Véspera do Dia “D” de Trump Enfraquece o Dólar, Enquanto Vale Impulsiona Ibovespa

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O dólar fechou a terça-feira em queda no Brasil, acompanhando o seu recuo ante divisas pares do real no exterior, um dia antes de o governo dos Estados Unidos anunciar detalhes sobre as tarifas de importação recíprocas prometidas pelo presidente Donald Trump.

No final do pregão, a moeda americana à vista registrou baixa de 0,42%, aos R$5,6830 — menor cotação de fechamento desde 21 de março, quando encerrou em R$5,6761. No ano, ela acumula queda de 8,03% ante o real. Desde final da manhã desta terça (1º), o dólar já migrava para o território negativo, alinhando-se com o mercado internacional. A queda da moeda esteve em sintonia com o avanço do Ibovespa e a baixa das taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs), em um dia positivo para os ativos brasileiros.

O Ibovespa avançou em 0,68%, acumulando 131.147,29 pontos, impulsionado pela Vale. A mineradora teve alta nesta terça, após alta do minério de ferro na China e do acordo com a Global Infrastructure Partners, para formar uma joint-venture na Aliança Energia pelo qual receberá US$1 bilhão.

Treasuries e Dia da Libertação

O enfraquecimento da moeda americana ante várias divisas estava em sintonia com a baixa firme dos rendimentos dos Treasuries, com investidores buscando a segurança dos títulos dos EUA antes da quarta-feira (2) — dia em que Trump promete anunciar tarifas recíprocas para todos os países, e não apenas para um grupo menor de 10 a 15 nações. O presidente dos Estados Unidos vem chamando a data de “Liberation Day” (Dia da Libertação).

“O Brasil segue se apropriando de um fluxo positivo do estrangeiro, que em virtude desta política, sobretudo dos EUA de impor tarifas, tem feito com que o investidor repense sua alocação, diminuindo exposição aos EUA e realocando em outros países”, comentou no fim da tarde Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

“O dia é de propensão a risco, com percepção de diferencial de juros ‘gordo’, porque os Estados Unidos caminham para cortar a sua taxa”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, ao justificar o recuo do dólar ante o real. Em tese, quanto maior o diferencial de juros — a diferença entre as taxas americana e brasileira –, maior a atratividade do Brasil ao capital externo, o que pesa nas cotações do dólar.

Destaques

– VALE ON subiu 0,86%, acompanhando o movimento dos preços futuros do minério de ferro, em meio à demanda crescente pelo ingrediente de fabricação de aço na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian fechou em alta de 1,86%, a 792 iuanes (US$ 108,98 ou R$ 626,64) a tonelada.

– PETROBRAS PN e PETROBRAS ON avançaram 0,38% e 0,51%, respectivamente, descoladas da fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent encerrou em baixa de 0,37%, a US$ 79,49 (R$ 456,07). A Agência Nacional do Petróleo (ANP) também divulgou nesta terça que a produção de petróleo do Brasil somou 3,488 milhões de barris por dia (bpd) em fevereiro, alta de 1,2% ano a ano, apesar de um recuo da produção da Petrobras.

– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou com variação positiva de 0,02%, em dia misto para os bancos, com BRADESCO PN perdendo 0,13%%, BANCO DO BRASIL ON subindo 0,5%, SANTANDER BRASIL UNIT cedendo 0,07% e BTG PACTUAL UNIT avançando 1,28%.

– ASSAÍ ON avançou 5,57%, em dia sem viés único no setor, CARREFOUR BRASIL ON encerrou com acréscimo de 1,38%, após anunciar que um de seus principais acionistas, a empresa de gestão de ativos da família Diniz, Península, passou por uma reorganização societária, reduzindo a sua participação na rede de varejo para menos de 5%. GPA ON, por sua vez, caiu 1,94%, em meio a ajustes após disparar 13,6% na véspera, enquanto circulava notícia de que o fundo de investimento Saint German, controlado pelo investidor Nelson Tanure, solicitou que o GPA convoque uma assembleia geral extraordinária para destituir o atual conselho de administração e eleger novos membros, incluindo executivos indicados pelo próprio empresário.

– TELEFÔNICA BRASIL ON subiu 4,96%, endossada por relatório de analistas do JPMorgan elevando o preço-alvo da ação de R$ 46,00 para R$ 52,00, enquanto reiteraram recomendação neutra. TIM BRASIL ON, que teve o preço-alvo elevado também, passando de R$ 21,00 para R$ 22,00 e a classificação “overweight” mantida, ganhou 0,52%.

– LOCALIZA ON avançou 4,5%, tendo no radar relatório de analistas do Itaú BBA elevando previsão para o lucro da empresa de aluguel de veículos e gestão de frotas para 2025 e reiterando recomendação outperform para a ação, com preço-alvo de R$53.

– NATURA&CO ON recuou 7,91%, ainda refletindo receios de investidores com o plano de turnaround da empresa e seus próximos resultados, após a decepção com os números do último trimestre de 2024. A fabricante de cosméticos realiza assembleia com acionistas no próximo dia 25, para decidir sobre a sua incorporação pela Natura Cosméticos.

– MARFRIG ON avançou 3,54%, tendo como pano de fundo relatório do Goldman Sachs elevando previsões de Ebitda para o período de 2025-2026, citando volumes e margens melhores do que o esperado em todas as principais operações da companhia. BRF ON, que também teve estimativas melhoradas pelo GS e é controlada pela Marfrig, subiu 2,34%, em dia positivo para empresas de proteínas. MINERVA ON fechou com acréscimo de 3,01% e JBS ON ganhou 2,02%.

– CEMIG PN caiu 1,66%, tendo no radar relatório de analistas do Bank of America cortando a recomendação dos papéis para underperform e o preço-alvo de R$ 13,00 para R$ 11,00, para “incorporar o impacto negativo das diferenças de preços de energia regionais no Brasil e a perda operacional do quarto trimestre do ano passado”. Eles também esperam uma queda de dividendos ano a ano, uma vez que não incorporam nas suas previsões reversão de passivos adicionais.

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