
O governo federal pretende elevar o percentual de etanol na gasolina ainda em 2025. Atualmente fixado em 27%, a proposta do Ministério de Minas e Energia (MME) é aumentar a mistura para 30%, seguindo uma tendência global de incentivo a combustíveis renováveis.
A iniciativa foi impulsionada por um estudo do Instituto Mauá de Tecnologia, divulgado nesta segunda-feira (17), que atestou a viabilidade técnica da mudança. Segundo o levantamento, a nova proporção não prejudica o desempenho dos veículos e é segura para as frotas em circulação no país.
“O E-30 (30% de etanol na gasolina) é seguro para as frotas e não compromete o desempenho dos veículos. Levaremos ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a proposta de ampliação progressiva da mistura”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante o evento de divulgação do estudo.
Mais etanol na gasolina: redução de preços e impacto ambiental
A justificativa do governo para a medida é dupla:
- Tornar a gasolina mais barata para os consumidores, já que o etanol é mais acessível do que a gasolina pura.
- Diminuir a dependência de combustíveis fósseis, promovendo uma maior sustentabilidade e redução na emissão de gás carbônico (CO₂).
A proposta será encaminhada para análise e aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão responsável por regulamentar mudanças na composição dos combustíveis. A decisão final deve ser oficializada entre março e abril de 2025.
Tendência global e apoio ao setor de biocombustíveis
A ampliação da participação do etanol na gasolina acompanha um movimento mundial de transição energética. Países como Estados Unidos e Brasil são referências na produção e no uso de biocombustíveis, e a medida pode impulsionar ainda mais a produção nacional de etanol, beneficiando o setor agrícola e a economia interna.
A mudança só foi possível graças à sanção, no ano passado, do projeto Combustível do Futuro, que autoriza a mistura de até 35% de etanol na gasolina.
Com a iniciativa, o governo busca equilibrar os interesses do consumidor, da indústria de biocombustíveis e da agenda ambiental, marcando mais um passo rumo a uma matriz energética mais sustentável no Brasil.
Brasil autossuficiente?
Pedro Rodrigues, diretor do CBIE, avalia que o aumento da mistura de etanol de 27% para 30% pode ter um impacto relevante e, possivelmente, ser suficiente para eliminar a necessidade de importação de gasolina. No entanto, ele destaca que o Brasil já importa pouca gasolina em comparação ao diesel. “O aumento de 3 pontos percentuais na mistura de etanol pode reduzir ainda mais essa dependência externa, mas também coloca em evidência a capacidade de produção interna do biocombustível, que varia conforme a safra da cana-de-açúcar, o mercado de açúcar e a política de preços do setor”, explica Rodrigues. Ele ressalta que, para alcançar autossuficiência de forma sustentável, seria necessário um planejamento de longo prazo, incluindo incentivos à produção, investimentos em infraestrutura e medidas para reduzir a volatilidade dos preços do etanol.
Além do impacto na autossuficiência energética, Rodrigues, destaca que o aumento da mistura de etanol na gasolina também representa um avanço na agenda ambiental do Brasil. “A maior presença de biocombustível na matriz energética reduz a emissão de gases de efeito estufa, contribuindo para o compromisso do país com a transição energética e o combate às mudanças climáticas”, afirma Rodrigues. No entanto, ele alerta que a efetividade da medida dependerá de uma fiscalização rigorosa para garantir que as distribuidoras cumpram a mistura obrigatória, evitando fraudes que possam comprometer os benefícios ambientais esperados.
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