Quanto custaria um Nintendinho hoje, com a inflação?

Houve um salto no preço dos videogames, com consoles como o Nintendo Switch 2, PS5 e Xbox Series recebendo um grande aumento devido ao cenário geopolítico atual. Porém, muitos não vivenciaram a tão aclamada “Era de Ouro” dos anos 1990, quando a indústria caminhava a passos lentos e com custos exorbitantes.

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Se você acredita que os US$ 449 e US$ 499 (no Brasil, de R$ 3.500 a R$ 4.500) atualmente são valores altos demais, no passado esta questão era ainda mais inacessível. Ainda assim, vale a curiosidade de saber quanto um Nintendinho custaria hoje e se isso realmente seria “uma fortuna” nos dias atuais.

Para mostrar que, apesar de ainda estarem caros, as formas de comprar um videogame passaram por grandes avanços, o Canaltech mostra para você quanto custaria um Nintendinho hoje, com a inflação em pleno ano de 2025. Será que o videogame 8-bit seria caro demais para o seu bolso nos dias atuais?


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Lançamento do Nintendinho

Lançado em 1983, o Nintendinho representou um dos maiores passos de toda a história da Nintendo. Com jogos como Super Mario Bros., The Legend of Zelda, Excitebike, Kid Icarus e diversos outros, eles pavimentaram o seu caminho dentro da indústria gaming com sucessos e acertos que se tornaram referência — para outros desenvolvedores e para os fãs.

Imagem de Super Mario Bros
Foi no Nintendinho que franquias como Super Mario Bros. brilharam para o mundo (Imagem: Divulgação/Nintendo)

O console foi vendido nos Estados Unidos por a partir de US$ 179 em 1985, dando o pontapé inicial da companhia para o público ocidental. O NES, como também era conhecido, logo se tornou uma febre e abriu caminho para um sucesso ainda maior para o seu sucessor, o Super Nintendo, que chegou ao mercado em 1990.

Como pouquíssimos consoles da Nintendo chegaram oficialmente ao Brasil de forma simultânea (sendo lançados em terras tupiniquins através do mercado paralelo por muito tempo, às vezes por toda uma geração), o Nintendinho não teve um preço nacional predeterminado em seus primeiros anos no Brasil.

Para calcular o valor do Nintendinho, caso chegasse nas lojas hoje, com a inflação, nós tomamos o seguinte caminho: pegamos o preço do videogame em dólar, de 1985, e convertemos para os cruzeiros — moeda usada no Brasil até a chegada do Plano Real em 1994 — e depois transferimos este número para os reais. A partir daí, nós aplicamos os cálculos da inflação para chegar ao custo que ele teria se fosse lançado em 2025.

Imagem de notas de reais
O Plano Real foi implementado em 1994 em todo o Brasil (Imagem: Pixabay/Joel Santana)

Como pode notar, ele tinha o valor de US$ 179 em 18 de outubro de 1985. Aqui no Brasil, isso representaria o valor de CR$ 1.467.800 com o dólar em CR$ 8.200 nesta mesma data — de acordo com os dados apresentados pelo Banco Central (BACEN). 

Agora vamos relembrar alguns fatores antes de progredirmos nos cálculos: são quase CR$ 1.5 milhão para consumidores que recebiam um salário mínimo de CR$ 333.120 em outubro de 1985. Era um pouco mais de 4 vezes o valor que os brasileiros recebiam, em média, de salário. Isso significa que você teria de trabalhar por 4 meses, sem gastos como contas e alimentação, e um pouco mais para comprar um Nintendinho

É um valor que pesava no bolso, independentemente da classe social que a pessoa pertencia. Quando mudamos para o real em julho de 1994, temos uma noção um pouco diferente: os CR$ 333.120 seriam convertidos para R$ 121,13. Em um país cujo salário mínimo era de R$ 64,79 — ou seja, desta vez uma diferença um pouco menor, de pouco menos do que 2 vezes o salário do trabalhador. 

