Review Assassin’s Creed Shadows | Reescreve a história com muitos acertos

Após adiamentos e uma longa espera, Assassin’s Creed Shadows chegou para inaugurar uma nova era dentro da franquia. O Canaltech recebeu o recente título para trazer a você nossa análise e o que esperar do jogo no seu PS5, Xbox Series e PC.

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O jogo de aventura e stealth teve como principal objetivo não apenas recomeçar uma bagunçada linha do tempo, mas trazer um certo alívio para a produtora. Após uma sequência de falhas comerciais (Skull and Bones, Prince of Persia: The Lost Crown, Avatar: Frontiers of Pandora e Star Wars Outlaws), a Ubisoft precisava de um sucesso para equilibrar sua reputação entre os gamers e investidores.

Em meio a este cenário caótico, o time da Ubisoft Quebec não apenas trouxe um dos capítulos mais consistentes com Assassin’s Creed Shadows, mas também reconquistou uma legião de fãs que estavam afastados de seus games. E você poderá conhecer mais desta jornada com o nosso review.


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Prós

  • Impressionante representação do Japão
  • Diferenças entre Naoe e Yasuke alteram muito do gameplay
  • Mapas mais
  • Retorno ao RPG com equilíbrio entre estratégia e ação

Contras

  • Estrutura da narrativa exclui Yasuke por tempo demais
  • Desempenho não está muito satisfatório no PC
  • Tem menos bugs e glitches, mas eles seguem presentes

Frescor em Assassin’s Creed Shadows

A experiência em Assassin’s Creed Shadows realmente transmite que o game será um recomeço, tanto em questão de suas mecânicas quanto em relação à forma como conta sua narrativa. Isso se traduz de forma muito bem conduzida pelos dois protagonistas: Yasuke e Naoe.

Naoe serve como a “clássica” assassina no jogo. No papel da ninja, você tem de se esconder nas sombras para eliminar todos os adversários que estiverem no seu caminho e não deixar qualquer rastro para trás. Seu poder de luta é equilibrado, mas notará que este não é o seu foco.

Já Yasuke é o oposto. Ele não tem talento algum para passar despercebido e está em Assassin’s Creed Shadows para ser um “tanque de guerra”. Quando um confronto é inevitável, é no seu controle que você desejará estar. Não apenas seus golpes são mais fortes, como ele é muito resistente a ataques inimigos e tem um conjunto de técnicas que permite até enfrentar múltiplos oponentes em simultâneo.

Essa diferença no gameplay precisa ser muito equilibrada, senão você passará sufoco. Não adianta nada querer invadir uma base inimiga com Yasuke, se o foco é não ser notado. Assim como Naoe não facilita sua jornada quando é colocada em situação de combate. 

As habilidades ninjas de Naoe auxiliam em missões voltadas ao stealth (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Sabe qual é a melhor parte de Assassin’s Creed Shadows? Você pode testar inverter os papéis de cada e conseguirá vencer diversos desafios. Porém, não fará isso sem notar o grande salto de dificuldade. E fora do seu ambiente, eles mesmos demonstram que é um ambiente que não se encaixam tanto assim. Experimente fazer um salto de fé com Yasuke… É uma cena das mais hilárias do título.

Felizmente essas diferenças chegam para dar um tom mais estratégico para o game, que permite aos jogadores avaliarem cada situação para traçar um plano com determinados personagens. Não temos dois protagonistas que são CTRL+C e CTRL+V um do outro (ao menos isto, aqui, ocorre de forma mais sofisticada do que a vista em AC Syndicate), o que é extremamente bem-vindo na franquia. 

“Se, como eu, você prefere entrar e sair dos lugares sem ser visto, Naoe é a melhor opção para seu estilo de jogo”

— Diego Corumba

Lar nipônico

O cenário no Japão foi muito esperado pelos fãs, que insistiram por anos e tivemos sua chegada apenas neste ano de 2025 com Assassin’s Creed Shadows (quase 20 anos depois que a franquia começou). E tenho de ser honesto: valeu a pena a espera até a atual geração. Graficamente, Shadows está belíssimo e repleto de detalhes. 

