‘Fomos enganados’: fornecedores acusam Forever 21 de má-fé

A varejista de moda Forever 21 voltou a enfrentar críticas severas de seus fornecedores após um novo pedido de falência nos Estados Unidos. De acordo com relatos, a empresa teria negociado descontos e recebido mercadorias de fornecedores internacionais dois dias antes de entrar com o pedido de recuperação judicial, sem avisar que se preparava para reorganizar suas finanças.

Um dos casos mais emblemáticos é o da Leukon Inc., fornecedora sul-coreana de roupas esportivas comandada por Kyuseung Ahn.

Ahn concordou com um desconto de até 50% em um envio solicitado pela Forever 21 e enviou os produtos normalmente. Dois dias depois, a varejista entrou com pedido de falência. “Fomos leais até o fim. Mas eles nos enganaram”, declarou Ahn, que já apresentou uma cobrança judicial de cerca de US$ 10,2 milhões.

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Dívida com varejistas

Segundo documentos judiciais, credores sem garantias somam US$ 433 milhões contra a varejista e alegam que, pelas leis de falência americanas, deveriam ter direito a pagamento integral pelos produtos entregues próximos à data do pedido de proteção judicial.

Essa não é a primeira vez que a Forever 21 deixa fornecedores no prejuízo. Após a primeira falência, muitos perderam milhões em pagamentos não efetuados. Agora, a situação é ainda mais crítica, agravada por tarifas comerciais impostas pelo governo Trump, que pressionam os custos dos fornecedores estrangeiros.

Especialistas afirmam que alguns varejistas recorrem à prática de receber estoques até o último momento antes da falência para impulsionar as vendas de liquidação, o que favorece os credores com garantias, geralmente bancos. Poré, essa estratégia prejudica os fornecedores, que ficam no fim da fila.

Prejuízo

No caso da Forever 21, documentos apontam que os credores com garantias recuperarão apenas 3% do valor devido. “É o truque mais antigo do manual”, disse o advogado especializado Christopher Simon. “Eles engordam o estoque, que serve de garantia para os bancos, e depois a falência liquida tudo em benefício desses credores.”

Enquanto isso, fornecedores relatam ter perdido a confiança até nos grandes grupos financeiros que apoiaram a Forever 21 após a primeira falência.

A empresa, que havia sido resgatada por um consórcio liderado pela Authentic Brands, Simon Property Group e Shein, viu sua dívida saltar de US$ 230 milhões para US$ 1,6 bilhão antes do novo pedido de recuperação judicial.

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Credibilidade

Em janeiro, fornecedores receberam um e-mail da diretora de suprimentos da Sparc (empresa que controla a Forever 21), anunciando que a JCPenney estava adquirindo a Sparc para criar a Catalyst Brands. Segundo o comunicado, os negócios continuariam normalmente.

No entanto, o comitê de credores sem garantia está investigando essa fusão e alega que o acordo pode ter sido usado para transferir dívidas da JCPenney para a Forever 21.

A Forever 21 declarou, em documentos recentes, que não tem base para ações legais contra seus investidores, como a Authentic Brands e a Simon Property. Representantes das empresas envolvidas não comentaram o caso.

Para Ahn, o sentimento é de frustração. “Acreditávamos no futuro da Forever 21 quando foi comprada pela Sparc. Confiávamos na reputação da Simon e da Authentic. Ainda não consigo acreditar que uma empresa americana desse porte jogou fora sua credibilidade da noite para o dia.”

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