Como o Xbox evoluiu desde sua primeira versão

É basicamente impossível discutirmos sobre a indústria gaming sem citar o Xbox, a principal linha de consoles da Microsoft. O seu “X” já virou uma marca registrada tão grande quanto o “X da Xuxa”, atraindo uma verdadeira legião de fãs ao redor do planeta.

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Com franquias de sucesso, um hardware potente e muito investimento de Redmond, o Xbox se tornou uma linha consolidada entre os jogadores e carrega um gigantesco legado pelas mais de duas décadas em que esteve presente nas lojas e casas das pessoas.

Neste artigo vamos explicar melhor como o Xbox evoluiu, desde o lançamento do primeiro console de mesa até as versões mais recentes de seus dispositivos. Também destacamos os principais marcos dos consoles da Microsoft e seu impacto no mercado, ajudando a indústria a crescer ainda mais com o passar dos anos.


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Nascimento do Xbox

Estávamos em 2001, com a Sony e a Nintendo dominando o mercado de games. Com o PS2 e Nintendo 64 divertindo milhões de jogadores, nem mesmo a SEGA conseguiu alcançar as duas e se preparava para aposentar o Dreamcast (e sua produção de consoles) em definitivo. 

Imagem do primeiro Xbox
O primeiro Xbox chegou em meio a um período complexo da indústria gaming (Imagem: Reprodução/Microsoft)

Franquias como The Legend of Zelda, Medal of Honor, Resident Evil, Final Fantasy, Tomb Raider, Pokémon e algumas outras dominavam o mercado. Se algo foi estabelecido nos anos 90 era a liderança de um punhado de games, estes que definiriam a experiência que o público encontraria dali em diante.

E foi no meio desta consolidação que a Microsoft quis trazer o seu primeiro console de mesa: o Xbox. Seu conceito era apresentar uma experiência superior à vista nos demais, com possibilidade de conectar o videogame na internet para jogar com pessoas em todo o planeta e com gráficos acima daqueles que estavam presentes no mercado. 

Em termos de especificações, era possível ver que a companhia não entrou nessa por puro hobby. Ele batia os principais videogames da época, até o poderoso PS2 e o vindouro Nintendo GameCube, sem grandes dificuldades. Veja abaixo um comparativo:

Comparativo de consoles dos anos 2000
Xbox PS2 GameCube
Processador Intel Pentium III com 733 MHz MIPS III R5900 com até 299 MHz IBM “Gekko” PowerPC 750CXe com 485 MHz
Memória RAM 64 MB DDR SDRAM (6,4 GB/s de largura da banda) 32 MB PC800 RDRAM (3,6 GB/s de largura de banda) 24 MB MoSys 1T-SRAM (2,6 GB/s de largura de banda)
GPU NVIDIA NV2A com clock em 233 MHz Graphics Synthesizer embarcado na DRAM, com clock em 147,4 MHz ArtX ATI “Flipper” ASIC com clock em 162 MHz

A Microsoft já sabia que seria difícil competir diretamente contra o PS2, que podia não ter o poder do Xbox, mas tinha diversos jogos famosos ao seu lado. E é justamente essa a direção que o público vai: onde estão os games que mais vão divertí-los. Porém, eles estavam prontos para essa disputa e trouxeram uma franquia chamada “Halo”.

Impacto de Halo nos games

É impossível falar de Xbox no seu início sem citar o sucesso que Halo: Combat Evolved trouxe. A experiência foi produzida pela Bungie, com a primeira aparição de Master Chief e Cortana em uma aventura que conquistou milhões de fãs de assalto. 

Imagem de Halo: The Master Chief Collection
Halo foi o pontapé inicial do Xbox em direção ao sucesso (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Se tivemos no PS1 grandes jogos como Medal of Honor dentro do gênero FPS, Halo tornava isso ainda mais grandioso e “descolado”. Cenários tecnológicos, pilotar veículos alienígenas, uma diversidade grande de inimigos e até chefões, história envolvente e outros recursos tornava a briga até “injusta”. 

E se o aclamado Halo: Combat Evolved abria a mente das pessoas para pensar em comprar um Xbox, os demais jogos complementavam a obra-prima. Project Gotham Racing e Dead or Alive 3 ajudaram neste momento inicial, mas depois também vimos MotoGP, MechAssault, Tom Clancy’s Ghost Recon e Star Wars: Knights of Old Republic alcançando o público.

