IPCA-15 de abril deve desacelerar, mas alimentos e construção mantêm inflação sob tensão

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 21 e 27 de abril, com projeções e comentário.

Prévia da inflação oficial deve mostrar desaceleração, mas tensões importantes persistem

Apesar da expectativa de desaceleração do IPCA-15 de abril, a taxa projetada ainda deve ser cerca de duas vezes maior do que a observada no mesmo mês de 2024. O resultado deve refletir a continuidade da alta nos preços dos alimentos, principal foco de pressão inflacionária. Dados de alta frequência da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indicam não apenas a resistência dessa alta, mas também aumentos relevantes em grupos como habitação e saúde. A prévia da inflação oficial será divulgada na próxima sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Custo da construção se aproxima da máxima em 12 meses e acende alerta inflacionário

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) está prestes a renovar a máxima em 12 meses desde abril de 2023, reforçando os alertas sobre pressões inflacionárias derivadas de um mercado de trabalho aquecido no setor da construção civil. Uma variação mensal de apenas 0,42% em abril já seria suficiente para levar o acumulado em 12 meses ao maior nível desde o período pós-pandemia, quando os preços ainda recuavam de patamares excepcionalmente elevados. Ainda que os efeitos do atual ciclo de crescimento econômico sobre a inflação não estejam plenamente definidos, a trajetória do INCC-M sugere um claro esgotamento da oferta de mão de obra no setor, com impactos diretos sobre os custos. Desconsiderando os choques da Covid-19, a variação anualizada do índice alcançaria o maior patamar desde novembro de 2015 — sendo a elevação dos salários o principal vetor dessa aceleração. O comportamento do indicador reforça a necessidade de atenção redobrada com a difusão das pressões de custo para outros segmentos da economia, especialmente em um contexto em que o ciclo de elevação da taxa básica de juros se aproxima do fim. O índice será divulgado também na próxima sexta pela FGV. 

Dados do mercado de trabalho dos EUA podem ampliar a tensão entre Trump e presidente do Federal Reserve

 Embora existam múltiplos sinais de desaceleração da atividade econômica nos Estados Unidos, os números do mercado de trabalho continuam surpreendendo positivamente. O volume semanal de novos pedidos de seguro-desemprego ficou em 215 mil na última leitura, o que representa o menor nível desde meados de fevereiro e a 7ª semana consecutiva em que os dados vieram abaixo das expectativas do mercado financeiro, o que, por sua vez, indica que o mercado de trabalho estadunidense permanece relativamente sólido. A leitura de que ainda existem riscos inflacionários oriundos do sobreaquecimento do mercado de trabalho, além da expectativa de que o aumento das tensões comerciais pode trazer alguma perturbação inflacionária no médio e longo prazo, sustentam a hipótese de que o Federal Reserve (Fed) permanecerá relativamente conservador ao longo de todo o ano de 2025, com o próximo corte de juros previsto apenas para junho deste ano. Os números serão divulgados na próxima sexta-feira.

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