Tutancâmon pode ter inventado o ritual do “Despertar de Osíris”

Nicholas Brown, egiptólogo da Universidade de Yale, pode ter feito uma nova descoberta sobre a tumba faraônica de Tutancâmon, o “menino-rei” — ele teria sido o primeiro faraó a passar pelos ritos funerários responsáveis por reanimar o corpo mumificado no além-vida.

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O ritual, conhecido como “Despertar de Osíris”, tinha como objetivo facilitar a transformação do monarca no deus egípcio do submundo, algo que garantiria sua imortalidade no mundo espiritual.

Parte das evidências está na presença de quatro cetros dourados na tumba, conhecidos como emblemas pedj-aha, que lembram o hieróglifo egípcio “res”. Isso indicaria, segundo Brown, uma conexão com o antigo texto egípcio “Livros do Submundo e do Céu”, no qual o deus Hórus levanta o símbolo res para reviver a múmia de um faraó falecido, que, então, toma a forma do deus Osíris.


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Despertar de Osíris e Tutancâmon

A primeira forma do texto em questão, relevantemente, só surgiu décadas após a morte de Tutancâmon, algo que levou os cientistas a ignorarem os cetros do túmulo. Segundo Brown, no entanto, sua presença seria a primeira evidência arqueológica do ritual, com boas razões para acreditar que ele teria sido inventado especificamente para o faraó.

Howard Carter no momento do encontro da tumba de Tutancâmon (Imagem: Griffith Institute/University of Oxford)
Howard Carter no momento do encontro da tumba de Tutancâmon (Imagem: Griffith Institute/University of Oxford)

Para isso, soma-se o fato de que o pai de Tutancâmon, Aquenaton, havia renegado os deuses egípcios em favor de criar uma nova religião monoteísta. A restauração instituída por Tut incluiu não só restaurar a religião estatal politeísta anterior e reabrir seus templos, mas também restaurar crenças mais tradicionais sobre o além-vida e rituais e ritos funerários relacionados.

O embalsamamento incomum de Tutancâmon teria sido, também, uma forma de enfatizar sua natureza de novo Osíris transfigurado, mais do que em enterros anteriores. Os embalsamadores do faraó, por exemplo, fizeram um grande esforço para mumificar o pênis em uma posição ereta, significando, possivelmente, uma conexão com os poderes regenerativos de Osíris.

Brown também reavaliou quatro cochos de argila próximos da cabeça de Tut no sarcófago, colocando um significado ritual alternativo neles — Howard Carter, egiptólogo que descobriu a tumba, acreditava se tratarem de símbolos pedj-aha. Eles também estavam sobre esteiras de junco, um simbolismo ritual forte.

A argila dos cochos, além disso, vem da lama do rio Nilo, outra conexão com Osíris, que era Senhor das Terras do Egito. O rico solo das inundações do Nilo, então, significava fertilidade e regeneração. Tudo isso, mais do que nunca, reafirmava a posição de Tutancâmon não só como um rei divino, mas também como o próprio Osíris no além-vida.

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