Casas Bahia (BHIA3): O que é a ‘pílula de veneno’ que busca blindar varejista de ofertas hostis? Ação acumula disparada de 240%

A Casas Bahia (BHIA3) propôs a inclusão de uma poison pill pílula de veneno, em tradução literal — em seu estatuto social, que nada mais é do que uma cláusula que protege a companhia de aquisições hostis. A proposta será submetida aos acionistas em assembleia geral no dia 30 de abril.

Com isso, qualquer investidor que alcance 20% ou mais do capital deve realizar uma oferta pública de ações (OPA) para os demais acionistas da companhia.

A proposta da “pílula de veneno” ocorre após o investidor Rafael Ferri engatar um movimento de avanço em sua participação na Casas Bahia e atingit 5,11% do capital da varejista.

Quando se chega a 5%, é obrigatório anunciar o marco e, neste momento, Ferri afirmou não havia intenção de alterar a estrutura de controle.

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No comunicado, a companhia destaca que o capital disperso é algo positivo, especialmente no que tange a governança do grupo, com uma “mitigação do risco de decisões tomadas em situações de conflitos de interesses”.

A Casas Bahia defende ainda que a medida tem potencial de elevar a confiança dos investidores, além de contribuir para a sustentabilidade operacional e financeira de longo prazo.

As ações da varejista chamam a atenção pelo seu desempenho no primeiro trimestre de 2025. Em meio a um cenário macroeconômico desafiador e com cautela por parte de analistas do mercado, a companhia acumula alta superior a de 240% em 2025, até esta segunda-feira (31).

Apenas em março, as ações da varejista triplicaram, com um forte movimentação de pessoas físicas.

Hoje as ações operaram em alta em boa parte do pregão, chegando a subir 8,62%, R$ 11,21, na máxima do dia. No entanto, os papéis inverteram o sinal para queda e recuavam 4,84%, a R$ 9,82, por volta de 15h35 (horário de Brasília). Acompanhe o tempo real.

Movimento de short squeeze

O varejo é um setor cíclico sensível ao atual cenário macro brasileiro, com uma taxa básica de juros (Selic) em 14,25%, podendo chegar a 15% ainda este ano, conforme estimam economistas. Somado a isso, oito recomendações de analistas para Casas Bahia compiladas pelo TradeMap mostram que seis são neutras e duas de venda.

Ainda assim, a companhia dispara mais de 240% nos primeiros três meses de 2025, o que é atribuído a um short queeze, movimento caracterizado pela rápida alta de uma ação, forçando os investidores que apostaram na queda do preço do ativo (chamada venda a descoberto) a recomprarem os papéis para conter a perda. É justamente essa recompra que impulsiona ainda mais a disparada da ação.

Em relatório publicado no último dia 25, o analista Victor Bueno, da Nord Investimentos, coloca que o movimento registrado nas últimas semanas é de continuidade desse cenário de elevada posição vendida nas ações da Casas Bahia desde o início do mês, quando, inclusive, 25% das ações em circulação chegaram a estar alugadas.

Ele pondera que há ainda fatores macroeconômicos favoráveis que ajudam a impulsar a ação, como a queda dos juros futuros em determinados períodos, além do anúncio de uma nova modalidade de crédito consignado para seus clientes. No entanto, Bueno não vê essas como justificativas tão relevantes quanto o aumento de fluxo comprador.

Apesar das altas, a Nord Investimentos destaca que os riscos do investimento em Casas Bahia, tendo em vista que a companhia ainda passa por uma fase de reestruturação.

“A companhia vem acumulando prejuízos nos últimos trimestres e anos, além de ainda atravessar um cenário desafiador, com inflação e juros elevados pressionando o consumo da população”, pondera o analista.

O financeiro da Casas Bahia

Neste mês, o Grupo Casas Bahia divulgou seu balanço referente ao quarto trimestre de 2024, prejuízo líquido de R$ 452 milhões, uma melhora de 54,8% em relação ao prejuízo de R$ 1 bilhão apurado no mesmo período de 2023.

A cifra representa uma melhora de 54,8% em relação ao prejuízo de R$ 1 bilhão apurado no mesmo período de 2023. O resultado foi pior do que o consenso reunido pela Bloomberg, que indicava uma estimativa de prejuízo líquido de R$ 278 milhões no trimestre.

receita líquida do quarto trimestre de 2024 totalizou R$ 7,98 bilhões, um avanço de 7,6% ante o mesmo período em 2023.

Na linha de SG&A (despesas administrativas, de vendas e gerais), houve uma redução de 2,5% no quarto trimestre de 2024. O número ficou negativo em R$ 1,89 bilhão.

A companhia registrou fluxo de caixa livre de R$ 1,2 bilhão no trimestre, apontado como o maior dos últimos cinco anos.

O volume bruto de mercadorias (GMV) consolidado do quarto trimestre de 2024 cresceu 9,9% na comparação anual, revertendo trajetória dos trimestres anteriores.

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