Tribo desconhecida de caçadores-coletores fazia música com ossos humanos nos EUA

Uma análise do cientista Matthew Taylor, da Universidade de Augusta, descobriu que uma tribo ainda desconhecida de caçadores-coletores vivendo no sul da costa do Texas, nos Estados Unidos, fabricava instrumentos musicais a partir de ossos humanos. Isso foi descoberto a partir de um raspador feito de um úmero (osso do braço), semelhante a um instrumento asteca chamado omichicahuaztli.

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Os objetos estudados eram relíquias encontradas num sítio arqueológico do final do período pré-histórico da América do Norte (séc. XVI d.C.), totalizando 29 ossos modificados. Eles estavam numa coleção de museu e não haviam sido identificados como sendo de uma cultura desconhecida até então.

Intercâmbio cultural e canibalismo

Na região pré-histórica do sul do Texas, de onde os artefatos vieram, viviam povos caçadores-coletores paleoameríndios, que seguiram existindo até depois do contato com europeus e nunca adotaram a agricultura.


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O osso encontrado por Taylor contém entalhes que produzem sons quando raspados, além de padrões decorativos (Imagem: Taylor/International Journal of Osteoarchaeology)
O osso encontrado por Taylor contém entalhes que produzem sons quando raspados, além de padrões decorativos (Imagem: Taylor/International Journal of Osteoarchaeology)

Dos ossos em questão, 27 vieram de braços ou pernas, com os outros dois vindos de costelas. A técnica de entalhe era de sulcagem e quebra, onde a circunferência do osso é serrada até a cavidade medular, momento em que o objeto pode ser quebrado facilmente.

Um dos ossos foi modificado para ser um raspador musical, com 29 entalhes que produziam som quando esfregados com outra peça ao longo dos sulcos. No outro lado do artefato, padrões geométricos em zigue-zague serviam como decoração. Nenhum item parecido havia sido encontrado na região, mas relatos da região central do México descrevem objetos parecidos, como o omichicahuaztli asteca. Nesse caso, no entanto, a civilização produzia o instrumento a partir de ossos da coxa, e não do braço, como é o caso aqui.

Isso indica um intercâmbio tecnológico e cultural entre o Império Asteca e os povos indígenas do sul do Texas. Embora a manipulação dos ossos dos mortos não fosse tabu, como evidenciado pelos itens, isso não leva à crença de que praticavam canibalismo, de acordo com Taylor. Há pouco evidência, também, de culto aos ancestrais ou uso dos ossos como troféus de guerra.

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