Microsoft faz 50 anos: como a big tech saiu de uma garagem e se tornou um império bilionário da tecnologia


Em 1975, Bill Gates e Paul Allen fundaram a Microsoft, criadora do Windows, Word, Excel, Copilot e tantas outras tecnologias que moldaram o mundo digital. O cofundador e ex-CEO da Microsoft, Bill Gates, fala durante um evento de comemoração do 50º aniversário na sede da Microsoft, sexta-feira, 4 de abril de 2025, em Redmond, Washington.
AP Photo/Jason Redmond
Microsoft revolucionou a computação desde sua fundação em 1975. Ao longo de décadas, empresa de Bill Gates estabeleceu um império no mundo digital. Seja em escritórios, salas de aula ou até mesmo na agricultura, as tecnologias da Microsoft são onipresentes.
Fundada em há 50 anos em uma simples garagem, a gigante da tecnologia comemorou seu aniversário nesta sexta-feira (4) com uma trajetória que revolucionou a computação a partir do sistema operacional Windows, que tornou os computadores pessoais acessíveis às massas.
Além disso, seu pacote Office se tornou sinônimo de trabalho moderno nos escritórios, e durante a pandemia de Covid-19, o Microsoft Teams possibilitou o trabalho remoto e a educação à distância ao redor do mundo.
Atualmente, a plataforma de comunicação tem mais de 320 milhões de usuários diários, transformando o trabalho remoto de uma exceção para a norma.
Agora, a Microsoft, com sede em Redmond, nos Estados Unidos, se encontra em um momento crucial. Dominando indústrias como computação em nuvem, sistemas operacionais e ferramentas de desenvolvimento, será que o gigante da tecnologia também liderará a transição para a era da inteligência artificial (IA) — ou sua dominância de mercado é motivo de preocupação?
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Da garagem ao protagonismo na tecnologia
Paul Allen e Bill Gates, fundadores da Microsoft, recriaram clássica foto de 1981 em 2013
Reprodução/Twitter
Tudo começou em 1975, em uma pequena garagem em Albuquerque, Novo México, nos EUA. Dois amigos de faculdade e programadores, Bill Gates (19 anos) e Paul Allen (22 anos), tinham uma visão simples, mas revolucionária: tornar os computadores acessíveis a todos.
Para isso, os amigos criaram um software para o Altair 8800, um dos primeiros computadores pessoais da época, fabricado pela MITS. Esse foi o primeiro grande sucesso da empresa, recém-nomeada Micro Computer Software, e marcou o início da Microsoft no mundo da tecnologia.
Logo após a fundação da Microsoft, Gates e Allen mudaram a empresa para o estado de Washington em 1979, quando as vendas dos softwares já haviam ultrapassado 1 milhão de dólares.
Um marco importante para os jovens fundadores foi a parceria com a IBM em 1980, que estabeleceu o MS-DOS (Microsoft Disk Operating System) da Microsoft como o sistema operacional padrão na indústria de PCs.
O lançamento do Windows, alguns anos depois, criou as bases para a futura dominância da Microsoft no mercado de software.
Ao longo das últimas cinco décadas, a Microsoft se adaptou continuamente às mudanças tecnológicas e expandiu seus negócios para novas áreas. Ela não é mais apenas uma empresa de software, mas um império tecnológico global com presença em quase todos os setores.
Os números falam por si: em março de 2025, a Microsoft é a terceira empresa mais valiosa do mundo, atrás da fabricante do iPhone, Apple, e da fabricante de chips, NVIDIA.
Bill Gates se tornou o cofundador mais famoso da marca e foi o homem mais rico do mundo entre 1995 e 2017, 27 anos consecutivos, segundo a revista Forbes.
Já Paul Allen, que faleceu em 2018 enquanto lutava contra um câncer no sistema linfático, deixou a Microsoft em 1983, quando foi diagnosticado com câncer pela primeira vez, mas permaneceu em um cargo simbólico até os anos 2000.
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O futuro está na IA
Satya Nadella, CEO da Microsoft, em 27 de fevereiro de 2019
Tobias SCHWARZ/AFP
Apesar de seu imenso poder no mercado, a Microsoft se encontra no início de uma nova era definida por duas letras: IA.
A empresa está investindo bilhões em pesquisa, construindo vastos data centers ao redor do mundo e desenvolvendo seus próprios chips de inteligência artificial.