Campos de cultivo, vegetação, lagos, cachoeiras, montes, arquitetura (seja nos vilarejos ou bases militares) e elementos culturais estão tão bem representados que cada cidade que você adentra se torna obrigatório dar uma volta para ver todos os detalhes. 

Falando em cultura, Assassin’s Creed Shadows acerta e muito neste aspecto. A vila de Iga tem à mostra diversos fatores de como foi estruturada, valores que seguiam e a forma como lidavam com todos os problemas que o Japão passava. Em paralelo, temos o caminho dos samurais com Yasuke e Oda Nobunaga, que trazem um grande contraste ao público.

A representação do Japão foi muito bem-construída em AC Shadows (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Isso também pode ser visto na composição de cenas e na  trilha sonora do game. Em momentos “chave” da narrativa, uma morte que lutou tanto para executar aparecerá com o sangue vermelho e todas as demais cores sumindo: ressaltando o preto e branco. Para os ouvidos apurados, alguns instrumentos orientais também se destacam conforme algumas cenas progridem, dando um tempero maior à aventura. 

O que funciona em Assassin’s Creed Shadows?

Para atingir este patamar positivo, Assassin’s Creed Shadows teve de tomar decisões diferenciadas dos demais capítulos da franquia. Uma delas foi o retorno das mecânicas similares ao RPG. Todos se lembram que Mirage foi lançado em 2023 com o objetivo de voltar ao estilo original. Porém, o problema não era nem um, nem outro: era a estrutura geral que não encontrava o tom certo.

E, neste quesito, a Ubisoft Quebec acertou em cheio. O sistema de níveis continua sendo importante, assim como temos diversos itens e equipamentos que dependem dele para serem equipados e gerar bônus nas suas características. Os power-ups se mantiveram na árvore de habilidades, que é dividida em alguns ícones importantes para cada um dos protagonistas.

O que muda, então? Matar e obter XP é a clássica forma de alcançar níveis elevados, mas não se restringe apenas a isso. Assassin’s Creed Shadows incentiva que os jogadores explorem e descubram áreas que tragam à tona flashbacks e meditação sobre suas ações: que, reunidas, podem gerar mais pontos de habilidade para serem gastos. 

Ou seja, você será recompensado se cair para cima de um inimigo e eliminar ele de algum modo. Porém, caso não deseja seguir por esse caminho, há outras formas de alcançar um patamar maior: encontrar essas áreas e completar os estágios “extras”. Claro que um jogo com “Assassino” no nome não vai te isentar de sujar a mão de sangue em algum ponto, mas esses adicionais são boas formas de compreender que nem tudo se resume às lâminas e golpes mortais. 

Além do sistema de RPG, eu gostei muito de abrir o mapa de Assassin’s Creed Shadows e não ver uma infinidade de ícones espalhados. Temos pontos-chave em destaque, mas nada de zilhões de coisas espalhadas em cidades, florestas, lagos e outros. Há apenas as missões (“Mate 100 bandidos da área X”, por exemplo) e você que lute para encontrar todos para completá-la.

Lutar ou não, todos os caminhos te levarão à glória (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Isso pode deixar alguns meio perdidos e frustrados? Possivelmente, mas incentiva ver mais lugares e ampliar sua aventura. Desta forma, não me senti em momento algum “obrigado” a limpar o mapa e fazer tudo que estava em determinada área. Existe uma mudança brusca quando um game te força a fazer tudo e outro que te incentiva, sendo o segundo um grande destaque deste lançamento.

Como resultado, apenas com um sonho e uma curiosidade, eu conseguia chegar nos principais objetivos com meus personagens em boas condições e sem me estressar com grindings excessivos, ou áreas onde meu tempo era tomado mais do que o necessário. 

“Ao menos você não tem um mapa cheio demais e se sentindo “forçado” a limpá-lo a cada parada”

— Diego Corumba

Claro que ainda há quem prefira encarar missões de nível 15 com seus personagens no nível 20 ou superiores, itens bem mais poderosos e tudo mais. Porém, isso agora parte de cada um, não aparecendo como uma “exigência” imposta pelo jogo e suas infinitas tarefas.

E o que não funciona?

Tive um grande problema no início de Assassin’s Creed Odyssey em relação à estrutura de sua narrativa. Você inicia o gameplay como o personagem Yasuke: vendo os desafios e preconceito que enfrentou em sua chegada ao Japão, como foi parar próximo a Oda Nobunaga e o seu caminho como samurai. Este trecho dura cerca de 2 horas, até aí não tem nada a reclamar. 

