5 curiosidades e mistérios sobre a Ilha de Páscoa e suas estátuas

Território especial do Chile e única província do país com um só município, a Ilha de Páscoa é famosa por seus icônicos moais, as estátuas polinésias construídas pelo povo rapanui. A milhares de quilômetros de qualquer outra cidade habitada no mundo, o local é um dos mais isolados do planeta.

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Chamada de Rapa Nui (“Grande Rapa”) ou Te Pito o te Henua (que significa “Umbigo do Mundo”) pelos nativos, a Ilha de Páscoa possui muitas curiosidades para além dos moai e de seu isolamento. Nesta matéria, selecionamos cinco delas para destrinchar, mostrando um pouco da história única do território chileno.

Uma das ilhas mais isoladas do mundo

Apesar de ser um território do Chile, a ilha fica bastante distante do continente sulamericano — e, na verdade, de qualquer outra terra habitada. A mais próxima delas é a Ilha Pitcairn, a 2.075 km, com apenas 50 habitantes. O ponto continental mais próximo, na região central chilena, fica a 3.512 km.


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A Ilha de Páscoa vista por satélite, em 2019 (Imagem: European Space Agency/CC-BY-3.0)
A Ilha de Páscoa vista por satélite, em 2019 (Imagem: European Space Agency/CC-BY-3.0)

O Aeroporto Internacional de Mataveri (ou Aeroporto da Ilha de Páscoa), é considerado o mais remoto do mundo, operando voos até a capital chilena, Santiago, a 3.759 km de distância. São cerca de 4h30min até a ilha.

A colonização polinésia

O povo considerado nativo da Ilha de Páscoa é o polinésio, cuja chegada é de difícil definição. A estimativa mais recente, feita com datação por radiocarbono, chegou à data de 1200 d.C. Considerados os polinésios mais ao sudeste do mundo, acredita-se que os colonizadores da região chegaram em canoas ou catamarãs saindo das Ilhas Gambier, em Mangareva, a 2.600 km, ou das Ilhas Marquesas, a 3.200 km.

O nome Rapa Nui foi cunhado após eventos de 1860, quando populações da ilha foram escravizadas — foi então que os nativos conheceram a polinésia francesa e notaram a semelhança da Ilha de Páscoa com Rapa, nas Ilhas de Bass.

Em 1999, foram reconstruídos barcos polinésios antigos e a viagem com instrumentos de época foi feita, saindo de Mangareva e indo até a Ilha de Páscoa, como forma de provar a possibilidade da jornada — o trajeto levou 17 dias e meio (Imagem: Phil Uhl/CC-BY-S.A-3.0)
Em 1999, foram reconstruídos barcos polinésios antigos e a viagem com instrumentos de época foi feita, saindo de Mangareva e indo até a Ilha de Páscoa, como forma de provar a possibilidade da jornada — o trajeto levou 17 dias e meio (Imagem: Phil Uhl/CC-BY-S.A-3.0)

Origem do nome e a Páscoa

Na língua nativa, Rapa passou a se chamar Rapa Iti, “pequena rapa”, e a Ilha de Páscoa, Rapa Nui, “grande Rapa”. O nome em português e no espanhol oficial (Isla de Pascua) vem do navegador holandês Jacob Roggeveen, que chegou à ilha em 5 de abril de 1722, um domingo de Páscoa, nomeando o local em homenagem à data. O Chile só anexou a ilha em 1888.

Um alfabeto misterioso

Um dos aspectos mais misteriosos de Rapa Nui é seu sistema de escrita, chamado rongorongo. Descoberto pelos europeus pelo missionário francês Eugène Eyraud em 1864, seu significado segue desconhecido — à época de Eyraud, alguns nativos diziam entender a escrita, mas a tradição dizia que só os governantes e sacerdotes poderiam lê-la. Nenhum deles, no entanto, sobreviveu à escravização e às epidemias que assolaram a população nativa.

Recriação do alfabeto de uma das tabuletas encontradas na Ilha de Páscoa, contendo o alfabeto rongorongo (Imagem: Ferrara et al./Scientific Reports/INSCRIBE 3D)
Recriação do alfabeto de uma das tabuletas encontradas na Ilha de Páscoa, contendo o alfabeto rongorongo (Imagem: Ferrara et al./Scientific Reports/INSCRIBE 3D)

Há apenas duas dezenas de exemplares de textos, parecidos com alguns petroglifos da ilha. Em 2014, um estudo descobriu que o rongorongo foi criado antes do contato com os europeus, com evidências da escrita pelo menos 200 antes de sua chegada.

Moai, as estátuas da Ilha de Páscoa

Aspecto mais famoso da ilha, os moai, grandes bustos de pedra, foram criados entre 1100 e 1680 d.C. Há evidências de que, após escavar as intrigantes construções na pedra, os nativos usaram cordas para fazer os moai balançarem, de pé, até seu destino final. Isso está de acordo com as tradições orais dos rapanui, onde é dito que as estátuas “andaram” até o local.

Há cerca de 50 moai de pé na Ilha de Páscoa atualmente, reerguidos em um esforço moderno de recriar sua aparência antiga (Imagem: Unsplash/Emerson Moretto)
Há cerca de 50 moai de pé na Ilha de Páscoa atualmente, reerguidos em um esforço moderno de recriar sua aparência antiga (Imagem: Unsplash/Emerson Moretto)

A maioria dos pesquisadores da cultura rapanui acredita que os moai foram criados para honrar ancestrais e líderes antigos, mas a falta de registros escritos e tradição oral limitada torna difícil ter certeza. Relatos dos séculos XVIII e XIX dizem que grupos rivais derrubavam e tentavam quebrar moai como forma de destruir a mana — energia — dos ancestrais inimigos, garantindo sua hegemonia na ilha.

Cerca de 50 moai foram reerguidos em tempos modernos, preservando sua antiga aparência.

A Cerimônia do Homem-Pássaro

Um dos aspectos culturais mais interessantes dos rapanui foi, segundo a tradição oral, o Culto do Homem-Pássaro. Após o crescimento populacional dos polinésios depois da colonização, o culto aos ancestrais mudou, com o conceito de mana dos líderes hereditários passando para o homem-pássaro em cerca de 1540.

A ilha de Moto Nui, onde era realizada a Cerimônia do Homem Pássaro — guerreiros rapanui nadavam até o local e voltavam escalando falésias (Imagem: kallerna/CC-BY-SA-4.0)
A ilha de Moto Nui, onde era realizada a Cerimônia do Homem Pássaro — guerreiros rapanui nadavam até o local e voltavam escalando falésias (Imagem: kallerna/CC-BY-SA-4.0)

O homem-pássaro seria o avatar pelo qual o poder ancestral seria canalizado, através do deus Makemake. A escolha do homem-pássaro era feita através de uma competição, onde guerreiros nadavam até a ilha de Moto Nui, a cerca de 1,6 km, para coletar o primeiro ovo de gaivina-de-dorso-preto da estação. Na volta, o competidor devia subir pelas falésias e apresentar o ovo para um grupo de juízes, que lhe concediam poder sobre a ilha durante um ano. O último evento do tipo ocorreu em 1888.

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