Novo tratamento menos invasivo pode curar hipertensão causada por disfunção hormonal


Técnica pode se tornar uma alternativa à cirurgia tradicional, que remove toda a glândula adrenal afetada. Hipertensão atinge três em cada dez brasileiros
Divulgação/Ascom PMP
Médicos no Reino Unido desenvolveram um tratamento inovador para tratar a hipertensão arterial causada pelo aldosteronismo primário, condição responsável por 5% dos casos de pressão alta. A técnica, chamada Terapia Térmica Direcionada (Triplo T), foi testada com sucesso e pode se tornar uma alternativa menos invasiva à cirurgia tradicional (leia mais abaixo). Os achados foram publicados na revista “The Lancet” em fevereiro.
“O aldosteronismo primário ocorre quando as glândulas adrenais produzem aldosterona em excesso. Esse hormônio regula os níveis de sódio e potássio no organismo, e seu desequilíbrio pode levar à hipertensão arterial”, explica Luiz Bortolotto, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Hipertensão e diretor da Unidade de Hipertensão do InCor.
Bortolotto, que não participou do estudo, ressalta que essa é uma das causas de hipertensão secundária, tipo que tem origem em condições específicas e pode ser revertido quando tratado corretamente.
Como funciona o novo tratamento
No estudo, os pesquisadores testaram o Triplo T em 28 pacientes diagnosticados com aldosteronismo primário. A técnica utiliza ablação por radiofrequência guiada por ultrassom endoscópico para destruir pequenos nódulos nas glândulas adrenais, responsáveis pelo excesso de produção da aldosterona.
Atualmente, o tratamento mais eficaz para a condição é a cirurgia convencional, que remove toda a glândula adrenal afetada. No entanto, essa abordagem pode trazer riscos e exige um período de recuperação prolongado. Já o Triplo T preserva o tecido saudável, reduzindo complicações e acelerando a recuperação dos pacientes.
Seis meses após o procedimento, a maioria dos participantes apresentou normalização nos níveis hormonais. Além disso, muitos puderam interromper o uso de medicamentos para hipertensão, e a condição não voltou a ocorrer.
Próximos passos
Um outro estudo, envolvendo 120 pacientes, está em andamento para comparar o Triplo T com a cirurgia tradicional. Os resultados são esperados para 2027.
“Se o diagnóstico do aldosteronismo primário for feito precocemente e o tratamento adequado for realizado, seja com cirurgia ou com essa nova técnica, pode haver possibilidade de cura da hipertensão”, destaca Bortolotto.
Se os resultados forem confirmados, a nova abordagem pode representar um grande avanço no tratamento da hipertensão secundária, oferecendo uma opção menos agressiva para os pacientes.
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