“Trump suspende tarifas, mas não resolve caos global” avalia economista

A decisão de Donald Trump de suspender parcialmente as tarifas impostas sobre produtos importados foi recebida com entusiasmo pelos mercados globais no curtíssimo prazo. Durante evento recente, o presidente dos Estados Unidos afirmou que “mais de 50 países entraram em contato” para discutir novos termos comerciais. No entanto, o economista Caio Augusto, do Terraço Econômico, pondera que, apesar do discurso abrangente, a atenção do mercado se concentra em três nações estratégicas: China, Canadá e México.

Mesmo com tantos países citados, a relevância comercial de fato está nesses três“, explica Caio. “Canadá e México seguem avançando nas negociações em paralelo, enquanto a China, por outro lado, os EUA já colocaram tarifas de 125%.”

A suspensão parcial das tarifas reduz momentaneamente a pressão sobre os mercados, trazendo uma sensação de estabilidade imediata. Mas, segundo o economista, é um alívio temporário e superficial.

Tarifas no curtíssimo prazo

Embora a reação dos mercados tenha sido positiva, Caio Augusto faz questão de enfatizar que esse movimento é apenas um respiro temporário diante de uma situação estruturalmente frágil.

No curtíssimo prazo isso é bem ruim para os mercados porque, reforço, NO CURTÍSSIMO PRAZO isso significa que tudo fica mais ou menos como está (com exceção ao que acontece com a China)” destaca o economista.

Trump mencionou que a suspensão das tarifas terá duração de 90 dias para todos os países, exceto a China. Para Caio, esse prazo é curto e mantém o ambiente de incerteza. “Daqui a 50 dias, ele deve retomar esse jogo de cena, e o mercado vai voltar a se inquietar“, alerta.

O economista levanta ainda uma dúvida estratégica que paira sobre a política comercial americana: “Os Estados Unidos querem arrecadar bilhões com impostos de importação ou reindustrializar o país e criar empregos? Porque, ao praticamente romper relações com a China, não terão sequer insumos básicos para essa reconversão industrial.

Impactos das tarifas no médio prazo

Segundo Caio Augusto, o impacto mais profundo da política tarifária de Trump é a desorganização das cadeias globais de valor. “O vai e vem tarifário está desorganizando fortemente o comércio global. Mesmo que no curto prazo soe como problema resolvido, as cadeias seguem se rearranjando.”

O economista destaca que a postura agressiva dos Estados Unidos tem afetado até mesmo aliados históricos. “Até parceiros com mais de 70 anos de relação estão sendo tratados como potenciais inimigos. Essa desconfiança generalizada abre espaço para a formação de novas parcerias que excluem o fio desencapado em que os EUA se tornaram.”

Países afetados pelas tarifas já estão buscando novos parceiros, priorizando relações comerciais mais estáveis e previsíveis. “Quem está perdendo noites de sono com isso não vai esquecer. Vai apenas mudar de parceiro comercial“, afirma.

Perspectiva global e o papel do Brasil

O cenário internacional exige atenção redobrada dos países inseridos nas grandes cadeias globais. O Brasil, por exemplo, pode encontrar oportunidades estratégicas no meio desse rearranjo, especialmente no fornecimento de insumos agrícolas e industriais para a China e outros mercados em busca de alternativas aos produtos americanos.

O comportamento errático da política comercial dos Estados Unidos reforça a necessidade de diversificação nas relações comerciais. “A tendência é que, cada vez mais, as nações optem por parceiros que ofereçam previsibilidade, em contraste com a volatilidade americana“, conclui Caio Augusto.

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