Payroll dos EUA surpreende, mas risco de recessão segue no radar, segundo economista

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O mercado de trabalho dos Estados Unidos voltou a surpreender em março de 2025. Segundo o relatório de emprego (payroll) divulgado nesta sexta-feira (4) pelo Departamento do Trabalho, a economia americana criou 228 mil vagas, número bem acima das expectativas de analistas, que previam a abertura de 137 mil postos no mês.

O resultado também mostra uma aceleração frente a fevereiro, quando foram criadas 117 mil vagas, após revisão para baixo do número inicialmente divulgado de 151 mil. A leitura reforça o ritmo de recuperação do emprego no país, mesmo em meio às incertezas macroeconômicas e aos impactos das políticas de tarifas sobre importações.

A taxa de desemprego nos Estados Unidos ficou em 4,2%, ligeiramente acima da expectativa do mercado, que projetava 4,1%. No total, o país encerrou março com 7,1 milhões de desempregados.

Entre outros indicadores, a taxa de participação da força de trabalho ficou em 62,5%, enquanto a proporção de pessoas empregadas em relação à população total atingiu 59,9%.

Payroll mostra avanço nos rendimentos

Os dados também mostraram avanço nos rendimentos dos trabalhadores americanos. O salário médio por hora subiu para US$ 36, representando um aumento de 0,3% na comparação mensal e de 3,8% em relação a março de 2024. O crescimento salarial mantém a pressão sobre a política monetária, já que o Federal Reserve acompanha de perto a evolução dos ganhos reais para calibrar as decisões de juros

Fed deve manter cautela

A economista Andressa Durão, do ASA, avalia que “o quadro ilustrado pelas pesquisas de emprego de março ainda não reflete o ambiente de incerteza elevada que a economia americana enfrenta no momento.”

Segundo a economista, “o mercado de trabalho continuou apresentando crescimento em ritmo sólido e a taxa de desemprego permanece em nível baixo“.

No entanto, Durão alerta que a elevação das chances de recessão muda o balanço de riscos da política monetária.

Isso sugere uma mudança de postura do Fed, que deverá se mostrar disposto a agir (“se necessário”) para conter os possíveis efeitos.” concluiu Andressa Durão.

Payroll “não enche os olhos”

Para o economista Maykon Douglas, apesar da criação de vagas acima do esperado, o relatório de março não chega a ser um resultado que “enche os olhos”.

Além da leve alta na taxa de desemprego e das revisões baixistas nas leituras anteriores, boa parte da aceleração em março veio de segmentos muito voláteis nos últimos meses, como varejo e lazer/hospitalidade (este estava há dois meses consecutivos em queda).” destacou o economista

Maykon também aponta que fatores sazonais podem ter influenciado o número, o que o torna suscetível a revisões futuras. “Portanto, é um payroll que continua a pintar um quadro de desaceleração gradual no mercado de trabalho americano. De todo modo, deve mexer pouco com os mercados, que focarão nos possíveis efeitos das tarifas de Trump sobre juros e inflação.“, avalia.

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