Rodado no Monte Cristo, “Heyari” bota maior condomínio de Floripa no centro de crise climática

Considerado o maior condomínio habitacional de Florianópolis, o Panorama, no bairro Monte Cristo, é o cenário de uma trama de ficção sobre as mudanças climáticas e que acaba de ganhar as telas.

O complexo, que reúne 800 apartamentos e cinco mil habitantes está no centro da história de “Heyari”, novo curta-metragem do diretor e roteirista Daniel Leão e produzido pela Punktu.

Maior Condomínio de Florianópolis, o Panorama, no Bairro Monte Cristo, foi cenário para o curta-metragem “Heyari”. – Foto: Divulgação

A produção reuniu atores profissionais e também não-atores entre os moradores da comunidade para dar vida ao enredo sobre as consequências do colapso climático em um condomínio popular. E claro, que a estreia foi justamente em uma sessão promovida no próprio “Panorama”.

O filme conta a história do ex-garimpeiro Viktor, protagonizado pelo ator Antônio Cunha, que tem sua casa tomada pelo mar e retorna ao apartamento que era de sua mãe. Joana, vivida pela atriz Solange Adão, uma devota negacionista das mudanças climáticas, se recusa a fugir com seu filho para a serra. Juntos, Viktor e Joana se veem cada vez mais sozinhos em um mundo ameaçador, sem eletricidade, comunicação e alimentos.

Joana se transforma no que mais teme para sobreviver: uma invasora de apartamentos, questionando sua fé, enquanto aguarda o retorno de seu filho.

O projeto do filme surgiu em 2021, quando o diretor Daniel Leão pesquisava sobre mudanças climáticas mundiais, enquanto Florianópolis passava por uma ressaca de grande extensão, com destruição de casas pelo mar no bairro Morro das Pedras e dunas invadindo habitações nos Ingleses.

O filme discute os efeitos do calor excessivo nos bairros periféricos de grandes centros urbanos, em regiões menos arborizadas, e o seu impacto sobre a vida da população, principalmente de idosos solitários.

Toda a produção foi pensada e realizada de forma colaborativa com os moradores. O filme foi rodado em janeiro de 2024, com a cooperação dos condôminos. Os próprios moradores participaram de uma oficina de atuação e fizeram parte do elenco junto a atores profissionais.

A atriz Solange Adão protagoniza o curta-metragem “Heyari” que trata das mudanças climáticas sob a experiências dos moradores de um condomínio popular. – Foto: Divulgação

Comunidade tem atuação no elenco e na produção do curta “Heyari”

Trabalhadores do condomínio como os zeladores, também participaram das gravações e de funções de produção. Três apartamentos foram locados e transformados pela equipe de direção de arte, móveis e objetos de cena foram locados no comércio do bairro e a produção contribuiu ainda para aquecer as vendas dos armazéns, padarias e restaurantes da vizinhança.

Outro destaque foi a atenção à diversidade do elenco, com atores negros, uma atriz surda (Angela Okomura) e um ator que faz uso de cadeira de rodas (Sidnei Junior) como protagonistas. Entre elenco, parte técnica e figurantes, o filme envolveu 57 pessoas.

Esse não é o primeiro filme realizado no Panorama. “Heyari” é a segunda produção da Punktu e que faz parte de uma trilogia que começou em 2023 com o documentário “Panorama”, de Djuly Gava e Daniel Leão. E o terceiro já está no planejamento. Será um “docuficção” e se chamará “Três Dias”, tendo novamente os a comunidade do condomínio como protagonista. Outro detalhe curioso: a diretora de produção Djuly Gava e a montadora Amanda Rauber foram moradoras por mais de uma década no Panarama e suas famílias vivem lá até hoje.

Sinopse de Heyari, novo filme de Daniel Leão

Heyari (em yanomami “espalhar fumaça para fazer adoecer colocando feitiço no fogo”) narra o colapso climático em um conjunto habitacional, com a participação de moradores no elenco e na produção. Anciãs solitárias morrem em decorrência do calor. O ex-garimpeiro Viktor tem sua casa tomada pelo mar e retorna ao apartamento que fora de sua mãe. Joana, uma devota negacionista, se recusa a fugir com seu filho para a serra. Juntos, Viktor e Joana se veem cada vez mais sozinhos em um mundo ameaçador, sem eletricidade, comunicação e alimentos. Joana se transforma no que teme: uma invasora de apartamentos, questionando sua fé, enquanto aguarda o retorno de seu filho.

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