Uso frequente do ChatGPT pode aumentar a solidão, diz novo estudo da OpenAI e do MIT

Celular e solidão
Pesquisa da OpenAI e do MIT acompanhou o comportamento de mil usuários frequentes do ChatGPT durante um mês para avaliar o impacto da tecnologia no sentimento de solidão. Foto: GettyImages

O uso mais frequente de chatbots como o ChatGPT pode estar associado a um aumento na solidão e menos tempo gasto socializando com outras pessoas, de acordo com uma nova pesquisa da OpenAI em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

Aqueles que passaram mais tempo digitando ou falando com o ChatGPT todos os dias tendiam a relatar níveis mais altos de dependência emocional e uso problemático do chatbot, além de níveis aumentados de solidão, de acordo com o estudo divulgado na sexta-feira (21). As descobertas fazem parte de um conjunto de pesquisas conduzidas pelas duas organizações e ainda não passaram por revisão de pares.

O lançamento do ChatGPT no final de 2022 ajudou a desencadear um frenesi em torno da inteligência artificial generativa. Desde então, as pessoas têm usado chatbots para tudo, de escrita de códigos de programação a sessões de terapia simuladas.

À medida que desenvolvedores como a OpenAI lançam modelos mais sofisticados e recursos de voz que os tornam melhores na imitação da forma como os humanos se comunicam, há, sem dúvida, mais potencial para a formação de relacionamentos parasociais com esses chatbots.

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Metodologias

Para conduzir os estudos, os pesquisadores acompanharam quase mil pessoas durante um mês. Os participantes tinham uma ampla gama de experiências anteriores com o ChatGPT e foram aleatoriamente designados a usar uma versão apenas de texto ou uma das duas opções baseadas em voz para usar por pelo menos cinco minutos por dia. Alguns foram instruídos a realizar chats abertos sobre qualquer coisa que quisessem; outros, a ter conversas pessoais ou não pessoais com o serviço.

Os pesquisadores descobriram que pessoas que tendem a se envolver emocionalmente mais em relacionamentos humanos e que confiam mais no chatbot são mais propensas a se sentirem sozinhas e mais dependentes emocionalmente do ChatGPT. Os pesquisadores não encontraram evidências de que uma voz mais envolvente levasse a resultados mais negativos, disseram eles.

No segundo estudo, os pesquisadores usaram software para analisar 3 milhões de conversas de usuários com o ChatGPT e também realizaram pesquisas sobre como as pessoas interagem com o chatbot. Eles descobriram que muito poucas pessoas realmente usam o ChatGPT para conversas emocionais.

Impacto na saúde mental

Nos últimos meses, houve preocupações renovadas sobre os possíveis danos emocionais dessa tecnologia, especialmente entre usuários mais jovens e aqueles com problemas de saúde mental. A Character Technologies foi processada no ano passado após seu chatbot supostamente encorajar ideias suicidas em conversas com menores, incluindo um adolescente de 14 anos que tirou a própria vida.

A OpenAI, com sede em San Francisco, vê os novos estudos como uma maneira de entender melhor como as pessoas interagem com e são afetadas por seu popular chatbot.

“Alguns de nossos objetivos aqui têm sido realmente empoderar as pessoas para entender o que seu uso pode significar e realizar este trabalho para informar um design responsável”, disse Sandhini Agarwal, que lidera a equipe de IA confiável da OpenAI e é uma das co-autoras da pesquisa.

Mais estudos são necessários

As pesquisas na área ainda estão nos estágios iniciais e ainda é incerto quanto os chatbots podem causar sentimentos de solidão nas pessoas versus quanto podem exacerbar esses sentimentos em pessoas predispostas à solidão e dependência emocional.

Cathy Mengying Fang, co-autora do estudo e estudante de pós-graduação no MIT, disse que os pesquisadores estão cautelosos com as pessoas usando os resultados para concluir que um uso maior do chatbot necessariamente terá consequências negativas para os usuários.

O estudo não controlou a quantidade de tempo que as pessoas usaram o chatbot como fator principal, ela disse, nem comparou com um grupo de controle que não usa chatbots.

Os pesquisadores esperam que o trabalho leve a mais estudos sobre como os humanos interagem com a IA. “Focar na IA em si é interessante”, disse Pat Pataranutaporn, co-autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado no MIT. “Mas o que é realmente crítico, especialmente quando a IA está sendo implantada em larga escala, é entender seu impacto nas pessoas.”

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