Polícia de Portugal prende brasileiros que transportavam drogas em submarino


A bordo, quase sete toneladas de cocaína. Esta é a maior apreensão de uma embarcação do tráfico na história do continente europeu, segundo a polícia portuguesa. Polícia de Portugal prende brasileiros que transportavam drogas em submarino
Reprodução/TV Globo
A apreensão de um submarino carregado de cocaína em Portugal – e com brasileiros a bordo – mobilizou policiais dos dois países nesta semana. O Bruno Tavares e o Leonardo Monteiro trazem os detalhes.
O submarino de 18 m de comprimento foi interceptado em pleno Oceano Atlântico, a quase mil quilômetros ao sul do arquipélago dos Açores. A bordo, quase sete toneladas de cocaína e cinco tripulantes – três brasileiros, um colombiano e um espanhol. Os brasileiros já foram identificados. Segundo as autoridades são: Nelson de Pascoa Correa, de 61 anos, José Mauro Gonçalves, de 52 anos, e Maikon Reais da Silva, de 38 anos. Todos são do Pará. Eles foram interrogados nesta quinta-feira (27) pela polícia portuguesa.
“Este submergível é o primeiro que temos conhecimento a ser apreendido em pleno oceano. Estas embarcações são construídas em estaleiros artesanais ilegais em territórios imensos, depois é colocá-los na água”, diz Luís Neves, diretor da Polícia Judiciária de Portugal.
A polícia portuguesa disse que esta é a maior apreensão de uma embarcação do tráfico na história do continente europeu. A investigação mobilizou polícias e agências de combate ao tráfico na Europa e nos Estados Unidos. Segundo os investigadores, o submarino saiu do Brasil, de Macapá, e o carregamento teria como destino final diversos países da Europa.
“Este é um rude golpe em uma organização criminosa, uma organização criminosa que procura encharcar a Europa de muita cocaína. A cocaína está na base de muito crime violento que se passa na Europa”, afirma Luís Neves, diretor da Polícia Judiciária de Portugal.
Em Portugal, a polícia descobriu que por trás dessas embarcações com tecnologia avançada estão organizações criminosas, como o PCC, que já é alvo de investigações das autoridades europeias pelo menos há cinco anos.
De lá para cá, cerca de 20 integrantes do PCC foram presos em Portugal. A prisão mais recente ocorreu há duas semanas. Uma investigação da Polícia Federal em Santos descobriu que um dos chefes do PCC na Baixada Santista estava vivendo – e praticando crimes – em Portugal. Gabriel Martinez Souza, conhecido como Fant, é suspeito de coordenar um grupo de mergulhadores para esconder cargas de cocaína no casco de navios cargueiros. Depois, esses mesmos mergulhadores iam para a Europa pegar a droga. Segundo a Polícia Federal, o PCC recruta mergulhadores experientes.
“Vai conhecendo, indicação, vê que a pessoa tem know-how nesse tipo de atividade de mergulho e a pessoa acaba sendo cooptada. Essa pessoa tinha conhecimento, conhecia a estrutura, e esse local que eles colocavam era um local perigoso, que se o navio fosse acionado, provavelmente, a pessoa seria sugada e viria a óbito. Então é um trabalho bem meticuloso e que requer uma experiência ali, um trabalho especializado mesmo”, afirma Rodrigo Perin Nardi, chefe da Polícia Federal em Santos.
Em 2024, a Polícia Federal apreendeu 700 kg de cocaína escondida em cascos de navios no Porto de Santos. Gabriel, o chefe dos mergulhadores, tem cidadania espanhola e se mudou para Portugal em setembro de 2021. Ele e a família moravam em uma mansão a 37 km de Lisboa. Agora, a Justiça de Portugal vai analisar o pedido de extradição de Gabriel para o Brasil.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa dos brasileiros presos em Portugal.
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