Ibovespa fecha em queda pressionado por escalada na guerra comercial entre EUA e China

Ibovespa sobe com negociações de paz e tensões comerciais

O mercado financeiro brasileiro encerrou a sessão desta quinta-feira (10) em clima de tensão, acompanhando a escalada da disputa comercial entre Estados Unidos e China. O Ibovespa recuou 1,13%, aos 126.354 pontos, enquanto o dólar comercial avançou 0,89%, cotado a R$ 5,8990.

De acordo com Leandro Martins, analista CNPI e colunista do programa Closing, da BM&C News, “o investidor precisa manter a parcimônia, que foi a minha orientação ontem”. Ele alertou que a forte alta da véspera não deveria entusiasmar demais o mercado. “Avisei que aquela alta de ontem não era para se empolgar. O grande ‘x’ da questão é essa guerra dos Estados Unidos com a China, que tomara que fique só no campo comercial”, pontuou Martins.

Impacto das tarifas elevadas por Trump

A pressão no mercado veio após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a elevação das tarifas sobre produtos chineses para impressionantes 145%. A medida combina uma tarifa geral de 125%, mais um adicional de 20% como penalidade associada à crise do fentanil — droga sintética que vem causando uma epidemia de overdose nos Estados Unidos.

“Basicamente, se essa política for adiante, a ideia de Trump é proteger a indústria norte-americana e, ao mesmo tempo, pressionar a China economicamente e politicamente”, destacou o analista. “Só que no final das contas, quem paga essa conta são os consumidores. Produtos ‘Made in China’, como eletrônicos, roupas e brinquedos, vão encarecer nas prateleiras americanas”, complementou.

Petrobras em destaque negativo, Vale como exceção positiva

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) foram duramente penalizadas, devolvendo praticamente toda a alta da véspera. “A queda de hoje já está se aproximando da abertura de ontem. Então a alta de ontem não serviu para nada na Petro”, explicou Leandro Martins. Segundo ele, a movimentação reflete o ambiente de cautela generalizada e a sensibilidade da estatal ao cenário externo.

Por outro lado, a Vale (VALE3) se destacou positivamente. Martins chamou a mineradora de “Fênix”, dizendo que ela continua a mostrar força: “Vale é muito técnica, tem bons fundamentos. Está tentando fechar um gap importante acima dos R$ 53,60. É um dos poucos papéis que tenta nadar contra a maré”.

Setor automotivo e varejo: Localiza e Magazine Luiza chamam atenção

Mesmo em um dia de queda generalizada, algumas ações conseguiram se destacar. É o caso da Localiza (RENT3), que se aproxima dos topos das últimas semanas. “Localiza é meu grande destaque. Um papel que está mostrando apetite comprador frente aos investidores”, afirmou Martins.

Outro nome que mereceu atenção foi o Magazine Luiza (MGLU3), considerado pelo analista como “especulativo”, mas que ensaia recuperação. “Tem muita gente chegando no papel. Magalu ainda está em recuperação, mas requer cuidado. É volátil”, pontuou.

Criptomoedas e cenário global

Nem mesmo as criptomoedas escaparam da correção. O Bitcoin, que havia recuperado terreno ontem, voltou a cair hoje. Segundo Martins, “criptoativos estão muito similares ao Ibovespa, devolvendo boa parte da alta anterior e precisando de cautela”.

Nos Estados Unidos, Wall Street teve um dia de forte aversão ao risco: Dow Jones caiu 2,5%, S&P 500 recuou 3,46% e Nasdaq desabou 4,31%, refletindo o temor de que a guerra tarifária possa desacelerar a economia global e pressionar a inflação americana.

Perspectivas: mercado segue atento aos próximos capítulos da tensão entre EUA e China

Para os próximos dias, a expectativa é de continuidade na volatilidade. “Aqui no mercado brasileiro, a gente consegue separar o joio do trigo e buscar um bom garimpo de ativos que estão subindo, nadando contra a maré”, recomendou Leandro Martins.

Ele finalizou o programa destacando que, apesar da pressão externa, ainda há oportunidades pontuais. “Procurem papéis com melhores fundamentos e com movimentações menos voláteis. Esse é o meu alerta para vocês nesse momento”, concluiu.

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