Fundo pede renovação do conselho do GPA em meio a avanço de Tanure

O GPA, dono da rede Pão de Açúcar, informou neste domingo (30) que recebeu um pedido formal para convocar assembleia geral extraordinária com o objetivo de destituir integralmente seu conselho de administração, que tem mandato até agosto de 2026, e eleger novos membros. A solicitação foi feita pelo fundo de investimento Saint German, gerido pela Trustee Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.

O pedido chega em um momento estratégico: o empresário Nelson Tanure vem ampliando sua participação na companhia e articulando apoios para aumentar sua influência no controle do GPA, com planos de eventualmente promover uma fusão com o supermercado Dia, que adquiriu em dezembro de 2024 por meio do fundo Lyra II.

Novos nomes

A chapa sugerida pelo fundo propõe um conselho com nove membros, mantendo o mesmo número da atual composição, para um mandato unificado de dois anos. 

Entre os nomes indicados, três já fazem parte do atual conselho: Ronaldo Iabrudi (que seria mantido como presidente), Christophe José Hidalgo (como vice-presidente) e Marcelo Pimentel, atual CEO do grupo.

Os outros seis nomes indicados para compor o conselho como membros independentes são: Helene Esther Bitton, Rodrigo Tostes, Pedro de Moraes Borba, Líbano Miranda Barroso, Eliana Ambrósio Chimenti e Sebastián Dario Los.

Tanure de olho

Embora não existam registros de que o fundo Saint German seja ligado a Tanure, a gestora Trustee é conhecida por trabalhar em operações em conjunto com o empresário. 

Segundo informações publicadas pela Exame na sexta-feira (28), Nelson Tanure teria obtido apoio para indicar três nomes para o conselho da varejista, em uma articulação para aumentar sua influência na companhia.

A presença de Rodrigo Tostes entre os indicados reforça essa conexão, já que ele atualmente ocupa o cargo de CFO da Light, empresa controlada por Tanure.

Tanure detém aproximadamente 10% do capital do GPA, considerando sua posição em derivativos e uma fatia de 5,7% em ações. A participação, por si só, daria direito a indicar dois nomes para o conselho.

Fusão com o Dia

O empresário estaria em conversas com o Casino, maior acionista do GPA com participação de 22,5%, buscando apoio para sua estratégia no curto prazo. O grupo francês, que passa por reestruturação financeira, já classificou o GPA como “ativo para venda” em seu balanço.

O objetivo final de Tanure seria promover uma fusão entre o GPA e a rede Dia.

Entretanto, um obstáculo significativo para essa estratégia é a cláusula de poison pill presente no estatuto do GPA, que obriga qualquer acionista que atinja participação acima de 25% a fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para todos os acionistas.

Pilares estratégicos

O documento apresentado pelo fundo afirma que “não tem intenção de alterar substancialmente o direcionamento geral dos negócios sociais”, mas defende que “a maximização do valor e do retorno aos acionistas deve ser o objetivo central das atividades da companhia”.

São destacados três pilares fundamentais para a nova gestão:

  • Redução do endividamento: O fundo sugere a venda de ativos não essenciais, reavaliação de investimentos e otimização do capital de giro;
  • Redução de contingências: Implementação de processos robustos para identificação e avaliação de riscos ligados a contingências legais, fiscais e trabalhistas;
  • Diminuição de custos e despesas: Continuidade e aprofundamento dos esforços para redução de aluguéis, custos corporativos e despesas gerais, mantendo a qualidade do atendimento aos clientes.

O GPA informou que, após analisar o pedido e verificar o cumprimento dos requisitos aplicáveis, convocará uma assembleia geral extraordinária para votação entre os acionistas.

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