Professor usa funk para ensinar gramática para alunos; ouça a música e teste seus conhecimentos


Anderson Ribeiro dá aulas na rede estadual de São Paulo, e viu na música uma oportunidade de engajar seus alunos e proporcionar uma experiência de aprendizado divertida e objetiva. Professor viraliza com paródia de funk sobre classes das palavras
Você lembra o que substantivos, numerais e verbos têm em comum? Se respondeu que todos são diferentes classes gramaticais, acertou!
É comum aprender sobre classes gramaticais, ou classes de palavras, ao longo do ensino fundamental, mas nem sempre nos lembramos da relação entre estes conteúdos, ou mesmo da explicação de cada um.
Pensando nisso, o professor Anderson Ribeiro, que leciona na rede estadual de ensino em São Paulo, fez paródia de um funk para ajudar os alunos a memorizar o conteúdo. O g1 conversou com ele para entender como isso aconteceu e qual o resultado desse trabalho.
Anderson Ribeiro, professor que fez parídia de funk para ensinar sobre classe de palavras.
Arquivo pessoal.
Mas, antes de contar essa história, que tal testar mais a fundo seu conhecimento sobre classes das palavras? É só responder as 5 perguntinhas abaixo:
Teste seu conhecimento sobre classe gramatical das palavras
Classes das palavras
As palavras da língua portuguesa podem ser organizadas em 10 diferentes grupos, que são chamadas classes gramaticais ou classes de palavras. São elas:
Substantivo
Artigo
Adjetivo
Numeral
Pronome
Verbo
Advérbio
Preposição
Conjunção
Interjeição
Todas as palavras utilizadas na língua portuguesa pertencem a alguma dessas classes, e possuem uma função específica na construção de frases e no significado das expressões, de acordo com seu grupo.
Por exemplo, na frase:
Pedro comprou um carro vermelho, apesar de querer duas motos pretas.
Pedro: substantivo próprio
comprou: verbo (pretérito perfeito do indicativo do verbo comprar)
um: artigo indefinido
carro: substantivo comum
vermelho: adjetivo (qualifica “carro”)
apesar de: locução prepositiva (preposição)
querer: verbo (infinitivo do verbo querer)
duas: numeral cardinal (indica quantidade)
motos: substantivo comum (abreviação de “motocicletas”)
pretas: adjetivo (qualifica “motos”)
Funk “Português baby”
Anderson Ribeiro é professor da rede estadual de ensino em São Paulo, e atua em escolas da região do Grajaú, na Zona Sul da capital. Ele viralizou algumas vezes nas redes sociais com vídeos feitos em suas aulas, nos quais aparece cantando paródias de funks e RAPs com os alunos.
Em um dos vídeos, gravados na Escola Estadual Professora Juventina Marcondes Domingues de Castro, Anderson apresenta a música “Português baby: classe de palavras”, na qual canta justamente sobre as classes gramaticais.
Nas estrofes da canção — que é uma paródia do funk “Let’s Go 4”, interpretada por DJ GBR, IG, Ryan SP, PH, Davi, Luki, Don Juan, Kadu, GH do 7, GP e TrapLaudo —, ele explica:
Tudo aquilo que tem nome chamo de substantivo.
O que antecede ele a gente chama de artigo.
Ação e estado já sei que é verbo.
Se indica circunstância é um advérbio.
Pronome substitui ou retoma algum nome.
Numeral indica o número, o dobro da fome.
O que une duas orações é a conjunção.
Pra ligar dois termos utilizamos preposição.
Psiu! Presta atenção na interjeição.
Adjetivo qualifica se tá boa a canção.
Agora que já aprendemos classificação.
Vem comigo e vamos cantar junto esse refrão.
Mas esse é só um dos exemplos de canções utilizadas por Anderson nas aulas. Em outros vídeos, ele canta sobre o alfabeto e as vogais e consoantes que o compõe, sobre a diferença entre frase, oração e período, e até mesmo sobre pontuação.
Professor faz paródia de funk para ensinar o alfabeto a alunos
MC e professor
Em conversa com o g1, Anderson relevou que, antes de ser professor, era apaixonado por RAP. Se encantou pelo ritmo na adolescência e entrou na cena com o nome de MN MC, mas nunca se dedicou exclusivamente a isso.
Com formação e experiência em Publicidade e Propaganda, só começou a considerar a licenciatura em 2021, aos 28 anos. Desde então, ele se formou Pedagogia, e possui licenciatura em Letras e Artes.
Hoje, aos 32, ele diz ver na docência a oportunidade de “fazer uma revolução de base, que é levar conhecimento para os jovens de conhecimento, ajudá-los a se inserir melhor na sociedade e mudar um pouco da realidade deles.”
E foi em 2023, quando já atuava em salas de aula, que Anderson ele teve a ideia de juntar a paixão pela música com a missão da docência.
Eu decidi ser professor para ensinar, mas sei que essa é uma missão difícil. Os desafios já são grandes, é difícil até manter a atenção dos alunos. Mas os alunos consomem música, é algo presente na realidade deles. Então pensei: ‘Por que não usar isso a meu favor?’ Pensei que, se os alunos decoram letras de música, podem usar a mesma técnica para memorizar o conteúdo.
Professor Anderson Ribeiro apresenta uma de suas músicas aos alunos.
Arquivo pessoal.
A escolha pelo funk foi justamente por ser um estilo musical consumido pelos jovens, e pela identificação da realidade da periferia. Já o RAP foi utilizado por causa do repertório pessoal do professor.
“Eu componho a letra e a encaixo em uma música. Mas a música não é o ponto central da aula, ela só entra ao final do conteúdo. Então, eu dou as aulas sobre o conteúdo, dou a explicação completa, e só depois apresento a música para os alunos. A ideia é fazer os alunos lembrarem da explicação com mais facilidade, e não substituir o conteúdo”, explica.
Anderson conta que a experiência como publicitário foi fundamental para essa empreitada. “Na publicidade, temos um público-alvo, definimos um objetivo e traçamos um plano de ação para alcança-lo. Então, os alunos são meu público, meu objetivo é fazê-los internalizar meu produto, que é a educação, e faço isso por meio das músicas”.
Como resultado, o professor vê os alunos mais engajados, atentos e participativos, e com um desempenho melhor nas atividades e avaliações. Por isso, decidiu transformar sua ideia em um projeto que pode ajudar outros professores, produzindo vídeos animados com as paródias, e as disponibilizando em plataformas de áudio e vídeo.
“Fico muito feliz por ter dado certo, e fico mais feliz ainda de ver os alunos interessados em aprender. Sei que tem muitos professores engajados pelo país, e espero que, de alguma forma, isso possa ajudá-los em suas próprias missões”, conclui.
VÍDEOS DE EDUCAÇÃO
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