Sobre as dores e as delícias de ser mulher

Eu nasci mulher, mas ninguém me ensinou o que isso realmente significa. No entanto, a cada dia da minha existência, a vida por si só tem me mostrado. Existe algo intrínseco, ancestral, que carregamos no colo, mas que nem todas têm o privilégio de acessar — principalmente em uma sociedade que, muitas vezes, não nos encoraja a isso.

Ser mulher é experimentar um pouco de todos os sabores que a vida oferece:

– amargo quando nos silenciam;

– salgado quando acessamos nosso poder;

– azedo quando tentam nos diminuir; 

– porém também doce, muito doce quando abrimos o peito e nos deixamos transbordar.

Leia também: “Tá todo mundo na Europa, menos eu”: por que nos comparamos tanto?

Foto: Sobre ser mulher (Pinterest)

Ser mulher é ser parte da natureza de uma forma mágicamente animalesca. Temos ciclos como as estações, fases como a lua, intuição como os animais e, mais forte ainda, temos a capacidade de criar vida dentro de nós.

Não serei ingênua ao ponto de afirmar que todas as mulheres da nossa vida nos farão bem. Infelizmente, algumas das minhas dores mais profundas vieram de relacionamentos distorcidos e intoxicados pelo patriarcado com mulheres que cruzaram meu caminho. Porém, felizmente, também tive a sorte de descobrir que o antídoto para essa dor também vem do amor de outras mulheres.

Eu acredito sim, em um mundo onde homens e mulheres possam encontrar equilíbrio em suas relações. Muitos homens também me proporcionaram uma qualidade de amor profundo e restaurador. Mas o amor verdadeiro vindo de uma mulher… esse amor tem algo a mais.

É um amor de mãe, que não se mede.

amor de avó, que atravessa o tempo e o espaço.

amor de tia, que acalenta.

amor de irmã, que fortalece.

amor de prima, que compreende.

amor de amiga, que completa.

Leia também: A dualidade de ocupar espaços

Foto: rayvin huger (Pinterest)

Quando honro e percebo o amor que sinto pelas minhas amigas mulheres, percebo que poucas coisas na vida podem ser tão puras. Também não se engane: podemos ter muitas amigas incríveis, mas aquelas… sabe aquelas? Aquelas são poucas, fieis, profundas, reais.

É um amor que não precisa de palavras, só de um olhar.
amor que não tem hora, tem presença.
amor que ultrapassa diferenças e preenche espaços que somente uma mulher pode preencher.

O amor de mulher cuida — mas não nesse lugar óbvio, onde nos tentaram convencer de que é um cuidado submisso. É um cuidado suave, mas que vem carregado de força, história e cicatrizes que só nós — entre nós — entendemos.

Honre o amor entre as mulheres da sua vida.
Cultive, respeite, cuide.
Cure-se e cure outras com gestos de carinho, palavras de amor e escuta atenta.

Temos muito mais poder do que imaginamos.
Carregamos a força vital dentro de nós.
Então, que sejamos gestantes da vida que sonhamos.

Para assinar a newsletter do Escuta Ela, clique aqui. 

Leia também: Você não vai dar conta de tudo