Selic estacionada e inflação persistente travam cortes de juros

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O Boletim Focus desta semana manteve inalterada a projeção para a taxa Selic em 15% ao ano para 2025. Esta é a quarta semana consecutiva em que a expectativa para os juros se mantém no mesmo patamar, sinalizando que o mercado já não aposta em cortes no curto prazo. A avaliação acompanha o cenário de pressões da inflação e incertezas fiscais, que dificultam a flexibilização da política monetária.

PIB sobe para 2% com sinal de recuperação moderada

A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 subiu de 1,98% para 2,00%, indicando uma leve melhora nas expectativas de crescimento econômico. Para 2026, a estimativa também avançou, de 1,61% para 1,70%, refletindo uma visão mais otimista para os próximos anos, apesar das restrições fiscais e do ambiente externo ainda volátil.

Inflação dá sinais de persistência no longo prazo

A estimativa para o IPCA de 2025 subiu de 3,79% para 3,80%, enquanto a inflação acumulada em 12 meses suavizados foi revisada de 5,01% para 4,95%. No curto prazo, as previsões de inflação mensal também foram ajustadas: em abril, a expectativa caiu de 0,47% para 0,44%, e em maio foi mantida em 0,37%. Apesar da estabilidade recente, os analistas seguem atentos aos efeitos de tarifas de energia e combustíveis no índice.

Câmbio segue em R$ 5,90, mas curto prazo aponta para alta

A expectativa para o dólar em 2025 foi mantida em R$ 5,90, mas as projeções mensais indicam um movimento de alta. Para maio e junho, o câmbio foi ajustado para R$ 5,83 e R$ 5,85, respectivamente, refletindo a volatilidade externa e o impacto das incertezas fiscais domésticas.

Dívida pública e déficit fiscal ainda preocupam

O Focus também mostra um cenário fiscal pressionado. A dívida líquida do setor público subiu para 65,87% do PIB em 2025 e deve chegar a 75,96% do PIB até 2028, segundo o consenso do mercado. O resultado primário — que exclui o pagamento de juros — permanece negativo em -0,60%, enquanto o resultado nominal continua em -9,00% do PIB, apontando para um quadro de persistente desequilíbrio nas contas públicas.

Cenário ainda depende de variáveis externas

Para o economista Maykon Douglas, o relatório do Focus desta semana reflete dois movimentos distintos. No campo da inflação, ele aponta que a revisão nas projeções está relacionada ao canal das commodities e ao câmbio, com destaque para a expectativa de queda nos preços dos combustíveis e de menor demanda global.

A queda nas projeções do IPCA é puxada pela inflação de bens administrados”, avalia. No entanto, ele alerta para o risco de um cenário mais volátil caso a modulação das tarifas impostas por Trump não ocorra como esperado. “Se os EUA caminharem para uma recessão e não para uma estagflação, haverá um movimento de fuga ao risco que pode reverter essa precificação”, afirma.

Sobre o crescimento, Douglas atribui a revisão positiva principalmente ao impacto do novo crédito consignado privado e à precificação de um possível fim do aperto monetário. “Minha projeção atual para o PIB deste ano é de 2,2%, ainda acima do consenso”, reforça.

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