Nvidia diz que novas restrições dos EUA para venda de chips à China custarão US$ 5,5 bilhões

A Nvidia informou nesta terça-feira (15) que o governo dos EUA está restringindo a exportação de seu chip H20 para a China. A nova medida deve prejudicar uma linha de produtos que a empresa havia desenvolvido justamente para atender às restrições anteriores de vendas para clientes chineses.

O H20 é um chip capaz de ser usado para desenvolver e executar softwares e serviços de inteligência artificial, mas é um produto com alcance reduzido, projetado especificamente para não ser muito poderoso.

Mas agora também é visto como potencialmente arriscado demais exportar para a China, o principal rival dos EUA em inteligência artificial e o principal alvo da crescente guerra comercial do presidente Donald Trump.

Em um documento regulatório publicado nesta terça, a empresa diz ter sido notificada pelo governo na segunda que o H20 exigiria uma licença para exportação para a China “por tempo indeterminado”. O governo afirmou que as novas regras foram motivadas por preocupações de que “os produtos cobertos possam ser usados ou desviados para um supercomputador na China”.

Com a nova política, a Nvidia alertou que registrará gastos extras de cerca de US$ 5,5 bilhões durante o primeiro trimestre fiscal para lidar com custos de “estoque, compromissos de compra e reservas relacionadas” ligados à linha H20.

Segundo o site The Information, a Nvidia já recebeu US$ 16 bilhões em pedidos de empresas chinesas interessadas em comprar o produto.

As ações caíram cerca de 5% no pós-mercado após o anúncio.

A Bloomberg News relatou em janeiro que a administração Trump estava explorando a medida.

As novas restrições vêm após um relatório da National Public Radio, publicada na semana passada, indicando que Trump havia recuado na busca por controles do H20, em troca de investimentos da Nvidia em centros de dados de IA. A empresa acabou de anunciar que construirá infraestrutura de IA no valor de até US$ 500 bilhões nos EUA nos próximos quatro anos, um valor que inclui planos que já estavam em andamento.

A Nvidia argumentou que o aperto adicional nas restrições só reforçará a determinação da China de se tornar independente da tecnologia dos EUA e que essa repressão enfraquecerá as empresas americanas.

Cerco contra a exportação de chips

A batalha sobre os limites nas exportações de chips já dura anos. Funcionários dos EUA primeiro proibiram a Nvidia e outros fabricantes de chips de IA de vender seus modelos mais avançados para a China em outubro de 2022, devido a preocupações de que a tecnologia pudesse dar uma vantagem militar a Pequim. Desde então, os controles sobre a China se expandiram para incluir um conjunto cada vez maior de ferramentas de fabricação de semicondutores, além de uma gama mais ampla de processadores e chips de memória de alta largura de banda, essenciais para aplicações de IA.

Além de capturar um conjunto crescente de tecnologias, a administração Biden também expandiu o escopo geográfico das medidas de IA — primeiro para cerca de 40 países que os oficiais temiam estarem fornecendo uma via alternativa para empresas chinesas acessarem chips banidos e, depois, na última semana do presidente Joe Biden, para o mundo inteiro. Funcionários de Trump indicaram que desejam fortalecer e simplificar esse quadro global.

As regras mais recentes para a Nvidia são um sinal de que a administração Trump manterá o curso na abordagem do governo dos EUA ao desenvolvimento tecnológico chinês. Elas seguem sanções anteriores a dezenas de empresas chinesas que, segundo os funcionários de Trump, estão auxiliando os esforços militares tecnológicos de Pequim.

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