ISLA e o poder das bolsas: desejo, identidade e a sua nova fase

Fundada há quase duas décadas, a ISLA se consolidou no mercado de bolsas e acessórios como uma marca que une sofisticação e autenticidade. Mas antes de sua criação, Silvia Monteiro, fundadora da marca, percorreu um caminho cheio de reviravoltas até encontrar sua verdadeira paixão. Em entrevista ao Steal The Look, ela relembra sua trajetória, como tudo aconteceu de maneira natural, seus próximos passos e desejos para a marca.

Mulher em pose elegante, usando casaco xadrez, segurando bolsa dourada ISLA esférica, em corredor luxuoso.

Foto: Silvia Monteiro (Reprodução/Instagram)

Onde tudo começou

“Foi um caminho bem orgânico, foi acontecendo de uma forma muito natural, bem espontânea”, conta Silvia. Durante a adolescência, ela teve a oportunidade de trabalhar como modelo, o que despertou sua curiosidade pelo mundo da moda — mas nos bastidores. “Eu era aquela que ia para os showrooms, ia para a fábrica, e quando chegava a hora de atender o cliente, eu estava lá dentro, tentando entender o que estava acontecendo.” Esse olhar atento para a operação fez com que sua relação com a moda fosse muito além da estética: ela queria entender como tudo funcionava.

Apesar desse envolvimento, a decisão sobre sua carreira não foi tão simples. Silvia sempre teve um interesse genuíno por arte e estética, mas também carregava consigo a forte tradição mineira de suas raízes no interior. “Quando fui escolher a faculdade, tive muitas dúvidas. Gosto muito de arte, então fui fazer arquitetura. Já no primeiro período, tentei publicidade também, porque achei que arquitetura não me prenderia.” Depois de um tempo, percebeu que também não queria seguir na arquitetura e acabou se formando em publicidade e administração.

Seu primeiro contato direto com o mercado veio através de uma amiga: “Ela que me fez um convite, na verdade, uma proposta daquelas: ‘Minha mãe tem uma fábrica de sapatos e eu não entendo nada disso. Você tem super bom gosto, já foi modelo, entende de moda, vem me ajudar!’” O que começou como uma tentativa de ajudar acabou sendo sua porta de entrada definitiva para o setor. “Fui meio que para ajudá-lo e acabei sendo ajudada, porque encontrei minha grande vocação.”

A vontade de empreender veio um pouco depois, com propostas e convites que impulsionaram a criação da ISLA. “Foi uma convergência de várias áreas que eu tinha interesse, e fui me descobrindo. Nunca cursei moda, nunca fiz um curso específico, mas as coisas foram acontecendo e eu fui me encontrando.”

A Isla passou por uma evolução significativa nos últimos 17 anos, e a pandemia foi um ponto de virada crucial. Antes desse período, a marca já possuía uma identidade forte no mercado de festa, mas foi com as mudanças e desafios desse cenário que ela se reinventou de maneira ainda mais consciente e inovadora. A decisão de manter os fornecedores e fortalecer relações já estabelecidas foi essencial, demonstrando um compromisso com a fidelidade e a qualidade. Além disso, a reativação de parcerias estratégicas, como a colaboração com um fornecedor indiano especializado em bordados e uma fábrica no Rio Grande do Sul, abriu espaço para novas possibilidades e uma fusão de know-hows que trouxe um diferencial único para a marca.

O período pós-pandemia também impulsionou a ISLA a revisitar suas origens e explorar oportunidades dentro de sua própria rede. Um dos grandes marcos dessa fase foi o trabalho com resíduos têxteis, aproveitando materiais disponíveis no setor têxtil próximo à sua região de origem. Esse movimento não apenas contribuiu para um processo mais sustentável, mas também impactou positivamente comunidades locais. Mulheres de uma vila de mineração, que antes tinham sua renda atrelada ao turismo e à produção artesanal de itens pouco valorizados, foram capacitadas e integradas à cadeia produtiva da marca. O crescimento desse projeto, de duas tecelãs iniciais para um grupo de 40 mulheres, transformou vidas e reforçou o compromisso da ISLA com a valorização do trabalho manual e a sustentabilidade.

O futuro da ISLA

Outro passo importante foi a criação do monograma da marca. Inicialmente, o desenvolvimento de um padrão exclusivo não era um plano definido, mas surgiu como uma necessidade natural no processo de expansão e fortalecimento da identidade da Isla. Inspirado no universo marinho, um dos pilares criativos da marca, o monograma foi pensado para ir além do comercial: ele carrega a história e o DNA da Isla. Seu primeiro formato foi um Jacquard artesanal, que se tornou um verdadeiro símbolo da marca e quase uma estampa, usado de forma estratégica para manter o caráter artesanal e exclusivo das peças.

Agora, a marca se prepara para um novo desafio: o desenvolvimento do monograma em canvas, um material mais resistente e versátil, ampliando ainda mais as possibilidades de aplicação, previsto para ser lançado ainda esse mês. Esse movimento reafirma o compromisso da marca em manter suas raízes enquanto evolui e acompanha as necessidades do mercado. O monograma da Isla não é apenas um elemento gráfico, mas sim uma representação autêntica de sua jornada e essência.

Uma mulher em vestido rendado segura bolsa em forma de borboleta em ambiente elegante.

Foto: Silvia Monteiro (Reprodução/Instagram)

Mas o que faz uma bolsa se tornar icônica? A resposta não está apenas na funcionalidade. “É um somatório de fatores que não estão atrelados à usabilidade, mas ao que ela desperta em nós. É sobre desejo, empoderamento e arte,” pontua. Algumas bolsas se tornam best-sellers não porque são práticas, mas porque evocam emoções, criam status e ultrapassam coleções, consolidando-se como verdadeiros ícones.

Se as bolsas têm esse poder transformador, o sonho de qualquer designer é ver suas criações conquistando esse status. “Meu sonho é um dia chegar a uma festa e ver todas as mulheres usando Isla, cada uma do seu jeito, vivendo sua identidade através da marca.” Mais do que números e metas de crescimento, a visão da fundadora é sobre representatividade e diversidade. “Quero ver Isla sendo um reflexo de cada mulher. Esse é o objetivo final.”

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