‘Nossos computadores estão derretendo’: criação de imagens ao estilo Studio Ghibli vira problema para OpenAI; usuários resgatam fala de Hayao Miyazaki sobre IA

Você deve ter se deparado com uma série de imagens nos últimos dias ao estilo de “desenhos japoneses antigos”. Essas características são marcantes do Studio Ghibli, responsável por filmes de animação populares nos anos 1990 e 2000, voltaram a pipocar aqui e ali na internet com a nova atualização do ChatGPT, da OpenAI

Há poucos dias, a OpenAI disponibilizou uma nova funcionalidade do ChatGPT que permitia a criação de imagens a partir de texto com o modelo GPT-4o. Assim, os usuários começaram a criar suas artes — desde memes até momentos marcantes da história e por aí vai. 

Porém, a empresa viu-se obrigada a remover esta funcionalidade devido à demanda gigantesca dos usuários. O próprio Sam Altman, CEO da OpenAI, afirmou que seria necessário reduzir temporariamente as taxas geração do ChatGPT para torná-lo mais eficiente. 

“É super divertido ver as pessoas criando imagens no ChatGPT. Mas nossas GPUs estão derretendo”, escreveu Altman no X, antigo Twitter.

Além disso, alguns usuários se aproveitaram da maior liberdade dessa nova funcionalidade para gerar imagens com figuras públicas, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ao levantar algumas restrições, Altman também se desculpou por ter barrado imagens que, em teoria, deveriam ser geradas sem maiores problemas; 

“Também estamos recusando algumas gerações que deveriam ser permitidas; estamos consertando isso o mais rápido possível”, escreveu o CEO da OpenAI. 

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“Ghibli Mania”, OpenAI e Hayao Miyazaki

A “Ghibli Mania” fez alguns usuários lembrarem de uma fala de um dos fundadores do estúdio, Hayao Miyazaki — responsável por filmes como Meu Amigo Totoro (1998), A Viagem de Chihiro (2001), O Castelo Animado (2004) e, mais recentemente, o vencedor do Oscar de melhor animação, O Menino e a Garça (2023). 

Em 2016, durante uma reunião onde foi apresentada uma tecnologia de inteligência artificial (IA), Miyazaki não demonstrou muito interesse pela funcionalidade.

“Todas as manhãs vejo um amigo meu que tem uma deficiência”, contou ele. “Para ele é muito difícil fazer um ‘high-five’, porque o braço dele tem um músculo duro e não consegue alcançar a minha mão. Agora, ao pensar nele, não consigo ver isto a achar interessante. Quem cria isto não faz ideia do que é a dor. Nunca desejaria incorporar esta tecnologia no meu trabalho, de qualquer modo”.

Miyazaki ainda afirmou que sente “fortemente que [esta tecnologia] é um insulto à própria vida”. 

Entre as características do estúdio, que tornam seu traço tão único entre as animações, está o fato de que os quadros são todos desenhados à mão, o que torna os desenhos mais fluídos, com uma imagem mais orgânica e cores vivas. 

Contudo, são lançados poucos filmes por ano justamente porque a técnica é pouco eficiente em comparação a tecnologias mais avançadas. Estima-se que para produções como “Meu Amigo Totoro”, os desenhistas conseguem entregar apenas um minuto de animação por mês — ou 12 minutos por ano — para um filme de 1h26min. 

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