Richard Chamberlain: relembre o “padre gato” de Pássaros Feridos e outros hits

Difícil encontrar alguém com menos de 50 anos que realmente se lembre dos momentos mais brilhantes de Richard Chamberlain, ainda assim, o ator que morreu no sábado (29) merece uma homenagem aos bons serviços prestados ao cinema e à TV, principalmente nos anos 1960. Foi nessa época em que ele brilhou muito, principalmente em séries nas telinhas.

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De acordo com seu assessor, Harlan Boll, Chamberlain, que completaria 91 anos nesta segunda-feira (31), morreu na noite do sábado (29) no Havaí. Os fãs das aventuras de Jason Bourne talvez não saibam que o ator foi o primeiro a encarnar o personagem, em 1988. E seu carisma e talento conquistaram imediatamente o público muito antes, nos anos 1960 quando interpretou o protagonista da série Dr. Kildare.

Foi nessa atração que Chamberlain ganhou o status de galã, e, em seguida, ele emplacou vários sucessos nas telinhas, com quatro indicações ao Emmy: como o protagonista da adaptação para de O Conde de Monte Cristo (1975), um navegador inglês no Japão do século XVII em Shogun (1981), um padre apaixonado em Pássaros Feridos (1983) e o diplomata sueco Raoul Wallenberg em Wallenberg: A História de um Herói (1985). 


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Chamberlain foi apelidado de “rei da minissérie” depois de aparecer em vários dramas de TV na década de 1980, e, no Brasil, esteve no meio de uma divertida briga por audiência entre a Globo e o SBT.

O padre gato vivia perto de fieis gatas (Imagem: Reprodução/ABC)

Uma de suas atrações, Pássaros Feridos, fez tanto sucesso por aqui que o SBT chegou a superar o grande carro-chefe da Globo na época, a novela Roque Santeiro — que nem era tudo isso, mas todo mundo tinha que ver por falta de mais telas no bolso ou em outro cômodos da casa senão na sala principal.

A Globo até tentou sabotar o magnetismo eufórico que Chamberlain tinha sobre as mulheres com seu “padre gato” em Pássaros Feridos, mas Silvio Santos debochou dessa ideia ao estabelecer que a série só entraria no ar depois do encerramento de Roque Santeiro — e a estratégia deu certo, já que o rosto religioso mais sedutor da paróquia agradava muito mais do que o jeca machão Sinhozinho Malta e a cafoníssima Porcina.

Chamberlain brilhou nos palcos e enfrentou a homofobia

O ator não foi apenas um rostinho bonito do padre gato de Pássaros Feridos, e comprovou isso também nos palcos, comprovando que sabia fazer ao vivo em papéis como o Professor Henry Higgins em Minha Bela Dama, o Capitão von Trapp em O Som da Música e Hamlet e Ricardo II de Shakespeare.

Richard Chamberlain só revelou publicamente que era gay aos 68 anos. Além de tempos ainda mais sombrios de homofobia, o ator também tinha que enfrentar a discriminação profissional — imagina um padre gato gay no meio dos anos 1980, em um período que ainda viam a homossexualidade como um doença.

A maioria de seus papéis foi como protagonistas românticos, por isso, ele temia que a revelação arruinasse sua carreira, em uma época em que a homofobia era muito mais agressiva e a falta de informações sobre sexualidade era absurda. Durante grande parte de sua vida, ele disse que fingia ser outra pessoa.

“Quando você cresce nos anos 1930, 1940 e 1950 sendo gay, não é apenas difícil, é simplesmente impossível”, ele disse ao New York Times em 2014. “Eu presumi que havia algo terrivelmente errado comigo. E mesmo me tornando famoso e tudo mais, ainda estava lá.” 

Richard Chamberlain teve uma carreira brilhante e morreu no sábado (29) devido a complicações de um derrame (Imagem: Reprodução/Disney)

Chamberlain disse que foi um tremendo alívio depois que ele reconheceu sua sexualidade em sua autobiografia de 2003, Amor Despedaçado: Uma Memória. “Eu não tinha mais medo”, disse em uma entrevista de 2019. “Foi uma experiência maravilhosa. As pessoas eram abertas, amigáveis ​​e doces.”

Depois de se assumir publicamente, interpretou personagens gays em programas de TV, incluindo Brothers & Sisters, Will & Grace e Desperate Housewives

Posteriormente, o ator  lançou um livro de poesia haikai em 2012 e narrou especiais de televisão ambientais da Audubon. Chamberlain morou no Havaí por muitos anos e teve um relacionamento de três décadas com o ator e escritor Martin Rabbett, seu colega de elenco no filme rival de Indiana Jones, Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido.

O casal se separou em 2010, mas seguiram como grandes amigos até seus últimos dias.

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