Isso gerou um certo temor nas demais companhias da indústria gaming, causando um alvoroço para obter a exclusividade de certas experiências para seus videogames. A Sony, por exemplo, conseguiu um acordo com a Rockstar para ter GTA apenas na sua plataforma, assim como a franquia Metal Gear Solid da Konami.

Imagem de GTA Trilogy
A Sony ter a exclusividade sobre GTA foi um grande desafio para o Xbox nos anos 2000 (Imagem: Divulgação/Rockstar)

Enquanto isso, a Nintendo obteve um acordo com a Capcom para trazer com exclusividade os jogos de Resident Evil no GameCube. A SEGA, já fora do circuito dos consoles de mesa, apoiou o Xbox e prometeu 11 jogos exclusivos para o videogame: incluindo Panzer Dragoon Orta e Jet Set Radio Future.  

Os problemas do Xbox

Para um estreante, o Xbox ia muito bem. Porém, nem precisa ter nascido naquela época para saber que o PS2 estava disparado na frente da concorrência (sucesso que o consolidou como o videogame mais vendido de toda a história). 

Halo: Combat Evolved era excelente, mas como bater de frente com GTA? Metal Gear Solid? Inclusive, quando vieram outros sucessos como Fable e Forza Motorsport, a Sony vinha com Kingdom Hearts, God of War, Shadow of the Colossus e outros que se tornaram grandes clássicos. Competição difícil de se vencer.

Além disso, a Microsoft sofria muitas críticas pela escolha do design do Xbox. Ele e seu controle eram muito grandes (e pesados). Em contraste com os demais produtos no mercado mais compactos (PS2 Slim, o próprio GameCube), ele era um verdadeiro trambolho no seu setup. Fora que o controle não era confortável, o que trazia várias reclamações.  

Muitos discutem sobre a falta de apoio de third-parties japonesas (como a SquareSoft, Capcom, Enix e outras), que ajudaram no sucesso dos demais consoles desde os anos 90, porém um fator decisivo que afastou o público era o preço do console: US$ 299, o mesmo do PS2 e US$ 100 mais caro do que o Game Cube. Ele tinha a vantagem de ser mais poderoso, mas o valor era alto para um “novato” no mercado. 

Imagem do PS2
O PS2 teve um sucesso absoluto, mas a Microsoft não desistiu do Xbox e foi para cima (Imagem: Divulgação/Sony)

A Era de Ouro com o Xbox 360

Já perdendo na geração em que começou, a Microsoft logo resolveu pensar no que viria a seguir e trouxe o Xbox 360 em 2005. Enquanto o multiplayer online era apenas um fator “coadjuvante” no primeiro console de mesa, aqui ele teria um papel essencial.

A proposta era permitir que os jogadores pudessem jogar o que quisessem e com quem quisessem, independentemente se a pessoa estava no mesmo recinto que eles ou não. Para isso funcionar de forma adequada, eles expandiram o Xbox Live para dar suporte a diversos jogos (como Battlefield, Call of Duty e vários outros). 

Outro aspecto relevante é que os Xbox 360 também podiam ser conectados na TV usando o cabo HDMI, o que permitia imagens em alta resolução para dar vida aos seus principais games. Não é à toa que, na época, vimos um grande salto no número de venda de TVs com qualidade HD: já que o público queria aproveitar essas resoluções maiores e ver a verdadeira capacidade do console.

Imagem de um controle do Xbox 360
Com o Xbox 360, a Microsoft viu a sua “Era de Ouro” (Imagem: Jose Castillo/Unplash)

A partir disso começou a surgir o chamado “ecossistema Xbox”. Se o público assinava o Xbox Live para ganhar jogos e poder disputar suas partidas na rede, também tivemos o Xbox Live Arcade: um serviço que disponibilizava experiências para comprar e baixar, muitas delas de estúdios independentes e desconhecidos, o que gerou um grande suporte e lucro aos desenvolvedores indies. 

Foco na experiência

Se a Microsoft já apostou alto no Xbox, ela foi além com a versão “360” e trouxe experiências marcantes para uma grande parte do público. A franquia Halo retornou com Halo 3 (o fim da trilogia inicial), tivemos a chegada de Gears of War, Forza Horizon, Blue Dragon e Alan Wake, quais muitos seguem até os dias atuais com muitos fãs.

