Selic a 14,25%: Copom não tem margem para qualquer outra decisão senão elevar juros em 1 p.p., diz BTG

O Comitê de Política Monetária (Copom) não tem margem para tomar qualquer outra decisão senão seguir o guidance indicado na reunião passada, afirma o BTG Pactual. Com isso, os diretores devem elevar a Selic em 1 ponto percentual (p.p.), para 14,25% ao ano, nesta quarta-feira (19).

Em janeiro, após aumentar os juros para 13,25%, o Copom indicou mais uma alta de 1 p.p. na taxa na decisão de março. No entanto, eles deixaram a porta aberta para novos ajustes a partir de maio.

O economista e estrategista-macro do BTG, Álvaro Frasson, diz que o Comitê terá a importante tarefa de manter uma comunicação hawkish (dura) na reunião desta semana, antecipando ou não as próximas decisões da política monetária.

Frasson destaca que, desde janeiro, os dados agregados de atividade econômica mostraram uma desaceleração em curso. “Seja pelo Produto Interno Bruto (PIB) do 4T24, mais fraco em razão de uma inesperada retração no consumo das famílias, seja pelos dados setoriais de janeiro, quase todos abaixo do esperado e com revisões baixistas na série histórica, o cenário tem sido favorável a narrativa de perda de tração econômica”.

No entanto, ele diz que as últimas leituras do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mantêm a narrativa de uma inflação corrente “pressionada e difusa”. Além disso, pontua que as
expectativas seguem com “significativa desancoragem”.

“Se não há clareza sobre esta inflexão em um ambiente de forte desancoragem das expectativas de inflação, a decisão mais prudente para um Comitê implicitamente data dependent seja uma comunicação bastante dura e sem antecipações explícitas sobre os passos futuros”, afirma.

O economista ressalta ainda que, se seguir esse posicionamento, o Banco Central (BC) conquistará credibilidade e graus de liberdade.

Ciclo de alta da Selic deve continuar

Na análise do BTG Pactual, o Copom deve manter o ciclo de alta nos juros até os 15,25% ao ano. O banco espera também que a Selic feche 2025 nesse patamar.

Após uma eventual alta de 1 p.p. na taxa em março, são esperados mais dois aumentos de 0,50 p.p. na taxa nas reuniões seguintes.

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A projeção se baseia na forte desancoragem das expectativas de inflação, que prepondera em um ambiente de elevada incerteza, tanto no cenário externo em razão dos efeitos imprecisos dos choques tarifários quanto no ambiente doméstico pelas indefinições sobre medidas de crescimento econômico.

O BTG vê espaços para cortes na Selic apenas em 2026, ano em que a taxa deve cair para o patamar de 12%.

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