A transformação é liderada pelo atual CEO Satya Nadella, que assumiu a liderança em 2014 e tomou duas decisões estratégicas que remodelaram o futuro da Microsoft.
Primeiro, ele deslocou o foco da empresa para a computação em nuvem, revolucionando seu modelo de negócios e fontes de receita. Em segundo lugar, ele posicionou a IA como o núcleo da estratégia de longo prazo da Microsoft, reconhecendo desde cedo o imenso potencial dessa tecnologia.
As ferramentas da Microsoft alimentadas por IA, como o Copilot, já lidam com tarefas rotineiras, redigem e-mails, analisam dados e geram conteúdo criativo. A empresa pretende moldar ainda mais como as pessoas trabalham, se comunicam e inovam.
Embora a Microsoft promova a IA como uma impulsionadora de produtividade, críticos alertam para a possibilidade de enormes perdas de empregos devido à automação.
Preocupações éticas também são um grande tema, que vão desde riscos à privacidade de dados até a desinformação gerada pela IA.
Antonio Krüger, CEO do Centro Alemão de Pesquisa em Inteligência Artificial (DFKI) — uma parceria público-privada — afirma que a IA está começando a “influenciar diretamente a criação de valor nas empresas”.
“Grandes empresas de tecnologia como a Microsoft estão se esforçando para fortalecer sua posição nessa área”, disse Krüger à DW, expandindo a transformação “muito além dos processos tradicionais de escritório e impactando significativamente os setores industriais e econômicos centrais em toda a Europa”.
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A Microsoft pode ser parada?
Para muitas empresas e governos, a Microsoft se tornou quase indispensável. Só na Alemanha, 96% das autoridades públicas utilizam o software da empresa, e 69% dependem de seus data centers, segundo o provedor global de dados Statista.
As empresas dependem da infraestrutura de nuvem da Microsoft, dos serviços de segurança e das ferramentas impulsionadas por IA, enquanto as agências governamentais armazenam dados sensíveis nos data centers da Microsoft e utilizam seu software para tarefas administrativas.
Pelo menos 1,4 bilhão de PCs e laptops em todo o mundo rodam o Windows, mostram dados internos fornecidos pela Microsoft.
Mas essa integração profunda tem um preço — para muitos, mudar de plataforma é quase impossível.
Especialistas como Krüger alertam para o chamado efeito lock-in, que significa que, uma vez que uma organização adote completamente o ecossistema da Microsoft, a transição para outra plataforma se torna extremamente difícil e cara.
Essa dependência reforça o domínio da Microsoft no mercado, tornando quase impossível para os concorrentes desafiarem a empresa de forma eficaz.
Para os governos, surge a questão: deve uma única empresa ter tanto controle sobre a infraestrutura digital crítica?
Embora os formuladores de políticas, especialmente na União Europeia (UE), defendam uma regulação mais rígida ou uma maior diversificação dos provedores de tecnologia para reduzir a dependência da Microsoft, alternativas viáveis realmente permanecem escassas.
Mas Krüger acredita que, em vez de focar na regulação, a UE deveria começar a construir um campeão europeu de software de IA.
“Somos fundamentalmente competitivos em tecnologia, mas se não desenvolvermos modelos de IA em grande escala na Europa, não desempenharemos um papel significativo no cenário tecnológico global”, acrescentou.
Inovação em um mundo dominado pela IA
A expansão global da Microsoft não mostra sinais de desaceleração, já que a empresa busca aprimorar ainda mais suas capacidades de IA no futuro. A companhia planeja integrar seus modelos mais profundamente nas aplicações cotidianas, ao mesmo tempo em que fortalece seu principal negócio de nuvem.
Levando ainda mais a fronteira tecnológica, a empresa, em fevereiro, apresentou seu mais novo chip Majorana 1 — o primeiro chip quântico do mundo que a Microsoft afirma que “realizará computadores quânticos capazes de resolver problemas significativos em escala industrial em anos, não em décadas”.
“Nós demos um passo atrás e dissemos: ‘OK, vamos inventar o transistor para a era quântica. Que propriedades ele precisa ter?’”, disse Chetan Nayak, membro técnico da Microsoft, em comunicado. “E foi assim que chegamos aqui – é a combinação particular, a qualidade e os detalhes importantes em nossa nova pilha de materiais que permitiram um novo tipo de qubit e, em última análise, toda a nossa arquitetura.”
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