Brasil pode ter mais de 1 milhão de pessoas com Parkinson em 2060, aponta estudo


Pesquisa estima que mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais vivem atualmente com a doença de Parkinson. Principal fator de risco é o envelhecimento. Pacientes com Doença de Parkinson desconhecem que há estratégias para auxiliar quem enfrenta dificuldades para andar
Steve Buissinne para Pixabay
Publicado recentemente na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, um estudo inédito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) estima que mais de 500 mil brasileiros com 50 anos ou mais vivem atualmente com a Doença de Parkinson. No entanto, o número pode mais que dobrar até 2060, ultrapassando 1,2 milhão de casos, aponta o estudo.
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De acordo com o médico neurologista e um dos autores do trabalho, Artur F. Schumacher Schuh, o principal fator de risco para a doença de Parkinson é o envelhecimento populacional.
Os dados foram retirados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil).
O estudo analisou 9.881 pessoas com 50 anos ou mais em todas as regiões do Brasil. A maior parte dos diagnósticos aparece em estágios avançados da doença. Ou seja, a doença de Parkinson tem passado despercebida nos sinais iniciais.
“Os principais sintomas que começam com a doença de Parkinson é a lentidão dos movimentos, movimentos lentos, rigidez muscular e o clássico tremor, que as pessoas associam ao Parkinson, mas nem todo Parkinson treme”, explica o pesquisador.
E a culpa não é só da falta de informação da população.
“Por uma falta de especialistas, por uma falta de conhecimento sobre o assunto, a gente precisa se preparar para esse cenário onde a gente vai ter muito mais pessoas vivendo com as levitações que o Parkinson provoca”, aponta o médico.
Homens, AVCs e depressão
Os dados revelam ainda que os homens são mais afetados que as mulheres — um padrão observado também em outros países. E as pessoas com Parkinson costumam ter outras condições associadas, como depressão e acidente vascular cerebral (AVC).
“Depressão é um sintoma típico do paciente que tem Parkinson. A gente viu que eles estão associados com AVC. Isso pode ser também por um diagnóstico que pode se confundir de AVC e Parkinson, mas outros estudos epidemiológicos também mostraram essas associações”, comenta.
Além disso, o estudo aponta que pessoas com Parkinson têm mais comorbidades e consequentemente, relatam maior dependência funcional, maior uso de cadeiras de rodas, mais visitas médicas, e mais dificuldade para locomoção.
A Doença de Parkinson afeta a capacidade do cérebro de controlar os movimentos, levando a tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e alterações de marcha e equilíbrio
StockSnap para Pixabay
Regiões
Entre os achados da pesquisa, um dado curioso: a região Norte do país apresentou o menor número de casos autorrelatados, mas isso não significa que o Parkinson seja raro no local.
“A gente não acredita que é [raro] porque tenha menos Parkinson lá, mas a gente acredita que é porque tenha menos reconhecimento da doença”, alerta Schuh.
Viver com Parkinson
Apesar de não ter cura, a doença tem tratamento.
“Os pacientes melhoram bem. São pacientes que podem ter grandes limitações funcionais, mas a gente consegue tratar eles de uma maneira bastante boa, tanto com medicamento quanto com cirurgia”, comenta.
Mas para isso acontecer, o Brasil precisa agir, segundo o pesquisador. Com a população envelhecendo, o sistema de saúde precisa estar preparado para acolher, diagnosticar e tratar essas pessoas. Hoje, estamos atrasados.
O estudo é um apelo à política pública para desenvolver um plano nacional de enfrentamento ao Parkinson.
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