Porém, é impossível falar de jogos do Xbox 360 sem mencionar um dos seus principais acessórios: o Kinect. Ele é um sensor de movimentos que permitia replicar o que fazia no mundo real dentro do console. Mesmo que ele pudesse ter sido mais valorizado pela Microsoft, seria injusto não mencionar a fama que títulos como Dance Central, Just Dance, Kinect Sports e outros faziam.

Estas franquias estavam em todos os lugares, seja em salões de festas, em eventos geek e gamers, dentro de casas das quais as famílias sequer cogitavam em investir em um console e em vários outros lugares. Não foi um sucesso absoluto, mas segue até os dias atuais como um dos acessórios e jogos mais queridos por parte do público. 

Um desvio imprevisto pela Microsoft

Apesar da pirataria estar em todos os locais, isso tomou proporções colossais nos consoles entre as gerações PS1 e PS2. Como o PS3 usava o disco Blu-Ray, o foco virou o Xbox 360 (que ainda mantinha a mídia em DVD). Em diversos países a realidade era que jogos originais tinham um valor muito elevado. Aqui no Brasil mesmo, você ia preferir pagar R$ 200 ou de R$ 10 a R$ 15 em um game?

Imagem de DVDs
A pirataria no Xbox 360 era dominante e impulsionou a indústria de DVDs (Imagem: Security/Pixabay)

O desbloqueio foi a saída de muitos, que tinham no console da Microsoft uma verdadeira máquina que permitia rodar os principais títulos daquela geração a um preço extremamente baixo. Consegue imaginar, na semana de lançamento de jogos como Batman Arkham City, um Call of Duty novo, Minecraft e até GTA V, você pagar até R$ 15 em cada um? 

Pirataria é crime, mas é impossível não compreender como as pessoas com menor poder aquisitivo seguiam para o Xbox 360 com desbloqueio para ter acesso a estes e vários outros jogos. Apesar de ser impossível mensurar como isso impactou as suas vendas, muitos sabem que o console se tornou extremamente popular. Você provavelmente teve um na sua infância (caso seja um “millennial”) ou andou com amigos que o tiveram. 

Outro tiro no pé

O Xbox 360 teve um sucesso e popularidade que bateu de frente com o PS3 e o Nintendo Wii, de formas que seu antecessor não tinha nem chegado perto de alcançar. Para ter uma ideia, a diferença entre as vendas diretas entre ele e o console da Sony é de “apenas” 1,7 milhão de unidades. 

E essa diferença poderia ser menor ou até ultrapassado o videogame da concorrência se não fosse um grande problema: as famosas “três luzes vermelhas da morte” (3RLOD). O defeito teve um efeito poderoso contra a própria Microsoft, impedindo que muitos comprassem o console temendo que isto ocorresse.

Mas afinal de contas, o que é o 3RLOD? Ele acontecia devido ao posicionamento do processador na placa-mãe do Xbox 360, com sua expansão e contração danificando os pontos de solda. O resultado era o surgimento das três luzes piscando no botão de ligar do videogame e o consumidor descobrindo que tinha um peso de porta “premium”. 

Imagem de um Xbox 360
Quando essas luzes verdes piscavam em vermelho, seu Xbox 360 estava em perigo (Imagem: Divulgação/Microsoft)

A situação se complica ainda mais quando a Microsoft cedeu garantia aos casos, mas não atendia quando um console era desbloqueado (o que ocorria com uma grande parcela do público). Com a confusão já armada, muitos não puderam resolver a situação e prometeram que nunca mais comprariam outro console Xbox na vida. Enquanto isso, a companhia sofreu um prejuízo de US$ 1 bilhão para resolver a questão.

Ainda que esta seja uma forte memória que continua viva na cabeça dos gamers, o Xbox 360 é lembrado com muito carinho pelo público e participou da vida de muita gente (diretamente ou indiretamente). Foi aqui que a Microsoft se estabeleceu na indústria gaming e elevou o nome da marca em definitivo.

Derrapadas com o Xbox One

Chegando em 2013, a Microsoft decidiu anunciar o Xbox One já causando uma confusão daquelas. Sua revelação foi confusa e revoltou uma grande parcela da comunidade, atraindo uma atenção negativa muito grande logo de cara.

