União Europeia prefere negociar tarifas dos EUA, mas prepara primeira retaliação

A Comissão Europeia disse nesta segunda-feira (7) que ofereceu um acordo tarifário “zero por zero” para evitar uma guerra comercial com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conforme os ministros da União Europeia concordaram em priorizar as negociações, ao mesmo tempo em que prepara contramedidas para a próxima semana.

O bloco de 27 países enfrenta tarifas de importação de 25% sobre aço e alumínio e automóveis e tarifas “recíprocas” de 20% a partir de quarta-feira para quase todos os outros produtos sob a política de Trump de atingir os países que ele diz imporem altas barreiras às importações dos EUA.

Os ministros que supervisionam o comércio se reuniram em Luxemburgo nesta segunda-feira para debater a resposta da UE, bem como discutir as relações com a China. Muitos disseram que a prioridade era iniciar negociações para remover as tarifas de Trump, em vez de combatê-las.

Michal Baranowski, vice-ministro da Economia da Polônia, disse em uma coletiva de imprensa após a reunião que seus pares da UE não queriam ser “agressivos”.

O comissário de Comércio da UE, Maros Sefcovic, disse que as discussões com Washington estavam em um estágio inicial e que ele havia oferecido tarifas “zero por zero” para carros e outros produtos industriais, expressando esperança de que as discussões pudessem começar.

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No entanto, o principal assessor comercial de Trump minimizou nesta segunda-feira a pressão do bilionário da tecnologia Elon Musk por “tarifas zero” entre os EUA e a Europa, chamando o presidente-executivo da Tesla de “montador de carros” que depende de peças de outros países.

“Embora a UE permaneça aberta a negociações — e prefira fortemente — não vamos esperar indefinidamente”, disse Sefcovic, acrescentando que o bloco avançaria com contramedidas e passos para evitar inundações de importações desviadas.

A UE deve aprovar esta semana um conjunto inicial de contramedidas de até US$28 bilhões de importações dos EUA, que vão de fio dental a diamantes, em resposta às tarifas de aço e alumínio de Trump, e não às taxas recíprocas mais amplas.

Mas até mesmo essa medida se mostrava problemática, com Trump ameaçando uma contratarifa de 200% sobre as bebidas alcoólicas da UE se o bloco avançar com uma tarifa de 50% sobre o bourbon dos EUA. França e Itália, grandes exportadores de vinho e bebidas alcoólicas, expressaram preocupação.

Sefcovic disse que a lista estava sendo finalizada, mas seria menor do que a inicialmente prevista devido às reclamações dos países da UE. O bloco começará a cobrar as tarifas em 15 de abril, com uma segunda parcela começando um mês depois.

UE mantém todas opções de retaliação em aberto

O bloco deve produzir um pacote maior de contramedidas até o final de abril, como resposta às tarifas norte-americanas sobre automóveis e às tarifas mais amplas.

Sefcovic deixou claro que a UE está pronta para considerar todas as opções de retaliação. Uma delas é o Instrumento Anticoerção da UE, que permite que a UE tenha como alvo os serviços dos EUA ou limite o acesso das empresas norte-americanas às licitações de compras públicas da UE.

“Estamos preparados para usar todas as ferramentas para proteger o mercado único”, disse ele, fazendo eco às opiniões do ministro do Comércio da França, Laurent Saint-Martin.

Em uma guerra de tarifas sobre mercadorias, Bruxelas tem menos alvos do que Washington, já que as importações de mercadorias dos EUA pela UE totalizaram 334 bilhões de euros em 2024, contra 532 bilhões de euros de exportações da UE.

Alguns países da UE, especialmente aqueles expostos ao comércio com os Estados Unidos, pediram cautela. O ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Harris, descreveu o Instrumento Anticoerção como “a opção nuclear”.

Baranowski disse que os membros da UE estavam abertos a manter as opções em aberto, com ênfase na proporcionalidade.

“Várias ideias foram colocadas sobre a mesa. Alguns países mencionaram serviços. Outros não. Alguns países mencionaram serviços digitais, outros não”, disse ele.

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