Bruno Henrique poderia ter tomado o cartão amarelo em quatro oportunidades durante jogo suspeito, diz PF


Na investigação sobre as apostas suspeitas, delegado apontou que o atacante poderia ter levado antes o cartão, o que aconteceu apenas no fim do jogo. Em conversas, os apostadores demonstraram apreensão pela demora na punição. Os atacantes Gabigol e Bruno Henrique reclamam com o juiz Rafael Klein; apenas Gabigol recebe o amarelo
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A investigação da Polícia Federal diz que em quatro momentos do jogo contra o Santos, pelo Brasileirão de 2023, o atacante Bruno Henrique, do Flamengo poderia ter tomado o cartão amarelo que era desejado por apostadores. A punição só aconteceu nos acréscimos do segundo tempo do jogo, após os 90 minutos. O juiz Rafael Klein deu 5 minutos de acréscimos na ocasião.
A Polícia Federal indiciou Bruno Henrique por supostamente ter forçado um cartão amarelo e beneficiado apostadores. Além do jogador, outras nove pessoas foram indiciadas. Três delas pertencem à sua família. Bruno Henrique não quis comentar o caso.
No jogo, o atacante e ídolo do Flamengo foi capitão do time após a expulsão do meio campo Gérson aos 41 minutos do primeiro tempo. A função permitiu, segundo a PF, maior interação entre o atleta e o juiz.
Bruno Henrique faz falta em jogador do Santos no segundo tempo do jogo em novembro de 2023
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Durante o jogo, Klein deu cinco cartões amarelos e três vermelhos. Após o cartão amarelo, BH recebeu o vermelho.
A seguir, os lances em que Bruno Henrique poderia ter recebido o cartão. Todos no segundo tempo do jogo:
5 minutos: Gabigol e Bruno Henrique discutem com o juiz após a marcação de uma falta contra o Flamengo. Ambos reclamam, mas apenas Gabigol é advertido com o cartão amarelo.
18 minutos: Bruno Henrique comete uma falta no campo de ataque do Flamengo.
22 minutos: Nova reclamação com o juiz após a marcação de uma falta.
35 minutos: Bruno Henrique derrubou um jogador do Santos no campo de ataque do Flamengo. Após a marcação da falta, BH chutou a bola para longe.
Os investigadores tiveram acesso a mensagens que, segundo eles, mostram que, à medida que o tempo passava, dois dos indiciados pela PF – o irmão do atacante, Wander Nunes Pinto Júnior e seu amigo, Claudinei Vítor Mosquete Bassan – discutiram sobre a demora da aplicação do cartão e reclamam do juiz Rafael Klein.
Bruno Henrique reclama após nova falta no jogo contra o Santos
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Bruno Henrique faz nova falta em jogo contra o Santos, em 2023
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No mesmo lance, Bruno Henrique chuta a bola para longe após a marcação da falta
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Até que nos acréscimos, no campo de defesa do Flamengo, Bruno Henrique marca falta no atacante venezuelano Soteldo, do Santos.
Na súmula do jogo, o relato do juiz: “Golpear um adversário de maneira temerária na disputa da bola”.
Em nota, o Flamengo, comentou o indiciamento: “O Flamengo não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública acerca dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre o atleta Bruno Henrique. O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito”.
Além de Bruno Henrique, a PF indiciou outros nove suspeitos de envolvimento em um esquema para manipular apostas esportivas.
Segundo as investigações, o atleta forçou uma falta para cartão em um jogo contra o Santos, válido pelo Brasileirão de 2023, para supostamente favorecer parentes no mercado de apostas. O rubro-negro acabou expulso no fim da partida.
Em novembro de 2024, a PF cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça do Distrito Federal, nas cidades do Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Vespasiano (MG), Lagoa Santa (MG) e Ribeirão das Neves (MG). Também são alvos o irmão de Bruno Henrique, a cunhada e 2 amigos.
Na época das buscas, Bruno Henrique também preferiu não comentar o caso.
O indiciamento significa que a PF encontrou elementos suficientes para considerar que os citados cometeram crimes. O caso passa agora à análise do Ministério Público – que, se concordar com essa avaliação, pode denunciar os investigados à Justiça.
Em paralelo à investigação da Polícia Federal, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) também investigou a conduta de Bruno Henrique. O caso foi arquivado em setembro de 2024.
O relatório do STJD é baseado em três pontos principais: ‘Lance normal’, ‘lucro ínfimo’ e ‘prática corriqueira’.
Dois dos indiciados pela Polícia Federal falam sobre a demora de Bruno Henrique tomar o cartão amarelo
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Nos acréscimos do jogo, Bruno Henrique toma o cartão amarelo após falta em Soteldo, do Santos
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