De acordo com a companhia, ele foi produzido com foco no entretenimento do público. Ou seja, mais do que um console de mesa, ele seria uma “central multimídia” no seu setup: poderia ligar outros dispositivos para assistir nele, baixar plataformas de streaming e usar o Kinect para mais atividades do que apenas jogar.

Se isso já não era o suficiente, a Microsoft também revelou que o Xbox One exigiria uma conexão constante à internet. Até os jogos, comprados em mídia física, seriam registrados em sua conta e impediria que pudesse vendê-los, trocá-los ou o que quer que fizesse com eles. 

Mesmo que eles tivessem tentado reverter as declarações, a bagunça já estava feita: muitos levaram o anúncio a sério e sequer cogitaram adquirir o videogame. Outros faziam piada, como a própria Sony que decidiu gravar um vídeo mostrando como se emprestava jogos no PS4. 

 

O Xbox One lançou com todos esses recursos multimídia, de fato, mas a propaganda da Microsoft era focada nos games. No seu lançamento tivemos grandes títulos como Ryse: Son of Rome, Dead Rising 3 e Forza Motorsport 5 – que entregavam gráficos excelentes e mostravam o verdadeiro poder da nova geração.

Porém, essas decisões e pronunciamentos iniciais causaram uma péssima impressão no público. Até mesmo o Kinect, que agora seria um acessório que viria obrigatoriamente nas caixas do videogame, teve de ser removido do pacote inicial para baratear seu valor e atrair mais o público. Só que, além disso não acontecer, conseguiu desmotivar os estúdios a produzir jogos para ele – causando a decadência do periférico em definitivo. 

Rivalidade com o PlayStation 4

Enquanto a Microsoft tentava desatar seus próprios nós, a Sony estava segura de si com seu PS4. Fortes vendas, uma grande comunidade no multiplayer online, reformulações na PlayStation Store e outros atraíam mais pessoas a cada nova semana. Se na geração passada o PS3 e o Xbox 360 eram rivais, nessa o “X1” era apenas um “incômodo”. 

Seu lançamento não foi perfeito, com jogos como inFAMOUS: Second Son, Killzone: Shadowfall, The Last of Us Remastered e Knack mal chamando a atenção dos fãs. Porém, em 2015 a Sony voltou a empolgar com diversos anúncios como Bloodborne, Until Dawn, Marvel’s Spider-Man e vários outros games que viriam a lançar nos anos seguintes.

Já o Xbox One não tinha muitas cartas na mão. ReCore era uma experiência produzida por Keiji Inafune (criador de Mega Man), mas como uma nova IP não teve tanta atenção. Sea of Thieves, da Rare, é um sucesso hoje, mas sua repercussão na época também era mínima. 

Nem mesmo franquias grandes impactaram muito o público nessa geração. Halo: Guardians teve muitas críticas negativas. Forza Horizon e Forza Motorsport evoluíram bastante, mas eram voltados demais ao próprio nicho. Gears 5 teve um lançamento tímido. Falando nisso, o console carecia muito de jogos exclusivos (algo que era visto em abundância na concorrência). A situação da Microsoft não estava favorável e algo precisava ser feito.

Imagem de Forza Horizon 5
Forza Horizon é uma franquia que cresceu muito no Xbox One, mas é voltada a um nicho (Imagem: Divulgação/Microsoft)

A ascensão de Phil Spencer

Phil Spencer trabalhava na Microsoft desde o lançamento do primeiro Xbox, em 2001, mas se tornou o chefe da divisão gaming apenas em 2014. Em suas mãos, ele pretendia trazer mudanças expressivas na forma como as coisas funcionavam, mesmo que levasse um tempo.

Uma delas era na aquisição de estúdios. Na sua liderança, a Microsoft negociou muitos acordos de exclusividade e compra de produtoras com renome. Foi sob sua gestão que vimos a fusão com a Bethesda, Activision Blizzard e vários outros menores para ter mais franquias de sucesso e experiências famosas em seu portfólio.

Nesta época que surgiu o Xbox Game Pass. Ele serviria como uma “Netflix dos games”, um serviço por assinatura que o público pagaria e teria acesso a vários games de seu catálogo. Porém, sua maior força era ter os principais títulos em seu lançamento. Imagine que, no lançamento de Gears 6 por exemplo, os assinantes não precisavam comprar o game? Ele estaria disponível na biblioteca para baixar e jogar. 