Condições melhores, mas é importante mencionarmos que isso não inclui algumas particularidades econômicas como os impostos e taxas do nosso país. Ou seja, a estimativa por cima dos valores de dólar não conta com estes custos maiores ou com a margem de lucro praticada pela companhia no Brasil (o que tornaria o seu preço aqui bem maior). 

Deve ser levado em consideração que a partir do valor de R$ 121,13 que podemos ter uma ideia de quanto o Nintendinho seria vendido em nosso país se fosse lançado em 2025. Com este valor, podemos calcular o quanto a inflação impactou este valor ao longo das décadas e o que representaria ao público nos dias de hoje.

Impactos da inflação

De 1994 a 2025, se passaram 31 anos e muitos desafios políticos e econômicos. Tivemos problemas e soluções de todos os tipos, o que mudou por completo todo o cenário monetário — tanto do Brasil, na relação do país com os demais países do planeta e de todo o cenário internacional.

Imagem do Nintendinho
O Nintendinho não chegou ao Brasil de forma oficial (Imagem: Montagem/Canaltech)

Utilizando a calculadora do Banco Central, os R$ 121,13 que víamos do Nintendinho em julho de 1994 (com a aplicação do Plano Real) se tornariam R$ 1.592,40 em abril de 2025 com cálculo do BACEN. Este número é alcançado com um índice de correção de 13,14621080 e valor percentual correspondente de 1.214,621080 %.

O valor representa um pouco mais do que temos no salário mínimo no ano de 2025, que é de R$ 1.518 — algo bem mais acessível do que víamos no seu início de vida útil, chegando a pouco mais de 4 vezes o salário que os brasileiros recebiam em 1985. Ou seja, o tempo foi generoso com o Nintendinho e deixaria ele com um valor menos salgado.

Porém, isso não significa que ele é baratíssimo e seria uma pechincha nos dias atuais. O console 8-bit estaria mais caro do que vemos o próprio Nintendo Switch Lite, que pode ser encontrado em promoções por cerca de R$ 1.000 e tem como preço sugerido cerca de R$ 1.500 (com variações dependendo do local que se busca). 

Imagem do Nintendo Switch
Hoje temos opções mais adequadas ao bolso com o Nintendo Switch (Imagem: Divulgação/Nintendo)

Além disso, esse valor não preenche os impostos e a margem de lucro que a companhia aplica no território brasileiro. Isso significa que os R$ 1.592,40 seriam ainda mais altos — dependendo do que seria acrescido e como ele seria catalogado dentro das taxas que temos em nosso país. 

Outro ponto de vista

É importante notar uma “derrapagem” da Nintendo, já que nos últimos anos eles lançaram o NES Classic Edition — uma versão retrô do Nintendinho, com uma seleção de 30 jogos. Ainda que o produto não tenha vindo ao Brasil de forma oficial, ele era vendido no mercado paralelo entre R$ 600 e R$ 1.500 — um valor ainda menor e que nem exigia ficar caçando os clássicos cartuchos (e pagando preços abusivos praticados por “colecionadores”). 

Além disso, temos atualmente também a assinatura do Nintendo Switch Online. O seu plano mais básico, que custa R$ 120 anuais, já dá acesso a uma lista seleta de quase 80 jogos da plataforma. Ou seja, comprando um Switch Lite por menos de R$ 1.000 e pagando a oferta mais simples do serviço, o usuário já teria acesso a mais aventuras do que comprando um Nintendinho hoje em dia. 

Isso sem falar de práticas paralelas, como o desbloqueio de dispositivos para rodar ROMs ou o download de emuladores — que reduzem ainda mais os custos para o consumidor comum. Não que o preço seja muito elevado, mas o seu custo-benefício ainda assim não seria compatível com o mercado atual e o que nos é entregue hoje em dia.

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