buraco” é ainda maior do que em leitura ou em ciências (leia mais abaixo).
➡️Um indicativo: na avaliação internacional Timms 2023 (sigla em inglês para “Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências”), por exemplo, 51% dos estudantes do 4º ano, no Brasil, não alcançaram o nível básico de proficiência. Estão com um atraso equivalente a 3 anos escolares em relação à média das demais nações.
Mais abaixo, nesta reportagem, você pode tentar resolver:
7 questões rápidas que mais da metade das crianças de 9 anos erraria;
2 perguntas de nível intermediário, solucionadas por apenas 2 de cada 10 alunos dessa idade;
1 desafio final que cobra um conteúdo de ensino fundamental, mas que só é dominado por 1% dos estudantes do 4º ano.
O quiz foi preparado, a pedido do g1, por Ester Paula Torrezan, mestre em Educação com foco em Matemática pela Unicamp e analista educacional da Fundação Bradesco. Ela levou em conta justamente os parâmetros de avaliação usados pelo Timms.
Metade das crianças brasileiras de 9 anos não sabe resolver estas questões. E você?
🧮Agora, só duas perguntinhas de nível intermediário.
Só 2 de cada 10 crianças brasileiras do 4º ano acertariam estas questões. Vamos tentar?
🧮E o desafio: apenas 1% dos alunos do 4º ano conseguiria resolver problemas matemáticos com mais de um movimento (ou seja, que exijam mais de uma operação matemática). Este é um exemplo:
Um armazém recebeu 45 caixas pequenas e 21 caixas grandes. Cada prateleira comporta 9 caixas pequenas ou 3 caixas grandes. Quantas prateleiras são necessárias para guardar todas as caixas?
a) 9
b) 12
c) 13
d) 15
e) 69
A resposta correta está no fim da reportagem.
Quais as principais dificuldades das crianças?
É por meio do mapeamento de dificuldades que políticas públicas ou projetos individuais de colégios podem ser desenvolvidos.
Dentre os maiores obstáculos matemáticos, segundo o mapeamento do Timms, estão:
operações com números naturais
“A partir de passos pré-definidos, como ‘vai um’ e ‘pega emprestado’, os estudantes, muitas vezes, se baseiam na simples memorização, sem entendimento do que estão fazendo”, diz Torrezan.
resolução de problemas
“As dificuldades em resolver problemas são, muitas vezes, atreladas à falta de compreensão leitora, mas vão além disso: é preciso conhecer os diferentes significados de cada uma das operações (adição, subtração, multiplicação e divisão), ou seja, as formas como elas podem se manifestar no cotidiano”, afirma a professora.
geometria
“Historicamente, a geometria é um tema menos priorizado nas aulas de matemática, e isso pode trazer a ideia de que é menos importante, quando não o é. Ela envolve o desenvolvimento do raciocínio e da capacidade de formar representações mentais”, explica a docente.
medidas
“É um dos temas que mais utilizamos no dia a dia, mas o ensino acaba ficando limitado à aplicação de fórmulas, sem que o aluno entenda o sentido delas. O ato de medir corresponde a um conjunto de processos físicos e mentais que associam um número a uma quantidade — é necessário, por exemplo, compreender o que é a unidade de medida e qual o seu papel na medição.”
📚‘O problema da matemática é ainda pior do que o da leitura’, diz especialista
Na reportagem de análise do Timms, publicada pelo g1 em dezembro de 2024, Ernesto Martins Faria, especialista em avaliação de políticas públicas educacionais e diretor-executivo do Iede, explica que os brasileiros estão em um buraco ainda mais fundo em matemática do que em leitura ou em ciências.
“Quase não existe a realidade de alunos abaixo de 400 pontos na Inglaterra, por exemplo. No Brasil, é a pontuação mais comum. Nós temos uma questão no letramento matemático: crianças e jovens não dominam a base mínima da disciplina para conseguir resolver um problema”, diz.
A seguir, veja hipóteses que explicam esse desempenho tão baixo:
🔢POUCA FAMILIARIDADE COM NÚMEROS – Em língua portuguesa, ainda há um contato mais intenso com a disciplina no dia a dia (seja lendo um livro ou trocando mensagens no Whatsapp). Se houver boas bibliotecas ou se os pais do aluno forem escolarizados, é possível que o aluno adquira habilidades de leitura e escrita. Já em matemática, dependemos muito mais de bons professores e de bons colégios. E o Brasil enfrenta problemas graves na formação docente (como crescimento avassalador do ensino à distância e a baixa qualidade dos cursos de pedagogia e de licenciatura).
➡️BAIXA ATRATIVIDADE – A carreira de professor já não é atrativa, em geral, pela baixa remuneração e pelas condições de trabalho. Nos cursos de licenciatura em matemática, então, a procura por vagas é baixíssima. E não para por aí: a evasão nessas graduações também é alta. O aluno que é bom em cálculo acaba migrando para carreiras com melhores perspectivas de mercado de trabalho, como economia, engenharia e ciências da computação.
⚖️ DESEQUILÍBRIO NA DISTRIBUIÇÃO DE PROFESSORES: Forma-se um ciclo. Os estudantes aprovados nas faculdades privadas entram, em geral, com uma defasagem nos conhecimentos básicos, provavelmente pela baixa qualidade do ensino médio público. ➡️ Têm acesso a um curso superior fraco. ➡️Após a formatura, enfrentam maior dificuldade para passar nos concursos públicos mais concorridos.➡️ São contratados como professores temporários, em escolas de pior estrutura.➡️ Ensinam alunos que já são mais socialmente vulneráveis e que, por tabela, continuarão recebendo uma formação escolar pior que a dos mais ricos.
💰 DESIGUALDADE ECONÔMICA: Émerson de Pietri, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), já explicou ao g1 dois aspectos:
O processo de educação formal no Brasil é recente – A escolarização básica, no sistema público, passou a ser acessível para a maior parte da população após a década de 1970, gradualmente. “Foi só na década de 1990 que a maioria chegou ao ensino fundamental 2”, disse. Ou seja: partimos de um ponto diferente da média dos outros países.
Por quase 400 anos, o Brasil viveu um sistema escravocrata, “que deixou uma estrutura social difícil de ser superada”. “No cotidiano escolar, recebemos alunos que vêm de situações socioeconômicas muito difíceis. São crianças que precisam se preocupar antes com a sobrevivência. Ela tem o que comer? O que vestir? Pode tomar banho? É um conjunto de fatores para que ela tenha condições de aprender”, afirmou o professor.
Resposta do desafio: 13
Metade dos alunos brasileiros de 9 anos não sabe resolver tabuada
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