Exposição de artista premiada retrata corpos trans femininos, em Belém


Na exposição “Como pintar uma travesti?”, Rafa Moreira apresenta 36 obras recentes, sob a curadoria de Rosângela Brito e Mayrla Andrade. Na exposição “Como pintar uma travesti?”, Rafa Moreira apresenta 36 obras recentes, sob a curadoria de Rosângela Brito e Mayrla Andrade.
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A exposição “Como pintar uma travesti?”, da artista plástica Rafaela Moreira, que assina os trabalhos como Rafael Matheus Moreira, vem romper a visão comum sobre os corpos transexuais femininos, trazendo um novo olhar contemporâneo, sensível, poético e autêntico sobre a temática. A vernissage será nesta sexta-feira (16), às 19h, na galeria do Centro Cultural Brasil- Estados Unidos (CCBEU), em Belém. A mostra segue aberta à visitação pública até o dia 28 de junho, de terça à sexta-feira, das 14h30 às 18h. Evento gratuito.
“Ao longo da história, quem vem nos retratando (travestis femininas) são homens cisgêneros (heterosexuais), que buscam a nossa objetificação e exotificação. Eu fujo desse olhar óbvio, trago a relação das quebras da visualidade da arte paraense”, descreve Rafa, que é uma artista transexual exprimindo a própria realidade em suas obras.
Formada em Licenciatura em Artes Visuais, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com especialização e mestrado em curso na área, ela foi premiada nos salões Primeiros Passos, do CCBEU (Menção Honrosa em 2016, 3o lugar em 2017 e 1o lugar em 2019), e Arte Pará, da Fundação Romulo Maiorana (1o lugar em 2024). Além disso, Rafa também foi convidada à Bienal das Amazônia, em Belém, e, atualmente, está no Museu de Arte de São Paulo (MASP) com uma obra no acervo (intitulada “Trava na beleza- Safira) e outra exposta, que retrata Érika Hilton. A deputada federal não poupou elogios à pintura.
Na exposição “Como pintar uma travesti?”, Rafa Moreira apresenta 36 obras recentes, datadas de 2024 e 2025, em que utiliza técnicas mistas de pintura acrílica e a óleo, sob a curadoria de Rosângela Brito e Mayrla Andrade.
O questionamento de gênero atravessa o trabalho de Rafa Moreira, ora em autorretratos, ora na apresentação de convidadas, como a influencer paraense Leona Vingativa e outras.
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Visualidade de ‘quebras’
O questionamento de gênero atravessa o trabalho de Rafa Moreira, ora em autorretratos, ora na apresentação de convidadas, como a influencer paraense Leona Vingativa e outras. Entre as obras a serem apresentadas na exposição, estão as séries “Quebras” e “Raio que o trava” – este último, influenciado pela estética da arquitetura modernista “raio que o parta”, presente nas fachadas de casarões de Belém dos Anos 50 e 60.
“Em 2024, comecei a trabalhar a visualidade do ‘Raio que o parta’ por trás dos corpos representados, onde penso a quebra como uma metáfora sobre a destruição de tudo o que me limita enquanto ser humano, a quebra é uma forma de me libertar dos padrões”, explica.
Já na série “Mariposas”, Rafa Moreira evidencia os insetos metamorfoseados na metáfora poética da transição de gênero, além de criticar a vida curta das travestis vítimas da violência extrema. “A expectativa de vida de mulheres trans no Brasil é só de 35 anos”, aponta.
O pincel de Rafa Moreira é contestador da realidade social, tal como o questionamento que dá nome à exposição. E a decisão de assinar os trabalhos artísticos com o seu nome de batismo, também tem sentido crítico.
“No passado, as mulheres cis foram desacreditadas em seu trabalho, assinavam (obras) com os nomes dos maridos e dos pais para adentrar no sistema da arte. Hoje, ao utilizar o meu ‘nome morto’ como autora, estou questionando se essa tradição de desacreditar corpos mudou. O cenário da arte é um local muito difícil de ser acessado por pessoas trans, atualmente”, destaca.
Serviço:
Exposição “Como pintar uma travesti?”, de Rafael Matheus Moreira
Vernissage: 16/05, 19h
Visitação: até 28 de junho, de terça a sexta-feira, das 14 às 18h.
Local: CCBEU (Tv. Padre Eutíquio, 1309, Batista Campos).
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