O foco neste serviço segurou as pontas e tornou o Xbox One “viável”. O público não precisava comprar jogos, principalmente os jogadores mais casuais. Bastava pagar um valor que iria de R$ 30 a R$ 50 por mês que teria acesso a vários deles. Na ponta do lápis, era mais vantajoso do que deixar a pessoa comprando jogos: seria de R$ 360 a R$ 600 por ano (sendo que muitos compravam no máximo um ou dois games no mesmo período). 

Mesmo que muitos preferissem o PS4 ou o novato Nintendo Switch, lançado em 2017, o Xbox One se manteve na disputa pelo grande suporte dos estúdios third-parties, seu serviço por assinatura e pelas diferentes versões do console: o Xbox One S era muito mais fino e compacto, assim como tivemos o poderoso Xbox One X.

Uma nova geração com Xbox Series X e Xbox Series S

Como falamos, levou um tempo para Phil Spencer ajustar as coisas, mas o Xbox Series X e Xbox Series S, lançados em 2020, já traziam uma grande diferença em relação ao seu antecessor. Um serviria para competir com o PS5, com componentes de ponta, enquanto o outro seria voltado para o público custo-benefício: que comprariam apenas alguns títulos (digitais, já que o Series S não tem leitor de disco) e queriam aproveitar apenas o Xbox Game Pass.

Imagem dos Xbox Series
Com o Xbox Series, a companhia quis trazer dois produtos voltados a fins diferentes (Imagem: Divulgação/Microsoft)

A mensagem era simples: a Microsoft queria mostrar que estava prestando atenção no mercado e nos fãs. Um deles seria focado em alto desempenho, como a concorrência, o outro com destaque para experiências mais casuais e voltadas aos seus principais serviços. 

E, obviamente, que a Microsoft quis destacar as inclusões que fez no Xbox Series X em comparação ao One: agora o seu console de mesa teria tecnologias como o ray tracing, o “Quick Resume” e até mesmo utilizaria os SSDs (com uma velocidade para iniciar e acessar seus games muito maior do que a vista nos antecessores).

O ecossistema Xbox

Apesar de ter grandes jogos, esse não é o foco da Microsoft nesta geração. Ela quer reforçar a importância de ter um ecossistema de dispositivos que podem trazer a experiência Xbox ao público. Claro que títulos são produzidos, mas ela passou a buscar algo maior a partir disso.

Além de ampliar o Xbox Game Pass, com o catálogo de vários estúdios que comprou ao longo dos últimos anos, ela expandiu seu alcance para a nuvem com o Xbox Cloud Gaming: permitindo que os jogadores tivessem acesso ao Game Pass em seu PC, smartphones e até Smart TVs. A partir disso, até quem não tivesse um console poderia se divertir.

Porém, a estratégia deles para a atual geração continua turva. A divisão Xbox agora não está mais trabalhando com a exclusividade de jogos, com suas principais experiências também chegando ao PS5 e consoles Nintendo. Apesar de gerar fúria entre os fãs e virar piada na concorrência, seu foco é recuperar o dinheiro que investiu nestas produtoras que comprou de todas as formas possíveis. 

Eles querem incluir o PS5 e consoles Nintendo na atual campanha “Tudo é um Xbox”. Você poderá jogar os principais títulos que ela desenvolve no celular, PC, Smart TVs e até nos outros videogames. Com isso, eles também pretendem derrubar parte dessa disputa por jogos exclusivos, mas isso é outro grande debate. 

O que se sabe é que as vendas do Xbox Series X vão mal. A Microsoft, nessa estratégia de que “Tudo é um Xbox”, reduziu a procura do público pelo console e até removeu ele de circulação em algumas regiões – inclusive no Brasil. Nestas, ela vende apenas Xbox Series S, que é mais fraco e com foco apenas nas mídias digitais. 

E é possível que essa situação seja mantida até a chegada do próximo console de mesa da companhia. Um novo Xbox está previsto para ser lançado no mercado em 2027, então é bom não nutrir muitas expectativas de que sua estratégia mudará bruscamente até lá. Também está em seus planos trazer um Xbox portátil, com o primeiro modelo sendo produzido pela ASUS e com lançamento agendado para 2025. 

O Xbox no ecossistema Microsoft

Apesar da baixa venda de consoles, o Xbox traz um dos maiores cases de sucesso da Microsoft. Se antes a companhia era conhecida apenas pelos seus softwares e sistemas operacionais, agora o videogame e os serviços agregados fazem parte da festa. 

