Indústria recua em fevereiro, inflação desacelera e comércio exterior sustenta economia

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 31 de março e 6 de abril, com projeções e comentário. 

Indicadores sugerem novo recuo da atividade industrial em fevereiro

Após três meses consecutivos de retração e estabilidade em janeiro, a produção industrial brasileira deve voltar a cair em fevereiro. A maioria dos indicadores antecedentes sugere uma contração na margem no segundo mês do ano. Caso essa tendência se confirme, a nova queda da produção se somará a outros sinais de enfraquecimento da atividade econômica. A desaceleração também se reflete em dados de inflação abaixo do esperado — como o IPCA-15 e o IGP-M —, reforçando a expectativa de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) encerre o ciclo de alta da Selic, com a taxa aos 15%, com ajustes adicionais em mais e junho, de 0,50% e 0,25%, respectivamente. O indicador de produção industrial de fevereiro será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na próxima quarta-feira (2), às 8h00. Um dia antes, a S&P divulga o PMI industrial do Brasil em março.

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IGP-DI deve acentuar deflação dos IGPs com queda nos preços das commodities

O IGP-DI de março deve registrar uma deflação em torno de 0,50%, refletindo principalmente a contínua queda nos preços ao produtor. Entre os principais fatores estão a baixa nos preços de commodities relevantes, como o minério de ferro, e a desaceleração dos preços ao consumidor. Os impactos inflacionários da reoneração das tarifas de energia elétrica e dos reajustes das mensalidades escolares já se dissiparam, enquanto as passagens aéreas também registraram queda. Esse cenário, relativamente benigno nos preços ao produtor, contribui para um discreto alívio nas expectativas de inflação de médio e longo prazo. De forma geral, as reduções de preços na base da cadeia produtiva tendem a ser repassadas ao consumidor final — especialmente em um contexto de atividade econômica mais moderada, como sugerem os indicadores divulgados no início do ano. O IGP-DI será divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na próxima sexta-feira (4). 

Colheita recorde de grãos já começa a produzir efeitos no desempenho externo da economia brasileira

Em março, a balança comercial deve apresentar superávit de aproximadamente US$7,3 bilhões, impulsionada, em grande medida, pelo aumento dos embarques do setor agropecuário. Em um contexto de déficits crescentes nas transações correntes, superávits comerciais mais expressivos tornam-se cada vez mais necessários para mitigar pressões externas. Houve, recentemente, alguma preocupação com um eventual “descasamento” entre o comportamento das contas externas e o fluxo de investimento produtivo. No entanto, esse risco foi momentaneamente afastado com a entrada robusta de Investimento Direto no País (IDP) registrada em fevereiro, sinalizando que, por ora, o financiamento do déficit externo segue em bases relativamente saudáveis. O indicador será divulgado na próxima sexta-feira (4).

Dados de emprego nos EUA devem desacelerar em março

Os dados de emprego nos Estados Unidos devem mostrar sinais de desaceleração em março. A criação de vagas medida pelo Payroll — principal referência monitorada pelo Federal Reserve — deve recuar para cerca de 130 mil postos no mês. Embora esse patamar ainda represente um ritmo sólido de geração de empregos e sinalize uma economia resiliente, trata-se de uma desaceleração relevante em relação ao dado anterior, que registrou 151 mil novas vagas. Além disso, a pesquisa JOLTs, que acompanha o número de vagas em aberto na economia americana, também deve indicar recuo, sugerindo uma menor demanda por contratação no curto prazo. Caso os dados venham acima do esperado, o mercado pode reagir com uma valorização do dólar, diante da percepção de uma atividade mais forte e possível postergação do início dos cortes de juros pelo Fed. O JOLTs será divulgado na quinta-feira (3), e no dia seguinte, sai o Payroll.

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Apesar da recente melhora nos níveis de confiança e na atividade econômica da Zona do Euro, inflação segue apontando para uma trajetória de desaceleração

O anúncio de que a Alemanha estaria disposta a ampliar os gastos públicos com infraestrutura e defesa foi recebido como um sinal positivo pelo empresariado europeu. Indicadores anteriores, que vinham há meses em terreno contracionista, começaram a sinalizar alguma recuperação, enquanto os índices de confiança interromperam a tendência de queda, esboçando uma relativa melhora no curto prazo. O clima de otimismo moderado, no entanto, ficou restrito às chamadas soft data. Os indicadores oficiais de atividade, mercado de trabalho e inflação seguem refletindo uma economia ainda presa a um cenário de estagnação. Os dados preliminares de inflação de março devem reforçar o espaço para que o Banco Central Europeu (BCE) continue com o ciclo de corte de juros, contribuindo para sustentar esse incipiente movimento de recuperação no bloco. Na próxima terça-feira (1), serão divulgados os dados de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Zona do Euro, referentes a março.

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