Cena de Satanás dialoga com atualidade na Paixão de Cristo de Piracicaba: ‘de um jeito que o público não costuma ver’, diz diretor


Espetáculo estreia nesta quarta-feira (16), no Engenho Central, e segue com apresentações até o Domingo de Páscoa (20). Ensaios da cena em que Cristo é tentado por Satanás no espetáculo da Paixão de Cristo de Piracicaba
Paixão de Cristo de Piracicaba/ Reprodução
A 35ª edição da Paixão de Cristo de Piracicaba (SP) estreia nesta quarta-feira (16), às 20h, no Grande Pátio do Parque Engenho Central. A narrativa milenar é bem conhecida do grande público. Mas, quem assistir ao espetáculo perceberá novidades na construção dos cenários, recursos técnicos e, especialmente, na escolha e condução das cenas. Uma delas é passagem bíblica descrita no livro do evangelista Lucas sobre os discípulos de Emaús.
O diretor do espetáculo, Raul Rozados, contou ao g1 que um outro ponto de destaque é a presença da tentação como personagem constante na narrativa. “Ela estará presente em diversos momentos da montagem, não vai ter uma cena só, vai se apresentando. O mal vai percorrendo a história, certo? Quem sabe não seja tão distante do que a gente vive hoje, não é?”, questiona-se.
Ainda conforme o diretor, a cena de Satanás será usada para fazer um diálogo mais estreito com a contemporaneidade. “Foi muito elaborada. A tentação vai se apresentar de uma maneira muito diferente do que a gente está acostumado a ver”, adianta.
Datas
As apresentações ocorrem entre os dias 16 e 20 de abril, sempre às 20h, e com uma sessão extra na Sexta-feira Santa (18 de abril), às 17h. Pelo segundo ano consecutivo, a direção é da dupla formada por Raul Rozados e Carla Sapuppo.
Charles Mariano é o interprete de Jesus Cristo pela segunda-vez.
Cena do caminho de Emaús durante 35ª Paixão de Cristo de Piracicaba
Engenho da Notícia/Paixão de Cristo de Piracicaba
Caminho de Emaús
A passagem bíblia do caminho de Emaús, uma aldeia a cerca de 11 quilômetros de Jerusalém, foi incorporada de forma inédita à montagem do espetáculo. No episódio, Jesus aparece a dois discípulos.
A história conta que dois discípulos seguiam para Emaús após a ressurreição e Jesus se junta eles no caminho, mas não o reconhecem.
“Só irão o reconhecer quando ele parte o pão”, conta Raul Rozados. Essa cena nunca foi abordada no espetáculo da Paixão de Cristo de Piracicaba. Quem conhece a história, já vai entender de cara do que se trata. Outras pessoas, não.
Jesus revê a própria história
Rozados explica que por meio da passagem de Emaús, Jesus, num certo aspecto, estará se vendo na sua própria trajetória.
“Ele vai caminhando com o destino a Emaús, com dois discípulos. Isso, depois da ressurreição. Ele vai dialogando com esses discípulos sobre os acontecidos nessa trajetória dele aqui na Terra”, descreve o diretor.
Rozados explica que a inserção da passagem de Emaús propiciou uma dinâmica diferente na dramaturgia do espetáculo. “Porque [com ele] eliminei deslocamentos. Vai ter uma dinâmica. Enquanto uma cena se movimenta de um lugar para o outro, tem uma passagem desse caminho para Emaús”, observa.
Cenas de Satanás fará diálogo com atualidade em espetáculo da 35ª Paixão de Cristo de Piracicaba: ‘de um jeito que o público não está acostumado’, diz diretor
Paixão de Cristo de Piracicaba/ Reprodução
“Não há um deslocamento de uma área para a outra do cenário, são pouquíssimos. Está tudo costurado por essas passagens de Emaús, que vão aparecendo desde o começo até o final do ciclo, com seu grande finale”, destalha.
35 anos de espetáculo
Nesta 35ª edição, integram o elenco 201 atores e atrizes, além de uma equipe com 162 pessoas nos bastidores. A arquibancada é capaz de receber até 2.300 pessoas por sessão.
Essa é uma data muito marcante. É só se perguntar que espetáculo dura 35 anos? É coisa muito rara. A montagem saiu do singelo gramado da Esalq e chegou aqui [no Engenho Central], em produção muito elaborada em 2025.
A realização Paixão de Cristo de Piracicaba é da Associação Cultural e Teatral Guarantã, Prefeitura Municipal de Piracicaba, através das Secretarias de Cultura e de Turismo) e Governo Federal, através do Ministério da Cultura.
Paixão de Cristo de Piracicaba
Fran Camargo/Arquivo pessoal
Com quem Jesus andaria hoje?
Com mais de três décadas de existência, o espetáculo da Paixão de Cristo de Piracicaba (SP) reconta a narrativa milenar do sofrimento, morte e ressurreição de Jesus. O esforço é aproximar cada vez mais essa dramaturgia do espectador e da realidade social atual, conforme explica o diretor Raul Rozados.
Segundo Rozados, a direção buscou abordar Jesus Cristo ‘engajado’ ao contexto histórico e social na edição de 2024.
“Questionamos também com quem Jesus estaria se vivesse entre nós nos dias de hoje, ao lado de quem ele andaria? O público irá entender e será muito marcante”, garante Rozados.

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Inovar é preciso
Raul Rozados está a frente do espetáculo pela quarta vez. Nas participações, deixa marca pela preocupação declarada em conectar o público com a história a partir da realidade mais contemporânea possível. O grande desafio é inovar, segundo o diretor.
34ª edição da Paixão de Cristo de Piracicaba é encenada entre os dias 27 e 31 de março de 2024 no Engenho Central de Piracicaba
Paulo Ricardo Santos
O espaço onde a montagem teatral é encenada tem cerca de 8,5 mil metros quadrados. Na arquibancada, há lugares para 2.300 pessoas.
Ingressos
As vendas antecipadas já estão disponíveis pelo site (clique aqui). Ingressos a partir de R$ 23.
Serviço
O que: 35ª edição da Paixão de Cristo de Piracicaba
Quando: de 16 a 20 de março, às 20h. Na Sexta-Feira Santa, dia 18 de abril, há também sessão extra às 17h.
Onde: Engenho Central de Piracicaba
Ensaios do Espetáculo Paixão de Cristo seguem no Engenho Central de Piracicaba
Marcelo Basso/Engenho da Notícia
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