Cientistas questionam estudo que afirma que árvores ‘conversam’ antes de eclipse

Parece que cientistas se mostram céticos com as conclusões de um estudo liderado por pesquisadores do Instituto Italiano de Tecnologia e da Universidade Southern Cross, da Austrália. O motivo? A publicação na Royal Society Open Science sugeriu que algumas árvores se comunicam entre si durante eclipses solares e sincronizam seu comportamento, mas alguns autores não se convenceram. 

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Para o estudo, o físico italiano Alessandro Chiolerio e seus colegas instalaram sensores remotos em árvores da floresta de espruces-da-Noruega (Picea abies) nas montanhas Dolomitas, na Itália. A ideia era que os dispositivos detectassem as correntes elétricas criadas quando moléculas eletricamente carregadas se movem pelas células de seres vivos.

Um espruce-da-Noruega com sensor instalado para o estudo (Reprodução/Monica Gagliano/Southern Cross University)

Segundo Gagliano, os resultados mostraram que a atividade bioelétrica das árvores apresentou mudanças sincronizadas na véspera de um eclipse solar. “Esta sincronização começou algumas horas antes de o eclipse ocorrer, sugerindo não apenas uma reação passiva à escuridão, mas uma resposta ativa e antecipatória”, acrescentou. 


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Em paralelo, James Cahill, ecologista da Universidade de Alberta, observou que muitos colegas ficaram incomodados com a publicação que, segundo ele, não cumpria requisitos científicos básicos. “A amostra usada é de três árvores, que é muito pouco, e eles têm um número muito grande de variáveis em teste — mais de 10 —, e você vai encontrar um padrão sempre se fizer algo assim”, ressaltou ele. 

Além disso, Cahill recordou que várias plantas e animais respondem aos ciclos de noite e escuridão, ou seja, não é surpresa que as árvores mostrem comportamento semelhante. Ainda, Cahill acredita que há pouca vantagem evolutiva em desenvolver uma resposta evolutiva aos eclipses solares, já que estes eventos são breves e ocorrem com pouca frequência. “As plantas respondem à escuridão, e eclipses [solares] causam escuridão. Mas isso não quer dizer que o eclipse causou a resposta à escuridão”, destacou. 

E as mudanças nos sinais bioelétricos? Para ele, a resposta está nos sistemas sensoriais que as plantas têm para detectar a luz e suas mudanças — inclusive antes que aconteçam. “Muitas plantas vão começar a mudar seu ‘maquinário’ fotossintético antes do nascer do Sol. Acho que isso não é diferente”, finalizou. 

Em resposta a questionamentos do LiveScience sobre a publicação do estudo, a The Royal Society Open Science declarou que “todas as pesquisas publicadas passam pela revisão de pares antes de serem aceitas”. 

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