China indica que vai negociar acordo após Trump impor taxa de 104% sobre produtos do país asiático

Os principais líderes da China planejam se reunir já nesta quarta-feira para definir medidas para impulsionar a economia e estabilizar os mercados de capitais, informaram pessoas com conhecimento do assunto, em meio à escalada da guerra comercial com os Estados Unidos.

Além das iniciativas para apoiar o mercado local, o governo do país asiático publicou um documento indicando abertura para negociações após as tarifas de 104% impostas pelos Estados Unidos.

Os índices acionários da China e de Hong Kong fecharam em alta nesta quarta-feira. O índice CSI300 abriu em baixa, mas depois recuperou as perdas e fechou com alta de 0,99%, enquanto o índice SSEC, em Xangai, subiu 1,31%. O índice Hang Seng, de Hong Kong, avançou 0,68%.

A comunicação oficial apontou que Pequim está disposto a se comunicar com Washington para resolver diferenças e atritos que considera normais para as duas maiores economias do mundo.

“Os ativos de risco se recuperaram com um documento que sugere que a China está aberta ao diálogo – embora não confirme que as negociações entre os EUA e a China estejam em andamento e signifique que mais barulho nas manchetes é inevitável”, disseram analistas do Citi em uma nota.

Guerra comercial pode reduzir PIB chinês em 2 pontos

A Reuters apurou que os principais líderes da China planejam convocar uma reunião já nesta quarta-feira para discutir medidas a fim de impulsionar a economia e estabilizar os mercados de capitais.

Economistas alertaram que a escalada da guerra tarifária e comercial pode reduzir de um a dois pontos percentuais o crescimento deste ano na China, piorar o excesso de capacidade industrial, colocar empregos domésticos em risco e alimentar ainda mais as forças deflacionárias.

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Entre os participantes esperados na reunião da cúpula do governo estão altos funcionários do Conselho de Estado, bem como vários órgãos governamentais e reguladores, disseram as duas fontes, que pediram anonimato por não estarem autorizadas a falar com a mídia.

Iniciativas como tornar os descontos nos impostos de exportação mais atraentes para as empresas nacionais também devem fazer parte das negociações.

O Escritório de Informações do Conselho de Estado, que lida com consultas de mídia para o governo chinês, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Crise prolongada estimula acordo

As tarifas de Trump abalaram uma ordem comercial global que persistiu por décadas, alimentando temores de recessão e fazendo com que as ações caíssem drasticamente em todo o mundo.

Para a China, a guerra comercial ocorre em um momento em que sua economia está se debatendo com uma prolongada crise imobiliária e com altos níveis de endividamento dos governos locais, azedando a confiança das empresas e dos consumidores.

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Embora Pequim tenha revelado contratarifas na semana passada para os Estados Unidos, prometendo lutar contra o que considerou uma chantagem, analistas dizem que o país está se sentindo encurralado pelo ataque tarifário de Trump e a qualquer país que compre ou monte produtos chineses.

A mídia estatal chinesa deve divulgar parte da agenda da reunião, já que as autoridades pretendem estabilizar a economia e os mercados, bem como restaurar a confiança dos investidores, acrescentaram as fontes.

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