Ifix dispara 6,30% no ano: o que está por trás da recuperação dos FIIs?

O Índice de Fundos Imobiliários (IFIX) registrou uma forte valorização neste primeiro trimestre de 2025. Nos três primeiros meses, a alta acumulada é de 6,30%, ante uma queda de 5,80% em 2024. Somente em março, o índice avançou 6,14%.

Há mais ou menos um ano, o Ifix chegou ao seu maior patamar, alcançando os 3.423 mil pontos. Considerando o último fechamento, de 31 de março, o índice marcava os 3.313,09 pontos, número que já chega próximo ao maior registrado.

Mas será que esse avanço significa uma recuperação? Ou melhor, o índice pode ultrapassar seu maior marco?

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Após meses de pressão devido à alta da Selic e à volatilidade externa, os fundos imobiliários voltaram ao radar dos investidores. A alta de agora, segundo os especialistas, é impulsionada por um ajuste nas expectativas do mercado sobre juros, inflação e o cenário macroeconômico.

Pare se ter uma ideia, no Boletim Focus desta segunda-feira (31), a aposta para a inflação de 2025 foi mantida em 5,65%. Em relação à Selic, os economistas mantiveram as expectativas para 2025 em 15% e para 2026 em 12,50%.

Os profissionais apontam que a correção da curva de juros, os dados mais positivos da economia e uma reavaliação do pessimismo do final do ano passado estão por trás da recuperação.

Eliane Teixeira, economista da Cy Capital, destaca que a queda da inflação implícita e a sinalização do Banco Central de que as altas na Selic podem continuar, mas de maneira mais branda, estão ajudando a impulsionar o Ifix.

“O mercado já precificava um cenário mais desafiador, mas agora há uma melhora na percepção sobre a trajetória dos juros futuros, o que favorece os FIIs, principalmente os de tijolo, que sofrem menos impacto da volatilidade da curva”, explica Teixeira.

Victor Sartori, analista da Levante, acrescenta que a valorização recente do Ifix é, em parte, uma correção da forte queda anterior. “Tivemos um exagero na precificação do risco, principalmente sobre fundos expostos a crédito e indexados ao IPCA. Com a reprecificação dos ativos e a percepção de que os juros [futuros] podem cair mais, investidores estão retomando posições nos FIIs que estavam excessivamente descontados”, afirma Sartori.

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Ele ressalta, porém, que a liquidez ainda é um fator de atenção, mas fundos com portfólios resilientes e boa distribuição de dividendos devem continuar se beneficiando.

Angelo Belitardo, analista da Hike Capital, também enfatiza o pessimismo “exagerado” do mercado, especialmente em relação à economia global e à taxa de câmbio. “Dados positivos na China e no Brasil ajudaram na correção da curva de juros e na valorização do real, o que contribuiu para a melhora dos ativos de risco”, pontua.

Ele alerta, no entanto, que a volatilidade da curva de juros deve permanecer elevada durante o ano de 2025, principalmente por conta do período eleitoral, o que exige cautela dos investidores.

Apesar da recuperação do Ifix, os especialistas recomendam um olhar seletivo para os fundos imobiliários. O segmento de tijolo como os de shoppings, escritórios e centros logísticos de alto padrão estão entre os mais promissores.

Na outra ponta, os FIIs fortemente indexados ao IPCA e com alta concentração de risco de crédito podem continuar sofrendo com oscilações de mercado.

O pessimismo excessivo abriu oportunidades, mas Teixeira avalia que a escolha dos ativos certos será fundamental para capturar ganhos sustentáveis e pondera que a alavancagem é um dos pontos de atenção.

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