Imagem do Windows 11
O Xbox pode se conectar ao Windows 10 e Windows 11 (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Em janeiro de 2024, por exemplo, a companhia registrou um lucro de sua divisão de jogos em US$ 7,11 bilhões – um número maior até do que foi visto pelo Windows. Ou seja, ele tem uma grande importância nas operações da Microsoft e longe do que muitos falam, dificilmente ela desistirá desta fatia que obtém do mercado.

Sua integração com outros softwares, como o Windows, também garante um adicional interessante para a companhia. Com os jogos possuindo o selo “Play Anywhere”, muitos podem comprar um game no Xbox e jogar em seu PC (e vice-versa). Ou seja, eles mantêm o público dentro de seu ecossistema.

Isso sem mencionar a possibilidade de expandir isso para os atuais consoles portáteis, que permitem ao usuário jogar os principais títulos onde quiser. Como muitos deles já são vendidos com o Windows 11, é uma conexão que acaba fazendo a diferença para os consumidores no geral. 

Imagem do ecossistema Xbox
O ecossistema Xbox é amplo e abrange muitos dispositivos (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Desta forma, esse público permanece leal ao ecossistema e continuará investindo nele: seja através da aquisição de jogos ou assinando seus serviços. Assim, mesmo aqueles que não são favoráveis aos principais softwares da Microsoft, continuarão vendo a marca positivamente através da grande comunidade que se formou no decorrer dos anos.

Xbox Series se mantém na disputa, mas sem inovações

Um dos principais diferenciais do Xbox Series em relação à concorrência é a presença do Xbox Game Pass. O serviço é um dos principais atrativos da plataforma, mesmo que ela tenha um poder gráfico e de processamento maior do que o visto no PS5, da Sony.

A retrocompatibilidade, que começou no Xbox One e é mantida até os dias atuais, também é outro diferencial que vale a pena ter em seu radar. Com ela, usuários que compraram o primeiro console lá em 2001 ainda podem jogar seus principais títulos nas gerações mais recentes. 

E aí surge a pergunta: mesmo com essas vantagens, por qual razão vende mais PS5 e Nintendo Switch do que o XSX e XSS? São vários fatores que envolvem essa questão, cadência de lançamentos, criatividade na plataforma, acordos comerciais para exclusividades, preferência do público com uma marca entre diversas outras razões.

Mesmo com os erros de comunicação que a Microsoft teve no passado e uma exclusividade já nula na plataforma, ainda é possível ver recursos interessantes na plataforma: seu processamento, serviços integrados ao console, amplo suporte de estúdios third-parties, retrocompatibilidade, o seu design e outros fatores continuam encantando toda uma legião de jogadores e pode incentivar a ter uma outra visão em relação ao console.  

Imagem do Xbox Cloud Gaming
O Xbox é mais do que uma plataforma, hoje ele é o ecossistema (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Legado do Xbox

Mesmo não atingindo o sucesso que a Sony e a Nintendo já tem no mercado, a Microsoft não faz feio com o Xbox e se mantém em uma constante evolução – como você pôde acompanhar através de todo o artigo. Eles estão muito adiante do lugar que começaram e é possível que as próximas gerações te surpreendam positivamente.

O executivo Phil Spencer já garantiu que uma das principais discussões que tiveram para a criação do próximo videogame é relacionada às inovações. Isso vindo da companhia que trouxe serviços, retrocompatibilidade e até o Kinect no passado. Ou seja, independentemente do que seja, ter expectativas positivas não é algo tão estranho com base na boa reputação da divisão gaming.

Ele tropeçou, caiu, levantou, se reinventou e continua de pé. Pode não estar na melhor das condições, mas o Xbox ainda é considerado como um grande rival dos demais e busca ampliar essa luta para diversas outras frentes. E isso não é pouco nessa indústria competitiva e que já fez de tudo para manter os seus consoles em baixa. 

A liderança de toda uma geração quase veio no Xbox 360, não seria algo de “outro mundo” se eles tiverem um forte apelo em um breve futuro com recursos ou alguma tecnologia que o coloquem para bater de frente com o PS6 e Nintendo Switch 2. E não digo apenas em questão dos componentes, mas com jogos e ideias divertidas que reforcem a sua importância e relevância dentro do mercado. 

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