Cientistas reagem mal a lobo-terrível da Colossal; animais seriam híbridos

Cientistas se mostraram céticos com a alegação de que a norte-americana Colossal Biosciences teria revivido o chamado “lobo-terrível”, espécie extinta há milhares de anos. A empresa anunciou o nascimento de três filhotes de lobo geneticamente modificados com DNA de fósseis da espécie extinta, mas especialistas afirmam que ainda é cedo demais para dizer que isso significa que os animais foram trazidos de volta à vida. 

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Na segunda-feira (7), a empresa anunciou que seus espécimes Rômulo e Remo já chegaram aos seis meses de idade; enquanto isso, a fêmea Khaleesi — nome que faz referência à personagem Daenerys Targaryen, da franquia Game of Thrones — completou três meses. Todos são de grande porte se comparados com os lobos cinzentos. 

No comunicado, a empresa os chamou de lobos-terríveis e os descreveu como “os primeiros animais ‘des-extintos’ do mundo”. Para criá-los, a empresa estudou a genética dos lobos-terríveis a partir de amostras de dentes com 12 mil anos e um crânio de 72 mil anos. Depois, eles adicionaram as características dos lobos-terríveis naquelas dos lobos cinzentos.


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Os embriões foram criados a partir das células modificadas dos lobos cinzentos, que depois foram implantados em cadelas domesticadas, que deram à luz os filhotes. Beth Shapiro, diretora do escritório de ciência da Colossal, declarou que “definimos o sucesso de des-extinção como trazer de volta as características funcionais ecológicas que tornaram os lobos-terríveis agentes únicos em seus ecossistemas, e os nossos são um exemplo disso”.

Para especialistas, é aqui que começa a desconfiança. Embora o comunicado descreva o procedimento, não foram publicados estudos em revistas científicas, as quais exigem que o material seja revisado por cientistas não envolvidos no projeto. “O que a Colossal produziu é um lobo-cinzento, mas com algumas características do lobo-terrível, como crânio maior e pelagem branca”, explicou à BBC o Dr. Nic Rawlence, paleogeneticista da Universidade Otago. “É um híbrido“, concluiu. 

Corey Bradshaw, professor de ecologia global na Universidade Flinders, na Austrália, se mostrou desconfiado. “Sim, talvez eles tenham lobos um pouco geneticamente modificados. E provavelmente isso é o melhor que você vai conseguir”, declarou. “Estas pequenas modificações parecem ter sido derivadas do material recuperado dos lobos-terríveis. Isso faz ser um lobo-terrível? Não. Isso faz ser um lobo-cinzento levemente modificado? Sim”, disse à Reuters. 

Considerados alguns dos predadores mais eficientes da Era do Gelo, os lobos-terríveis (Aenocyon dirus) viveram nas Américas há cerca de 10 mil anos. Eles eram como lobos de grande porte, mas com pelagem branca, e ficaram mais conhecidos popularmente por sua representação na franquia Game of Thrones. 

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