Itaú BBA Adota Visão Otimista para o Agronegócio Brasileiro, Dizem Seus Analistas

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O setor agropecuário brasileiro segue atravessando um período de ajustes e desafios estruturais, impulsionado por dinâmicas globais de oferta e demanda, variações cambiais e condições climáticas adversas. O mais recente relatório “Agri Monitor, do Itaú BBA, publicado na terça-feira (18) e conduzido por Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto, analistas de investimentos e especializados no setor de agronegócio, alimentos e bebidas, apresenta uma análise detalhada sobre os mercados de soja, milho, algodão, açúcar e etanol, além de insumos agrícolas.

De modo geral, o Itaú BBA adota uma visão estruturalmente otimista para o agronegócio brasileiro, embora com uma abordagem seletiva. No segmento de grãos e fibras, por exemplo, a instituição destaca empresas como SLC Agrícola, 3tentos e Boa Safra em relação a BrasilAgro e Vittia. Já no setor de açúcar e etanol, a preferência recai sobre São Martinho em detrimento de Adecoagro.

Os analistas destacam, também, que no final de fevereiro, a ICE (Intercontinental Exchange), a bolsa de valores especializada no comércio de contratos futuros e derivativos de diversas commodities, incluindo açúcar, café, algodão, petróleo e gás natural, registrou o maior volume de entrega física de contratos de açúcar, sugerindo dificuldades dos vendedores em encontrar melhores condições no mercado físico.

Esse movimento impactou os preços em Nova York, que caíram 12% até a primeira semana de março. Ao mesmo tempo, produtores asiáticos como Índia e Tailândia expandiram suas áreas de produção, aumentando a preocupação sobre a oferta global de açúcar.

No caso do Brasil, as condições climáticas mais secas impulsionaram uma leve recuperação dos preços nos últimos dias. No mercado de etanol, espera-se que a paridade com a gasolina se aproxime de 70%, incentivando o consumo, enquanto os estoques elevados nas usinas apontam para uma estratégia de comercialização voltada para captura de preços mais altos no futuro.

Confira os detalhes do Itaú BBA para as principais commodities:

Soja

A projeção de produção de soja no Brasil foi revisada pela Conab para 167,4 milhões de toneladas, impulsionada pelo aumento na produtividade em todas as regiões, exceto no Sul, onde a incerteza climática afeta o potencial produtivo. No Rio Grande do Sul, o rendimento das lavouras permanece incerto, enquanto em Mato Grosso a colheita foi acelerada para compensar um início tardio.

Apesar do aumento na produção, os preços da soja registraram queda de 9% em março na Bolsa de Chicago (CBOT), refletindo a expansão da área plantada nos EUA e os impactos de disputas comerciais entre China e EUA. No Brasil, o prêmio da soja sobre a CBOT aumentou, impulsionado pelo câmbio e pela melhoria na relação de troca para insumos.

Milho

O plantio tardio da soja deslocou cerca de 15% do milho de segunda safra para fora da janela ideal, resultando em um aumento de 6% nos preços do grão em março, marcando o oitavo mês consecutivo de valorização no mercado interno.

Em contrapartida, o preço do milho na CBOT recuou devido ao aumento das projeções de área plantada nos EUA e à possibilidade de ampliação das exportações da Rússia e Ucrânia. Essa discrepância resultou em uma ampliação do prêmio brasileiro sobre Chicago, beneficiando produtores locais. A aceleração do plantio do milho em Mato Grosso foi registrada, mas parte significativa da lavoura ainda foi semeada fora do período ideal.

Algodão

Os preços do algodão em Nova York caíram pelo quinto mês consecutivo, reflexo do aumento na expectativa de produção na China. No Brasil, os valores subiram cerca de 2% no primeiro trimestre de 2025, enquanto Nova York registrou uma desvalorização de aproximadamente 6%.

O ritmo de exportação brasileira atingiu recordes mensais, mas os preços médios no mercado internacional seguem pressionados. Em Mato Grosso, a comercialização da safra de algodão se acelerou em março, impulsionada pela leve recuperação dos preços internos.

Insumos Agrícolas

Os preços dos fertilizantes apresentaram variações mistas em fevereiro: a ureia caiu 4% no mercado internacional, enquanto o cloreto de potássio subiu 5%. O MAP permaneceu estável, mas em patamares elevados. No Brasil, a relação de troca para o milho melhorou, acompanhando a valorização do grão, enquanto para a soja houve piora devido à desvalorização dos preços da oleaginosa.

Vale registrar que o MAP (Monoamônio Fosfato), tipo de fertilizante amplamente utilizado na agricultura, é uma fonte importante de fósforo e nitrogênio para as lavouras, sendo um insumo essencial para culturas como soja, milho e algodão. Seu preço é analisado junto ao de outros fertilizantes, como ureia e cloreto de potássio. Os preços desses produtos geralmente são cotados em mercados de frete internacional ou por meio de contratos privados entre produtores e compradores.

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