Depois nos é apresentado Naoe, com o acontecimento que mudou a sua vida e a levou para o caminho ninja. Também é muito bacana e a mudança de jogabilidade entre os dois me encantou bastante. Você segue a história dela, aí você continua seguindo, se mantém com ela e começa a se perguntar, depois de quase 15 horas: cadê o Yasuke?

O trecho da personagem é extremamente longo, principalmente se você gostar de explorar o mundo aberto, completar as missões disponíveis e observa tudo. Eu gostei muito de Naoe, mas quanto mais jogava ao lado da assassina, mais me questionava onde estava o outro protagonista e as razões de seu sumiço. 

O poder de escolha só é oferecido em Assassin’s Creed Shadows após mais de 15 horas (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Quando ele retorna, você já se afeiçoou o bastante por Naoe a ponto de transitar entre os dois se tornar um pouco esquisito no primeiro momento. Claro que há razões dentro da própria história para mostrar o que ocorreu neste período, mas dá uma sensação de que há algo de errado por grande parte de seu início. Isso eu não gostei. 

Além disso, há notáveis problemas de desempenho de Assassin’s Creed Shadows no PC. Em um determinado trecho segui com Naoe até o litoral e notei diversos navios parados à distância. O que fazer? Pegar um barquinho e seguir até lá para ver o que tem. Porém, notei que a experiência que estava ágil e sem qualquer travamento até ali, se tornou extremamente lenta e impossível de se manter.

“Este momento em que tudo foi impactado pela lentidão foi o único que me obrigou a reiniciar o jogo”

— Diego Corumba

Eram diversos personagens caminhando pela costa, vendedores interagindo com eles, vento, maré com pequenas ondas, os barcos e diversos elementos deles (velas, cordas etc.) atuando em simultâneo. Mesmo na versão mais recente do título e com todos os drivers atualizados, vi que isso se transformou em um problema quando haviam “coisas demais” acontecendo na tela. 

Já em relação aos bugs e glitches, a Ubisoft já é uma velha conhecida dos fãs com esse tipo de coisas. Notavelmente haviam menos do que eu esperava durante a experiência em Assassin’s Creed Shadows, o que me surpreendeu positivamente. Porém, é impossível falar que eles não existem e continuam espalhados por todo o game. Ao menos os que encontrei não causaram uma grande dor de cabeça.

Ficha técnica

  • Desenvolvedor: Ubisoft Quebec
  • Produtora: Ubisoft
  • Gênero: Ação/Aventura
  • Data de lançamento: 20/03/2025
  • Plataformas: PS5, Xbox Series, PC
  • Multiplayer: Não possui
  • Testado no PC através de código cedido pela produtora
Assassin’s Creed Shadows traz à franquia dois protagonistas (Imagem: Captura de Tela/Diego Corumba)

Vale a pena jogar Assassin’s Creed Shadows?

Mesmo com problemas notáveis, eu me diverti muito com Assassin’s Creed Shadows. A história é marcante, os personagens possuem características que vão cativar muita gente e todo o mapa do Japão está espetacular. Não é à toa que muitos o comparam com Ghost of Tsushima, mas ainda acredito que o novo jogo da Ubisoft está em posição mais vantajosa do que a experiência da Sony e da Sucker Punch. 

A única coisa que ele vai te exigir é um pouco de sua paciência: seja por algumas horas para rever Yasuke e ter finalmente a história completa em suas mãos para seguir, seja por alguns dias até o estúdio resolver os problemas de desempenho, bugs e glitches. Pelo que notei, nada disso me causou muitos transtornos na experiência, mas cada um tem seu próprio peso para levar isso a mais ou menos na consideração.

Um aspecto é certo: Assassin’s Creed Shadows não é a bomba que muitos especulavam, se mostrando um jogo extremamente consistente e que já figura ao lado dos mais recentes sucessos da franquia — com Odyssey e Origins encontrando algo do mesmo nível, finalmente. Mesmo que não goste da série, é possível dar uma chance e não se desapontar com a grande aventura que ocorre no Japão.

Leia a matéria no Canaltech.

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