Colossal acredita que desextinção não significa “criar cópia genética perfeita”

O lobo-terrível, espécie que a empresa Colossal Biosciences afirma ter trazido de volta da extinção recentemente com três filhotes revelados na segunda-feira (7), continua a criar controvérsias. Enquanto a companhia afirma ter desextinguido os animais, cientistas comentaram o fato com desconfiança, e receberam uma tréplica.

  • Cientistas reagem mal a lobo-terrível da Colossal; animais seriam híbridos
  • O que faz a Colossal Biosciences? Empresa de genética aposta em desextinção

À BBC, Nic Rawlence, paleogeneticista da Universidade Otago, afirmou se tratar de “um híbrido […], um lobo-cinzento, mas com algumas características do lobo-terrível” (em inglês, dire wolf). À Reuters, Corey Bradshaw, professor de ecologia global da Universidade Flinders, comentou que a espécie é um lobo-cinzento levemente modificado, com apenas 14 dos 190 genes que caracterizam os extintos lobos.

A resposta da Colossal Biosciences

Comentando sobre a repercussão da notícia, a CSO (Diretora de Operações Científicas) da companhia, Beth Shapiro, lembrou que a definição que ela propõe para a desextinção é a de trazer de volta os traços ecológicos que fizeram os lobos-terríveis contribuírem, de forma única, ao seu ecossistema, algo que seus lobos supostamente fariam.


Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Beth Shapiro, CSO da Colossal Biosciences, acredita que a desextinção é a recuperação de uma espécie que ocupe o mesmo nicho ecológico e tenha as mesmas características do animal extinto que o ocupava, sem necessariamente ter os mesmos genes (Imagem: Colossal Biosciences/Divulgação)
Beth Shapiro, CSO da Colossal Biosciences, acredita que a desextinção é a recuperação de uma espécie que ocupe o mesmo nicho ecológico e tenha as mesmas características do animal extinto que o ocupava, sem necessariamente ter os mesmos genes (Imagem: Colossal Biosciences/Divulgação)

A Reuters perguntou à cientista se ela considera apropriado chamar os filhotes de lobos-terríveis, ao que Shapiro respondeu pensar que tal debate foge ao ponto. Espécies segundo ela, são classificações criadas por humanos frequentemente, não correspondendo com as populações naturais de animais. Inventamos esse conceito para ajudar a pensar no mundo natural de modo que faça sentido, completou ela.

A bióloga molecular finaliza definindo a desextinção como um ato que não é o de criar cópias genéticas perfeitas de animais, mas sim restaurar funções ecológicas perdidas e, com isso, melhorar a biodiversidade. A abordagem é semelhante aos planos da companhia para trazer de volta elefantes com características de mamutes e marsupiais com características de tilacinos (lobos-da-tasmânia).

Leia também:

  • Projetos europeus querem reviver espécie extinta de bovino; conheça os auroques
  • Jurassic Park? Cientistas planejam criar híbrido de mamute extinto há 4 mil anos
  • Cientistas estão próximos de “ressuscitar” rato extinto há 120 anos

VÍDEO: Robô de um animal extinto

 

Leia a matéria no Canaltech.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.