Para Campos Neto, Brasil “está bem posicionado” na política tarifária de Trump

O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil está “bem posicionado” em relação à política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. 

“O Brasil não é foco do problema que os Estados Unidos enxergam. Acho que o Brasil tem feito um bom trabalho, disse Campos Neto no Advance 2025, evento promovido pela Fami Capital.

Para ele, o país precisa manter o tom de neutralidade com a Casa Branca, em busca de negociações. “O Brasil está com uma postura construtiva, positiva e tem negociado”, acrescentou. 

Campos Neto ainda afirmou que, em consequência da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo, a China deve intensificar o comércio com o Brasil. 

“Pode ser que a gente veja uma entrada maior de produtos chineses a um preço mais baixo. Isso vai trazer uma pressão desinflacionária”, disse o ex-BC. 

Na semana passada, Trump anunciou uma tarifa de 10% sobre as importações brasileiras no território norte-americano. A alíquota foi a mais baixa entre os países que são parceiros comerciais dos EUA.

‘Tarifaço’ de Trump

Para Campos Neto, ainda não está clara a razão por trás do ‘tarifaço’ de Trump. Segundo ele, a medida de tarifas pode acontecer em três cenários: incentivo à indústria local do país, aumento de arrecadação ou reciprocidade. 

E, na avaliação do ex-BC, o plano tarifário de Trump não “tem nada a ver” com a  ideia de reciprocidade — embora ela seja defendida pela Casa Branca. 

“O peso da tarifa foi dado pela relação da balança comercial de um país com outro. Isso não tem nada a ver com nada que tenha sido falado no passado e gerou muita confusão, inclusive para mim”, disse Campos Neto. 

“A comunicação do plano está muito difícil e está gerando, vamos dizer assim, uma perda de credibilidade. Credibilidade na economia você perde rápido, demora para ganhar”, acrescentou. 

Na visão de Campos Neto, a guerra comercial vai além das tarifas. “Ao meu ver, os Estados Unidos tentam provocar um isolamento da China. Se isso vai funcionar ou não, ainda temos [que ver] as cenas do próximo capítulo.”

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