Quanto etanol o Brasil produziria se plantasse apenas a ‘super cana’ de Eike Batista?

A “super cana“, projeto idealizado pelo empresário Eike Batista, mexeu com o noticiário sucroenergético desde o fim de fevereiro após o grupo de investimentos Brasilinvest, do empresário Mário Garnero, se comprometer com US$ 500 milhões para a variedade. O aporte conta com recursos dos fundos Abu Dhabi Investment Group (ADIG), dos Emirados Árabes, e General Finance, dos Estados Unidos.

Batista afirma que a planta produz de duas a três vezes mais etanol por hectare, e de 10 a 12 vezes mais biomassa por hectare. Luis Rubio, CEO da BRXe e sócio do empresário, explica que há 17 variedades ou clones, com a melhor delas sendo a SC157070. Ele afirma que o projeto deve começar a gerar caixa em 2028.

Na mesma semana que o projeto recebeu a promessa de aporte, o CEO da Cosan (CSAN3), Rubens Ometto, disse que a companhia já trabalhou em cima do projeto da super cana e decidiu abortar os planos. Para ele, a verdadeira inovação do setor fica por conta do etanol de segunda geração (E2G).

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Quanto o Brasil produziria de etanol trocando a cana pela “super cana”?

A StoneX estima que, somando Centro-Sul e Norte-Nordeste, a produção de etanol no Brasil deve atingir 37,4 bilhões de litros em 2024/2025. Desse montante, o etanol de milho deve contar com cerca de 8,33 bilhões de litros, 22,3% do total nacional.

Quanto aos números de 2025/2026, a consultoria ainda não conta com estimativas para o Norte-Nordeste, que devem ser divulgadas em maio/julho.

“Podemos assumir Norte-Nordeste constante em etanol de cana. Para este ano, está programada a abertura da Inpasa em Balsas (MA) agora em março, e uma outra usina de milho, mais para o final de 2025, no Pará. Temos uma expectativa de entrada do etanol de milho ao redor 0,3 bi de litros no Nordeste em 2025 (não é uma estimativa oficial ainda, mas podemos considerar para o cálculo)”, explica Marcelo Bonifácio, analista da StoneX.

Com isso, o Brasil atingiria uma produção total de etanol de 37,1 bilhões de litros em 2025/2026, com o biocombustível a partir do milho respondendo por 10,1 bilhões de litros, representando 27% do mercado”

Dessa maneira, considerando os números de 2024/2025 para o etanol de cana, o Brasil poderia sair de 37,4 bilhões de litros para algo entre 74,8 – 112,2 bilhões de litros. Em relação ao ciclo 25/26, a projeção seria de 74,2 – 111,3 bilhões de litros. 

Em conversa ao Money Times, Rubio disse que não acha razoável comparar a “super cana” com o milho. “O milho é uma outra história bem diferente, uma cultura de safrinha, que você produz e usa o ano inteiro”.

De acordo com dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), 1 tonelada de milho consegue produzir entre 380 litros e 410 litros de etanol, enquanto 1 tonelada de cana produz 43 litros do biocombustível.

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